Com a avaliação genômica, o criador passará a utilizar uma quantidade maior de animais geneticamente superiores em um espaço menor de tempo.
Incorporar a seleção genômica nas avaliações do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) e promover ações para elevar o número de animais do Controle Leiteiro e do Teste de Progênie são as principais metas da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (Girolando, como é mais conhecida), para este ano. O anúncio foi feito pelo pecuarista Luiz Carlos Rodrigues, novo presidente da instituição, que assumiu o cargo para o triênio 2017/19.
“O uso da genômica é um marco no melhoramento genético, pois irá acelerar o processo de seleção, já que os animais poderão ser testados ainda na fase embrionária. Conhecendo esse potencial, as decisões dentro do rebanho poderão ser antecipadas”, explica.
Rodrigues acredita que essa será a principal ferramenta de seleção dos rebanhos leiteiros no futuro, com o uso intensificado nas fêmeas, não só nas doadoras de genética, mas também nas produtoras de leite, em que o impacto será maior. “O grande ganho é a aceleração da seleção dos animais”, resume.
Ele destaca que, com a avaliação genômica, o criador passará a utilizar uma quantidade maior de animais geneticamente superiores em um espaço menor de tempo. “Isso significa redução de custos e aumento na produção a médio e longo prazo.”
A raça Girolando responde por 80% do leite produzido no Brasil e está presente em todas as regiões, em especial nas áreas de grande produção leiteira, como Minas Gerais, Goiás e São Paulo, mas também há um grande número de novos criadores no Norte. “Rondônia e o Amazonas, por exemplo, têm ampliado muito o rebanho de Girolando”, diz.
20 ANOS DO TESTE DE PROGÊNIE
Em 2017, a associação está comemorando duas décadas do Teste de Progênie, prova zootécnica para avaliar a qualidade dos touros que têm o sêmen distribuído sem qualquer custo para os produtores.
Seu principal objetivo é identificar animais superiores, que transmitirão boas características aos seus descendentes, promovendo o melhoramento genético do rebanho.
“A melhor forma de conhecer o valor genético de um reprodutor para a produção de leite é o teste de progênie, por meio da avaliação da produção de suas filhas, e o controle leiteiro é a principal ferramenta do teste”, afirma.
Rodrigues informa que, atualmente, a Girolando tem quase 4.000 associados e apenas 10% participam do controle leiteiro oficial, um índice que ele considera muito baixo.
O Teste de Progênie avalia as filhas dos touros que são responsáveis por mais da metade do melhoramento genético do rebanho. Para sua realização, é necessário que alguns criadores tenham interesse em testar seus touros e que outros (criadores) queiram inseminar as matrizes de seu rebanho com sêmen dos touros inscritos no teste. Estes rebanhos são conhecidos como rebanhos colaboradores.
Para aumentar o número de touros testados, Rodrigues diz que é necessário ter mais rebanhos colaboradores, que recebem gratuitamente as doses de sêmen desses animais, e ajudá-los a melhorar os resultados com o uso dessa genética.
DEMANDA EXTERNA
O novo presidente da associação informa que há uma procura muito forte pela raça Girolando em vários países, especialmente da América do Sul e Central. Ele acredita que a demanda deve ser ainda maior nos próximos anos, em decorrência da introdução da seleção genômica no PMGG.
“O mercado internacional está bastante aquecido e enxergamos muito espaço para o crescimento e o desenvolvimento do Girolando como principal raça produtora de leite dos países tropicais. Já firmamos termos de cooperação técnica com vários países latino-americanos e agora queremos expandir esses acordos”, relata.
Para isso, ele conta que serão realizadas visitas os países que estão interessados na raça. “A associação vai preparar um plano piloto consolidado e sustentável para que os acordos possam realmente abrir novos mercados para o criador de Girolando.”
Além dos termos de cooperação técnica assinados com alguns países, e já em execução, a associação está estruturando a criação do Brazilian Girolando, “que será uma grande oportunidade de mostramos nosso trabalho de formação e consolidação do Girolando como raça leiteira, aliados a importantes parceiros, nos principais eventos da América Central e do Sul”.
As exportações de sêmen da raça estão crescendo a cada ano, e o Girolando é uma das raças leiteiras nacionais que mais produzem. Segundo o relatório de produção de sêmen bovino no Brasil, divulgado no ano passado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), das 1.209.436 doses produzidas em 2015, 54% foram de Girolando, totalizando 641.360.
A RAÇA
O Girolando foi formado a partir do cruzamento entre o Gir e o Holandês. “Podemos considerar que as raças mães (Gir e Holandês) contribuíram muito para o sucesso e a formação do Girolando. O gado Gir, com sua capacidade de adaptação e rusticidade, e, o gado Holandês, com os seus anos de seleção voltados para a produção de leite”, destaca Rodrigues.
Dentre as diversas características de funcionalidade do Girolando, Rodrigues destaca a produtividade, a rusticidade, a precocidade, a longevidade e a fertilidade, além da capacidade de adaptação a diferentes tipos de manejo e clima.
“As fêmeas Girolando são boas produtoras de leite, possuem características fisiológicas e morfológicas perfeitas para a produção nos trópicos, como capacidade e suporte de úbere, tamanho de tetas, fatores intrínsecos à lactação, pigmentação, capacidade termorreguladora, aprumos e pés fortes, alta conversão alimentar e eficiência reprodutiva, resultando em um desempenho satisfatório economicamente”, detalha.
Já os machos, por sua adaptabilidade e capacidade de aproveitamento de pastagens grosseiras, resistência a doenças e parasitas, velocidade de ganho de peso e etc., conseguem desempenho comparável com qualquer cruzamento industrial específico para carne, quando colocados em situações idênticas de criação, segundo Rodrigues.
Uma significativa parte dos machos Girolando é destinada à reprodução, devido ao alto índice de seleção dos rebanhos e ao valor genético destes animais, fruto do trabalho realizado pelo PMGG.
Conforme Rodrigues, por ter vários graus de sangue, a raça permite que o criador adote a composição racial que melhor se adapta ao clima e ao projeto de produção.
Por equipe SNA/SP