Os líderes dos estados apontam investimentos em infraestrutura e um caminho para um seguro rural robusto que proteja os agricultores dos impactos climáticos.
Os desafios logísticos de escoamento das safras e investimentos no seguro rural foram temas de debate entre os governadores de Goiás, Piauí e Mato Grosso do Sul durante o Agro Fórum, promovido pelo BTG Pactual, nesta segunda-feira, 04, em São Paulo.
Para o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é preciso um sistema de seguro rural mais robusto, semelhante aos modelos europeus e americanos. Especialmente diante das incertezas climáticas e os desafios do agronegócio.
“O europeu, quando perde a lavoura recebe no final do mês o dinheiro dele, como um servidor do governo. Nos Estados Unidos, o produtor tem seguro total também, não tem prejuízo algum. Sobre o brasileiro, o risco de mudanças climáticas recai sobre o produtor”, frisou Caiado.
Já o governador do Piauí, Rafael Fonteles, chamou a atenção para o Seguro Safra, iniciativa que reúne governo federal, estados e municípios para apoiar o agricultor familiar em caso de perda de produção. Além disso, na temática de prevenção de riscos, ele ressaltou a necessidade de um sistema que possibilite uma resposta rápida.
“Ainda mais depois do que a gente viu acontecer no Rio Grande do Sul e estamos vendo acontecer na Amazônia, se tornou prioridade absoluta, não apenas dos governos estaduais, como também do governo federal”, pontuou.
O uso da tecnologia como ferramenta essencial para enfrentar os desafios climáticos foi lembrado pelo governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, que participou do debate de forma virtual, devido a problema em seu voo para São Paulo. Como exemplo, ele citou o modelo de plantio direto, adotado amplamente no Brasil nas últimas décadas, que tem potencializado a produção de duas a três safras por ano. “Parece uma coisa simples, mas absorve milhões de toneladas de carbono ano após ano. É a base da nossa agricultura”, afirmou Riedel.
Infraestrutura e logística
O governador de Goiás destacou a importância das melhorias na infraestrutura para o desenvolvimento do setor agrícola no estado e a conquista da Ferrovia Norte-Sul após 40 anos. “Nós, na região central do país, temos agora a oportunidade de ter os dois montes: estar no Maranhão e em São Paulo. E, agora, a ferrovia está sendo o final da integração Leste-Oeste, que sai do médio norte de Goiânia e vai chegar em Água Boa no ano que vem”, comentou Ronaldo Caiado.
Segundo o governador goiano, apesar das melhorias no asfalto, a degradação das estradas é acelerada devido ao aumento no volume e peso dos caminhões. Por isso, ele disse que o estado começou a usar um piso de concreto, que oferece maior durabilidade, porém é mais caro. “Entre um asfalto de 2 bilhões e meio por quilômetro, você vai para 5 milhões”, afirmou durante o painel.
Piauí destaca PPPs
Considerado o estado com a melhor malha rodoviária do Norte e Nordeste, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Piauí tem investido em parcerias público-privadas (PPPs) para garantir a qualidade das rodovias e impulsionar a infraestrutura. “Nosso grande sonho é conectar o sul do Piauí ao porto de Luís Correia, que estava há mais de 50 anos semi-construído”, afirmou o governador Rafael Fonteles.
Fonteles adiantou que o governo estadual pretende lançar, no próximo ano, um edital para a PPP dessa conexão. “Estamos definindo a modelagem, mas já temos várias aprovações internas junto ao governo federal, e a ideia é que seja uma PPP estadual”, explicou. Com a delegação do porto e, em breve, da hidrovia ao governo do estado, o Piauí fará uma concorrência internacional para o projeto. A expectativa é trazer ganho de competitividade no custo de frete, com uma redução potencial de até 25%.
Rota bioceânica no Mato Grosso do Sul
Em relação à infraestrutura de Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel mencionou o leilão marcado para 6 de dezembro deste ano na Bolsa de Valores Brasileira (B3), com um investimento previsto de R$ 5,7 bilhões em CAPEX para concessão de 870 quilômetros de rodovias. O pacote inclui duas rodovias federais delegadas ao estado e três estaduais, somando um complexo estratégico de transporte.
Outro destaque é a rota bioceânica, que inclui uma nova ponte e acessos conectando o Brasil ao Paraguai, Chile e Argentina e deve ficar pronta em 2026. “Nós vamos ter uma nova rota de escoamento para produtos agregados e para importação”, garantiu. “A vida do Mato Grosso do Sul, da capital Campo Grande para a oeste fica extremamente competitiva, porque são 14 dias a menos de navio saindo dos portos do norte do Chile e que são muito competitivos, sem passar no canal do Panamá”, ressaltou Eduardo Riedel.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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