O CEO da Boa Safra não vê problema em “sementes salvas” e acredita que produtor tem optado mais por qualidade.
A produção de sementes de soja é um mercado que vem crescendo nos últimos anos e chega a movimentar R$ 3 bilhões. O estado de Goiás se destaca nesse mercado como o maior produtor de cultivares de soja destinadas a sementes.
De acordo com um levantamento feito pelo consultor e doutor em sementes, Ricardo Bagateli, somente na safra 2023/2024, o estado plantou 264 diferentes variedades de soja. O pesquisador também destaca o papel do Cerrado nesse mercado, já que além de Goiás, outros estados, como Mato Grosso e Minas Gerais, também são grandes produtores de cultivares para multiplicação.
“O Cerrado é o grande modelo da capacidade nossa de pessoas de aplicar tecnologia e transformar o que era o Cerrado em um ambiente altamente produtivo que é hoje. Nós dominamos essa tecnologia preservando o meio ambiente. […] E um dos elos mais importantes da cadeia produtiva é o melhoramento genético. Por isso, [é importante] políticas que reconhecem o esforço da indústria de sementes desenvolvendo variedades adaptadas a todo esse nosso ambiente, que é bastante complexo, da agricultura tropical”, afirmou Bagateli aos jornalistas.
O estudo foi apresentado durante uma palestra no Dia de Qualidade promovido pela Boa Safra na unidade de beneficiamento de sementes da empresa, em Cabeceiras (GO). O evento aconteceu nesta terça, 16, e contou com mais de 500 pessoas, sendo a maioria produtores de soja e multiplicadores, além de representantes de revendas e distribuidoras.
Durante o encontro, foi apresentado o processo de seleção das sementes que são vendidas pelo Brasil. A Boa Safra é a maior sementeira do país com uma capacidade de beneficiamento de 595 toneladas por hora. O CEO da empresa, Marino Colpo, destacou o interesse dos produtores em saber mais sobre a origem da soja plantada no país.
“O grande objetivo era primeiro falar da qualidade da semente. A semente de fato é um ser vivo e tem todo um trabalho nisso. O segundo objetivo era mostrar mais do nosso processo. […] E o resultado alcançado ficou acima das nossas expectativas, com mais de 500 pessoas, sendo que a ideia era que fosse umas 300, e mostra o grande interesse dos clientes e produtores em saber sobre qualidade de semente”, acrescentou Colpo ao Agro Estadão.
Produtor de soja, Silvio Costa Beber, que toca uma fazenda de 1.200 hectares em Jaborandi (BA), avaliou a necessidade desse aprofundamento. “Quando a gente faz parte do sistema produtivo, gerando sementes, a gente precisa ver o que a gente está errando e onde podemos melhorar para o objetivo, que talvez nunca chegue, que é a perfeição, mas saber que estamos no caminho para buscá-la”, disse à reportagem.
Boa Safra não vê risco de perda de mercado com as chamadas “sementes salvas”
Na opinião do CEO, as sementes salvas – que são parte do grão guardado de uma safra para ser plantado na outra – não preocupam o mercado sementeiro de soja. “Eu não vejo [risco]. Porque se você olhar lá atrás, 40 anos atrás, quase 100% das sementes eram produzidas pelo próprio agricultor. Se pegar há 20 anos atrás era quase 50%. Hoje é mais ou menos 15% a 16% dos produtores optando por fazer a própria semente e esse número tem caído todos os anos”, afirmou Colpo.
O encarregado da Boa Safra “não vê problema” nessa atividade que é feita por alguns produtores. “A nossa visão é que cada vez mais a conta para o produtor fica mais favorável pra ele comprar uma semente com uma alta capacidade e qualidade. […] No fim do dia, tem que entregar duas coisas, senão ele não compra: ou vai entregar produtividade ou vai entregar economia”, pontuou.
A prática de salvar sementes é regulamentada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) por meio de portaria publicada em 2022. Entre as regras está a obrigatoriedade de comunicar, em até 90 dias após a colheita, o peso final das sementes reservadas para a próxima safra. Além disso, também é obrigatório a entrega da Declaração de Uso Próprio.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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