Gigante da citricultura investirá R$ 500 mi em laranja no Mato Grosso do Sul

Gigante do setor, o Grupo Cutrale faz parte deste novo momento de Mato Grosso do Sul; empresa anunciou investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja no Estado

Gigante do setor, o Grupo Cutrale faz parte deste novo momento de Mato Grosso do Sul. Eles anunciaram o investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja no Estado, que serão produzidos na Fazenda Aracoara, que fica às margens da rodovia BR-060, na divisa entre Sidrolândia e Campo Grande.

A empresa que lidera as exportações brasileira de laranja terá toda sua área irrigada e vai contar com o plantio de cerca de 1.730 milhão de pés de laranja. A previsão é que o projeto tenha um alcance em um raio de 150 km da propriedade, chegando no futuro a 30 mil hectares plantados.

Todo este investimento na produção teria como consequência até a instalação de uma futura indústria de processamento de laranja em suco no Mato Grosso do Sul. A atuação do grupo empresarial no Estado mostra o cenário de crescimento e expansão que tem aqui um novo destino.

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Foto: Bruno Rezende

Os investimentos seguem em outras cidades. O Grupo Junqueira Rodas começou em abril o projeto de citricultura em Paranaíba, com a intenção de plantar em 1.500 hectares. Já anunciaram que vão produzir em Naviraí no segundo semestre, com mais 2,5 mil hectares.

Para Sarita Junqueira Rodas, CEO do grupo empresarial, o Estado é promissor porque oferece boas condições fitossanitárias. “Estamos convictos em ter estes dois polos no Estado. Aqui tem boas condições (fitossanitárias), ainda preservado de doenças como a greening. Eu vejo aqui com um potencial imenso”. O objetivo deles é que a produção siga aos estados de São Paulo e Paraná.

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Foto: Bruno Rezende

Cenário positivo

Para contribuir com este novo cenário positivo, o Governo do Estado tem feito sua parte dando todas as condições possíveis para o investimento robusto no setor. Questões importantes para viabilizar o negócio, como infraestrutura, logística, escoamento da produção e até mediação na questão energética estão tendo o apoio dos órgãos estaduais.

“O setor terá todo apoio e comprometimento do Governo do Estado, que vai trabalhar para criar um bom ambiente de negócios. Estamos à disposição para ajudar no que for preciso, seremos parceiros deste projeto, com canal aberto com os produtores para discutir ações e facilitar soluções para eventuais problemas. Se abre uma nova fronteira em Mato Grosso do Sul”, afirmou o governador Eduardo Riedel.

Segundo a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) a citricultura conta com 2 mil hectares cultivados no Estado, no entanto com a chegada de novos produtores e investimentos, esta área deve chegar a 10.300 (hectares) nos próximos anos, o que faz parte da estratégia da gestão estadual de diversificação da cadeia produtiva e econômica do Mato Grosso do Sul.

“A citricultura vai bem nas áreas mais arenosas, com menor teor de argila e isso é importante. Como a laranja está vindo com sistemas de irrigação, nós temos aí uma perspectiva de investimentos altos, mas com alta produtividade. Além do clima, solo e áreas disponíveis, notamos em especial a migração de produção de laranjas de São Paulo para MS em função da doença do greening”, explicou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

A citricultura tem sua atuação de mais destaque na região Leste do Estado, no entanto também vai ocupar a área central, com a chegada da Cutrale. “Muitos investidores estão querendo vir para o Estado. O investimento é alto, seria em torno de R$ 100 mil por hectare para implantar o pomar. Até por nossa legislação rígida, com controle, por isso não dá para começar se não tiver capital e know-how na área”, destacou Karla Nadai, coordenadora da horticultura da Semadesc.

Foto: Divulgação

Doença de greening: tolerância zero

A vinda de novos investidores ao Estado está atrelada a expansão da doença greening em São Paulo, que já afetou a produção que é a maior do país. Mato Grosso do Sul tem uma legislação rígida, com “tolerância zero” a doença. Aqui se a planta estiver doente deve ser erradicada e o pomar monitorado.

“Esta doença é endêmica e acabou com os pomares da Flórida, eles operam hoje com 10% do que tinham, que era o maior produtor mundial. O Brasil está colhendo os frutos desta situação, no entanto mais de 60% dos pomares de São Paulo estão comprometidos. Aqui já teve casos, porém isolados”, explicou Nadai.

A coordenadora esclareceu que a doença não prejudicial ao ser humano, mas traz danos enormes para as plantações. Além da citricultura, tem como uma a maior hospedeira a murta. O mosquito transmite a doença e distribui a bactéria pelo pomar.

Laranja cortada ao meio
Foto: Wenderson Araujo/Trilux

A Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) inclusive emitiu um alerta aos produtores rurais e a população geral sobre o perigo da compra de mudas irregulares, que podem trazer graves problemas aos pomares do Estado, principalmente os urbanos e domésticos em função da doença.

“Um alerta fitossanitário sobre o risco de comprar e plantar mudas sem origem, clandestina ou de venda ambulante. Estas mudas não têm garantia de identidade, nem de qualidade para utilização em pomares domésticos ou comerciais. Elas representam um perigo sério para os pomares do Estado. Já que a presença da doença que não tem cura, já causou estragos em outros lugares”, descreveu Glaucy Ortiz, gerente de inspeção e defesa sanitária vegetal da Iagro.

Por esta razão a recomendação é para que sejam feitas as aquisições de mudas de qualidade e seja combatido a comercialização irregular, como é feita por ambulantes, que podem trazer riscos eminentes para os pomares do Estado.

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Foto: Bruno Rezende

Acordo de cooperação

Com legislação e fiscalização rígida, o Governo do Estado resolveu ampliar as ações contra doença. Para isto assinou um termo de cooperação com a Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), que é uma associação privada mantida citricultores e indústrias de suco do Estado de São Paulo, para promover pesquisas, novas tecnologias que desenvolvam o setor e tenham ações preventivas contra doença.

Assim o Estado e a Fundecitrus vão desenvolver projetos em comum, promover treinamento e capacitação de técnicos do Estado, auxílio em pesquisas e dados, além de intercâmbio de informações. O acordo foi assinado pelo governador Eduardo Riedel no dia 12 de abril.

“A nossa parceria é para transferir todo o nosso conhecimento que a gente adquiriu, com a experiência de enfrentar os nossos problemas em São Paulo. A gente vem de um cenário de doença (greening) muito complicado, mas aqui é outro cenário e o objetivo é que tenha um resultado potencializado, para não sofrer aqui, o que ocorreu lá”, disse Guilherme Rodrigues, representante da Fundecitrus.

Karla Nadai ponderou que já existe uma troca de informações e ajuda entre as partes e que o acordo vai regularizar esta parceria. “Vamos ter técnicos experientes para nos auxiliar, com equipes daqui sendo capacitados dentro do laboratório da Fundecitrus, neste trabalho de reconhecer e identificar doenças. Eles reúnem assistência técnica, pesquisa, e estudos avançados, sendo referência mundial na citricultura”.

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