Girolando: a revolução brasileira para a pecuária de leite tropical

O Girolando é uma raça revolucionária na pecuária leiteira brasileira, resultante do cruzamento entre as raças Holandesa e Gir. Adaptável ao clima tropical, esse bovino combina alta produtividade e rusticidade, sendo fundamental para o crescimento da produção de leite no país, além de se destacar na exportação de genética para outros países tropicais; confira

A pecuária leiteira do Brasil enfrenta desafios difíceis devido às condições climáticas e às exigências de produtividade e adaptabilidade. Dentro deste contexto, a raça Girolando emerge como uma solução inovadora e eficaz, desenvolvida no Brasil para atender às necessidades específicas do ambiente tropical. Resultado do cruzamento entre as raças Holandesa e Gir, o Girolando combina a alta produção de leite com a rusticidade e longevidade, características essenciais para a sobrevivência e eficiência em climas adversos.

Neste artigo, exploraremos mais da origem e formação da raça Girolando, destacando seu desenvolvimento histórico e o papel crucial que desempenha na pecuária brasileira. Analisaremos as vantagens do vigor híbrido, o impacto do programa de melhoramento genético e a importância econômica da raça, tanto no mercado interno quanto na exportação de sua genética para outros países tropicais.

Uma genética altamente planejada

Pesquisa usa genômica para enfrentar efeitos climáticos em gado leiteiro
Foto: Divulgação Girolando

A origem da raça Girolando remonta à década de 1940, quando pecuaristas brasileiros começaram a buscar soluções para melhorar a produção leiteira em um clima tropical. A ideia era cruzar a raça Holandesa, conhecida por sua alta produtividade de leite, com a raça Gir, reconhecida por sua rusticidade e longevidade. Este cruzamento visava unir as melhores características de ambas as raças, criando animais adaptados às condições adversas do clima tropical brasileiro, ao mesmo tempo em que mantinham uma alta produção de leite.

Nas décadas seguintes, o cruzamento entre Holandês e Gir foi intensificado, resultando em uma ampla variedade de composições raciais, como 1/4, 1/2, 3/4 e 7/8. A partir dessa diversidade, buscou-se estabelecer um padrão ideal, que acabou sendo definido como 5/8 Holandês e 3/8 Gir. Esse padrão mostrou-se altamente eficaz, combinando a produtividade do Holandês com a resistência e adaptabilidade do Gir. Em 1989, o Ministério da Agricultura, junto com associações de criadores, oficializou as normas para a formação da raça Girolando, reconhecendo sua importância para a pecuária nacional.

A criação da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando em 1978 e a implementação do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) em 2007 foram passos cruciais para a consolidação e avanço da raça. Essas iniciativas, combinadas com parcerias estratégicas, como a colaboração com a Embrapa Gado de Leite, garantiram o contínuo desenvolvimento e aprimoramento genético do Girolando. Hoje, a raça não só desempenha um papel vital na produção de leite no Brasil, mas também é valorizada internacionalmente, com sua genética sendo exportada para vários países de clima tropical (veremos mais sobre o assunto à seguir).

Principais características desses bovinos

Foto: Divulgação

A seguir, destacamos as principais características do Girolando:

Alta produtividade leiteira: Uma das características mais marcantes desse gado é sua alta capacidade de produção de leite. Herdada da raça Holandesa, essa característica permite que o Girolando produza grandes volumes de leite, com excelente qualidade. Isso o torna uma opção viável e lucrativa para pecuaristas que buscam maximizar a produção leiteira em condições tropicais.

Rusticidade e longevidade: A rusticidade e longevidade são herdadas da raça Gir. Esses atributos permitem que o animal se adapte bem às condições adversas do clima tropical, além de resistência a parasitas e doenças comuns em ambientes tropicais. A longevidade da raça contribui para uma vida produtiva mais longa, reduzindo os custos de reposição e aumentando a sustentabilidade da produção.

Adaptabilidade ao clima tropical: A adaptabilidade do Girolando ao clima tropical é uma de suas maiores vantagens. A raça é capaz de prosperar em regiões com altas temperaturas e umidade, onde outras raças leiteiras podem enfrentar dificuldades. Essa adaptabilidade se traduz em menores custos operacionais, já que os animais requerem menos cuidados especiais e são mais resistentes às condições ambientais desafiadoras.

Vigor híbrido: A raça se beneficia do vigor híbrido, que resulta na combinação das melhores características de suas raças parentais, o que proporciona maior resistência a doenças, melhor eficiência reprodutiva e maior taxa de crescimento. Essas vantagens contribuem para uma maior eficiência produtiva e reprodutiva, tornando o Girolando uma raça altamente competitiva no mercado leiteiro.

Versatilidade genética: A linhagem apresenta uma versatilidade genética significativa, permitindo diferentes composições raciais (1/4, 1/2, 3/4, 7/8) para atender às necessidades específicas dos criadores. Essa flexibilidade permite ajustes finos na genética dos exemplares para otimizar a produção de leite e a adaptabilidade ao ambiente, garantindo uma raça adaptável a diversas condições de criação.

Exportação da genética Girolando

Agropecuária Irmãos Chiari - bezerras girolando
Foto: Agropecuária Irmãos Chiari

A exportação da genética da raça Girolando tem se mostrado um importante vetor de crescimento e reconhecimento internacional para a pecuária brasileira. Devido às suas características únicas de alta produtividade, adaptabilidade ao clima tropical e vigor híbrido, a raça despertou o interesse de diversos países de clima semelhante. A genética superior do animal tem sido exportada para países como Peru, Bolívia, Tailândia, Nigéria e outros, onde os produtores buscam animais que combinem eficiência produtiva com resistência a condições adversas. Essa disseminação internacional fortalece a posição do Brasil como líder na produção e inovação da pecuária leiteira tropical.

O trabalho da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, juntamente com parcerias com instituições como a Embrapa, tem sido crucial para garantir a qualidade e a eficiência dos programas de melhoramento genético. A exportação de embriões e sêmen de alta qualidade não só ajuda a melhorar os rebanhos internacionais, mas também promove a troca de conhecimentos técnicos e científicos entre os países. Este intercâmbio contribui para o avanço global da pecuária leiteira, consolidando o Girolando como uma raça estratégica para a produção sustentável de leite em regiões tropicais ao redor do mundo.

Grande importância para o Brasil

vacas e novilhas girolando - fazenda santa luzia
Foto: Fazenda Santa Luzia

Como vimos ao longo do texto, a raça Girolando desempenha um papel fundamental na pecuária brasileira. Sua capacidade de adaptação ao clima nacional a torna uma solução viável para aumentar a produtividade leiteira em áreas onde outras raças enfrentam dificuldades. Com a crescente demanda por leite e derivados no Brasil, o gado se destaca como uma opção estratégica, contribuindo significativamente para a segurança alimentar e para o agro brasileiro. A expansão da produção leiteira com essa raça ajuda a promover o desenvolvimento sustentável do setor, gerando emprego e renda para milhares de famílias de pecuaristas.

Além de sua relevância econômica, a raça também posiciona o Brasil como uma referência mundial na exportação de genética bovina. O reconhecimento internacional da qualidade do Girolando impulsiona o país no cenário global, com exportações de sêmen e embriões para diversas nações pelo globo. Essa troca de genética não apenas fortalece a posição do Brasil como referência em inovação na pecuária, mas também promove o intercâmbio de conhecimentos e tecnologias, contribuindo para o avanço da produção leiteira em todo o mundo. Assim, o Girolando não apenas beneficia o mercado interno, mas também eleva o status brasileiro na pecuária global.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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