O direcionamento dos acasalamentos busca a formação de um grupamento étnico capaz de produzir leite de modo sustentável nas regiões tropicais e subtropicais
A Girolando é uma raça de aptidão leiteira genuinamente brasileira, de um gado produtivo e padronizado, adaptado à região tropical e subtropical. A Associação Brasileira de Criadores de Girolando (Girolando) é a entidade oficial encarregada do registro genealógico da nova raça, tendo como finalidade incrementar a criação da raça.
A criação da raça Girolando foi oficializada por meio da Portaria 79, em 7 de fevereiro de 1996, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com o objetivo de estabelecer uma raça leiteira tropical. Antes de oficializar a raça, em 1989, foram definidas, pelo MAPA, as normas para formação da raça Girolando.
O direcionamento dos acasalamentos buscou a formação de um grupamento étnico capaz de produzir leite de modo sustentável nas regiões tropicais e subtropicais. O objetivo foi a fixação do padrão racial na composição racial 5/8 Holandês + 3/8 Gir. São considerados como Puro Sintético (PS), ou seja, a raça propriamente dita, os animais advindos do acasalamento entre indivíduos 5/8.
É possível fazer diferentes cruzamentos para a obtenção da raça Girolando. A partir do híbrido F1 HZ, pode-se obter o Girolando (5/8 HZ), como indicado na Tabela 1 e na Fig. 1, fixando o grau de sangue da nova raça.
Tabela 1: Cruzamentos para formação da raça Girolando
Em relação aos acasalamentos para formação do Girolando:
- Lê-se sempre a fração ou a porcentagem de sangue holandês primeiro.
- No cruzamento, a composição racial do pai sempre vem primeiro que a da mãe.
- Somente serão controlados/registrados os machos com composição racial 5/8, 3/4 ou PS, com genealogia conhecida (GC).
- Para efeito de registro/controle de machos, estes devem ser filhos de matrizes com Genealogia Conhecida (GC), observadas as demais regras de inscrição no Serviço de Controle Leiteiro (SCL) e de produção mínima, conforme consta no regulamento do SRGRG.
- As fêmeas com composição racial entre 9/16 e 11/16 serão inscritas como 5/8.
- PS = Puro Sintético.
- (X) Cruzamentos em que a genealogia não é oficializada pela GIROLANDO.
- GD = Genealogia Desconhecida, popularmente conhecido como “LA – Livro Aberto”
Figura 1: Esquema de cruzamento para a formação da raça Girolando
Na figura, é ilustrada a estratégia de cruzamento mais comum utilizada para obtenção do gado Girolando (5/8 HG). Touros da raça Holandês, puros de origem, de preferência provados e selecionados para produção de leite, são acasalados com vacas Gir Leiteiro, obtendo-se o F1 HG.
As fêmeas F1 HG são acasaladas com touro Gir Leiteiro, também provado, obtendo-se o 1/4 H + 3/4 G. As fêmeas 1/4 H + 3/4 G são então acasaladas com touro Holandês PO, obtendo-se animais 5/8 H + 3/8 G, que, acasalados entre si, formam o bimestiço, que se pretende fixar como raça pura, adaptada aos trópicos.
Outra opção para obter animais da raça Girolando é acasalar touro Holandês PO com vacas Gir Leiteiro, obtendo-se o F1 HG. As fêmeas F1 HG são acasaladas com touro Holandês PO, obtendo-se as 3/4 H + 1/4 Gir. As fêmeas 3/4 H + 1/4 G são então acasaladas com touros 1/2 HG (F1 HG), ou o inverso, fêmeas 1/2 HZ acasaladas com touro 3/4 HZ, obtendo-se o 5/8 H + 3/8 G. O problema nesse esquema é que existem poucos touros meio-sangue e 3/4 HZ provados e selecionados para produção de leite. Nesse caso, outra opção é escolher o touro pelo pedigree e pela produção de leite da mãe.
Figura 2: Esquema de cruzamento para a formação da raça Girolando
A Associação Brasileira de Criadores de Girolando aceita o uso de touros 5/8 H + 3/8 G (monta natural ou inseminação artificial) para acasalar com vacas 3/4 H + 1/4 G, visando formar um grupamento de animais próximo ao grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G (4,5 H + 3,5/8 G), conforme apresentado na Figura 2.
A Associação Brasileira de Criadores de Girolando fornece ainda mais 2 opções de cruzamento:
Figura 3: Opção de cruzamento para formação da raça Girolando.
Figura 4: Opção de cruzamento para formação da raça Girolando.
Após atingir o grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G, o rebanho deve ser estabilizado, utilizando-se touros 5/8 H + 3/8 G. Assim, mantém-se o bimestiço Girolando. Esse é o exemplo clássico de estabilização de raças bimestiças em todo o mundo.
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O tempo requerido para estabilizar a raça Girolando em 5/8 H + 3/8 G é considerável, no mínimo, de 10 a 15 anos. Para acelerar o processo, o produtor poderá adquirir fêmeas 3/4 H + 1/4 G e cruzá-las com touro 1/2 HG, ou então usar fêmeas 1/2 HG acasaladas com touro 3/4 HG. Fêmeas 1/4 H + 3/4 G tem pouca disponibilidade no mercado, mas quando acasaladas com touro Holandês PO vai dar o 5/8 H + 3/8 G, como mostrado na Figura 1.
Via MilkPoint