Unidade da Raízen no Estado goiano será a primeira fora de São Paulo e deve começar a operar em 2028; empresa espera gerar centenas empregos diretos e cerca de mil indiretos nas obras da planta
A Raízen, gigante do setor de cana-de-açúcar e combustíveis, escolheu Jataí, em Goiás, para instalar sua nova unidade de produção de etanol de segunda geração (E2G), utilizando palha e bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima. O investimento, estimado em R$ 1,2 bilhão, marca a primeira planta da companhia fora de São Paulo, integrando o plano de expansão da produção de etanol celulósico. A nova instalação será anexa à usina já existente no município, e sua operação está prevista para 2028.
Com sedes em São Paulo e Rio de Janeiro, a Raízen é uma empresa integrada de energia de origem brasileira com presença nos setores de produção de açúcar e etanol, distribuição de combustíveis, geração de energia renovável e lubrificantes.
O projeto faz parte de um pacote de investimentos divulgado em 2022, viabilizado após a Raízen firmar um acordo de longo prazo, em euros, com a Shell, uma de suas principais acionistas. Além de contribuir para a economia local, com a expectativa de gerar 168 empregos diretos e mil indiretos durante a construção, a planta reforça o compromisso da empresa com soluções de energia renovável.
Até o momento, todas as unidades de E2G da Raízen estavam localizadas em São Paulo, como as plantas em Piracicaba e Guariba.
A empresa possui ainda outras duas unidades em construção, previstas para entrar em operação na safra de 2025/26, anexas às usinas de Barra Bonita e Valparaíso. No total, a companhia planeja construir nove plantas de E2G, com capacidade combinada de produção de 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano.
O mercado externo, especialmente a Europa, é o principal foco de demanda para o etanol celulósico, considerado um biocombustível de baixa pegada de carbono. Outros países como Estados Unidos e Japão também são vistos como mercados promissores para o produto.
A Raízen já garantiu contratos de venda antecipada de sua produção futura, como forma de assegurar financiamento para as novas plantas. Em 2022, um acordo com a Shell estabeleceu o fornecimento de etanol por 10 anos, em um contrato de R$ 3,3 bilhões.
Além de combustível, o E2G tem potencial de uso em outras indústrias, como na fabricação de plásticos verdes e combustíveis de aviação. Francis Queen, vice-presidente de Açúcar e Renováveis da Raízen, destacou em comunicado que o projeto reflete o compromisso da empresa com a inovação e a economia sustentável.
“A nova planta de E2G é mais um passo da companhia em ações de inovação e investimento em energias limpas e renováveis, atendendo às demandas globais por soluções mais limpas, além de incentivar o desenvolvimento da economia local”, afirmou.
Etanol de segunda geração: potencial e oportunidades
O etanol de segunda geração (E2G), também chamado de bioetanol, etanol verde ou etanol celulósico, é um biocombustível avançado, feito a partir dos resíduos restantes do processo de fabricação do etanol comum (o etanol de primeira geração, E1G) e do açúcar.
É um produto que usa matéria-prima de baixo impacto ambiental que seria descartada e que tem excelente ganho logístico. Também é considerado um dos combustíveis com menor pegada de carbono do mundo!
Diferença entre etanol e etanol de segunda geração
Quimicamente, o etanol de segunda geração (E2G) é como o etanol de primeira geração (E1G). A grande diferença está na forma de produzi-los.
O E2G utiliza biomassa vegetal lignocelulósica, reaproveitando resíduos vegetais, como palha, folhas, bagaço, cavaco, entre outros. Na Raízen, essa biomassa é obtida a partir do que sobra do processo produtivo do E1G e do açúcar.
Por aqui, o etanol de primeira geração (E1G) e o açúcar são produzidos a partir da cana-de-açúcar, enquanto o E2G é feito da palha e do bagaço da cana-de-açúcar (resíduos da produção de E1G e açúcar). Os processos de produção são diferentes, mas os usos são os mesmos.
Protagonismo e liderança brasileira
A cada ano, surgem novas pesquisas e investimentos em tecnologias para alavancar esse biocombustível, que é muito importante para o setor sucroenergético e para a economia brasileira. O Brasil está em posição de destaque na produção do biocombustível com relação a outras nações, o que contribui para o desenvolvimento do país e o coloca como um dos representantes do mercado mundial de E2G.
Projeções apontam que o etanol de segunda geração poderá ser mais viável economicamente a partir de 2025 e se igualar a produção de etanol comum em 2030.
É esperada uma ampliação do consumo mundial de etanol, sendo que o nível de aceitação de bioetanol está crescendo em diversos países.
O E2G tem grande potencial competitivo, não é apenas uma solução para reduzir o volume de gasolina importada pelo Brasil, mas também uma alavanca de exportações, além de impulsionar um ciclo de investimentos na química renovável.
Nesse sentido, o Brasil é uma grande porta de entrada para o consumo de E2G pelo mercado global.
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