Gir dá espetáculo de cores e desempenho zootécnico

Do artigo – “A raça Gir dá um espetáculo de cores e performance zootécnica desde a sua terra mãe!” – do zootecnista José Otávio Lemos.

Sim, quem tem a oportunidade de ir à Índia e procurar conhecer a raça Gir no seu país de origem, com certeza, fica encantado por tanta coisa que a circunda na beleza e na produtividade. É, seguramente lá, a bovina de maior média e quantidade de leite bovino produzido.

Ela se desenvolveu inicialmente nos montes e florestas de Kathiawar incluindo Junagadh, Bhavnagar, Rajkot e Amreli, distritos de Gujarat. E também encontra-se quem a nomeie de Bhodali ou Desan ou Gujarati ou Kathiawari ou Sorthi ou Surti em alguns lugares por lá, naquele estado indiano.

Os animais Gir são reconhecidos pela tolerância às condições de estresse e resistência a várias doenças tropicais. Bois dessa raça são usados para arrastar cargas pesadas em todos os tipos de solo.

Nós brasileiros começamos a importar a raça na segunda década do século XX, e tanto o Gir criado e selecionado aqui, como em outros países que o recebeu a partir do Brasil ou diretamente da Índia, sabemos o quanto ele tem de reais qualidades zootécnicas.

O Gir e os búfalos Jafarabadi, também da mesma região, contribuem maciçamente para a produção leiteira do estado de Gujarat.

Localização da terra de origem de cada raça indiana
Localização da terra de origem de cada raça indiana / Fonte: Autor

O nome da raça deriva da floresta de Gir, que, tudo indica, foi onde ela desenvolveu primeiramente, entre 20° 5′ e 22° 6′ de latitude norte e 70° e 72° de latitude leste. Tal trecho está a uma altitude média de 400 m acima do nível médio do mar variando de 125 a 600 m. O solo é geralmente preto com áreas dispersas de cores claras. O clima da região é tropical. A temperatura atinge 40° C (máximo) em maio e 11° C (menor) em janeiro. A precipitação varia de 50 a 100 mm anualmente. O clima é seco no inverno. A umidade relativa varia de 60 a 80 por cento durante a estação chuvosa (julho a setembro).

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Cachoeira do Capitão / Foto: Gir do Capitão @girdocapitao

Por que é importante saber isso? Qualquer ser vivo é a sua genética mais a interação dela com o meio ambiente e a influência do meio ambiente sobre ele.

As tribos Rabaris, Bharwads, Maldharis, Ahirs e Charans foram fundamentais na seleção inicial do gado Gir. Eles se moviam com seu gado de um lugar para outro em busca de comida especialmente no período de reprodução, de julho a dezembro. Depois, a migração para as vilas, onde a produção láctea seria bem aproveitada pela população. O desmame precoce dos bezerros não praticado. As vacas leiteiras recebem certa quantidade de concentrado (1 a 3 kg / dia), que é preparada a partir de farelo de trigo, de leguminosas trituradas, casca de grãos, bolos de óleo, sementes de algodão, etc. Os animais em migração permanecem em pouso durante a noite.

Pagamento nominal (por agricultores) é feita para os proprietários de animais para que os seus animais permaneçam nos campos produzindo esterco e urina, muito preciosos para a fertilidade do solo. Os Gir são mantidos também em gaushalas (propriedades menores e praticamente sob pequenas cocheiras), e nessas são mantidos com forragem verde, concentrados e pastagens. Acasalamento por monta é o mais praticado nos rebanhos. Somente poucas fazendas praticam a inseminação artificial e, menos ainda, outras biotecnologias da reprodução. A época de parição em vacas Gir se concentra mais de julho a setembro.

Os tamanhos dos rebanhos nas fazendas, em média, variam de 2 a 5 ou de 10 a 20 animais. Claro que existem algumas fazendas, como as do Governo, de templos e particulares com bem mais animais. Encontramos também rebanhos migratórios variando de 100 a 200. A população de fêmeas reprodutoras em Gujarat é de 1,78 milhões, incluindo 0,084 milhões em Amreli; 0,117 milhões em Bhavnagar; 0,142 em Rajkot e 0,140 milhões em distritos de Junagadh. Na região de Saurashtra, isto é, a área de reprodução do gado Gir é de 2,5 milhões e representa 36,61% da população total de bovinos na região.

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Touro Gir na Índia

Raça Gir é a mais multicolorida do mundo

A afirmação pode até gerar alguma polêmica, mas a raça é a mais multicolorida da Índia e do mundo. Ela varia de tons de vermelho/laranja/amarelo e branco, em combinações, para até preto e branco ou vermelho inteiro. Cor da pele é predominantemente preta, mas em alguns animais é marrom. Algumas pintas na pele, de tons marrons ou rosa, de melanina rosa, são encontrados em animais Gir. Raramente, aparecem animais totalmente despigmentados. A testa é proeminente, convexa e larga como um escudo ósseo. Isso esconde os olhos, de tal forma que eles parecem ser parcialmente fechado. As orelhas são longas e pendulares e dobradas como uma folha com um entalhe na ponta (gavião).

Os chifres são curvos virando para trás na ponta. Eles se orientam para baixo e para trás a partir da base e inclinam um pouco para cima e para a frente, depois disso. Também acontecem os direcionados para o chão e alguns que voltam a ponta para a frente. A barbela é desenvolvida e os machos têm um conjunto de umbigo e bainha mais pendular. A cauda é longa e com vassoura mais próxima do chão. Cascos pretos e de tamanho médio. O pelo é curto e brilhante. A pele, solta e flexível. Cupins bem desenvolvidos, especialmente nos machos. O corpo tem um conjunto proporcional. O úbere das vacas é de bom volume e as pontas das tetas bem redondas.

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