Gigante do café com R$ 2,13 bilhões em dívidas pede recuperação judicial

Segundo a justificativa, a medida decorre de uma crise econômico-financeira resultante, principalmente, do número expressivo de rolagens de café e inadimplências de produtores. Grupo Montesanto Tavares diz, ainda, que preços altos e depreciação cambial levaram a problemas financeiros; caso expõe crise do setor

A crise financeira que assola o setor cafeeiro brasileiro ganhou um novo capítulo com o pedido de recuperação judicial da Atlântica Exportação e Importação, Cafebras, Montesanto Tavares Group Participações e Companhia Mineira de Investimento em Cafés. As empresas, que acumulam um passivo superior a R$ 2,13 bilhões, recorreram à Justiça para reestruturar suas dívidas e evitar um colapso definitivo.

O Grupo Montesanto Tavares, ao qual pertencem as empresas em questão, é um dos principais players do mercado de café, com atuação expressiva na exportação da commodity para diversos países.

A Atlântica Exportação e Importação, por exemplo, responde por 8% das vendas de café arábica do Brasil, consolidando-se como um dos nomes mais relevantes do setor. No entanto, os desafios macroeconômicos e as dificuldades operacionais levaram o grupo a enfrentar sérias dificuldades financeiras, culminando na decisão de buscar proteção judicial.

Motivos da crise para a recuperação judicial da gigante do café

O pedido de recuperação judicial foi protocolado na 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, justificando que a situação crítica se deve a diversos fatores, como:

  • Aumento expressivo dos preços do café: Nos últimos 12 meses, os preços futuros do grão arábica dispararam mais de 120%, impactando produtores e exportadores.
  • Depreciação do real: A desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar encareceu ainda mais os custos operacionais.
  • Inadimplência de produtores: Pequenos e médios cafeicultores que fornecem para as empresas enfrentam dificuldades financeiras e atrasaram pagamentos.
  • Rolagem de contratos: A necessidade de renegociar e prorrogar prazos de entrega gerou um efeito cascata, ampliando os desafios financeiros.

Impacto no setor cafeeiro

A crise não afeta apenas as empresas envolvidas, mas também expõe a fragilidade do setor cafeeiro brasileiro. A Atlântica Exportação e Importação representa 8% das vendas de café arábica do Brasil, um dos maiores mercados globais da commodity. Com isso, o temor entre produtores e credores é que o efeito dominó possa comprometer ainda mais a cadeia produtiva.

Em novembro de 2024, Atlântica e Cafebras já haviam entrado com um pedido de negociação com credores para tentar aliviar a pressão financeira. No entanto, com a escalada dos preços do café e a falta de liquidez, a recuperação judicial tornou-se inevitável.

Compromisso e perspectivas

Em comunicado, as empresas afirmaram que a decisão de recorrer à recuperação judicial é uma tentativa de preservar suas operações e manter os compromissos com colaboradores, clientes, produtores e credores. Elas garantiram estar trabalhando em um “plano de recuperação responsável e equilibrado“.

O caso reforça a necessidade de maior estabilidade no mercado de commodities e políticas que auxiliem na previsibilidade para o setor cafeeiro. A próxima etapa depende da análise judicial sobre a viabilidade do plano de recuperação e da capacidade das empresas de renegociar suas dívidas sem comprometer ainda mais a cadeia produtiva.

O setor cafeeiro segue atento aos desdobramentos deste caso, que pode servir de alerta para outros grandes players do mercado que enfrentam situações semelhantes.

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