Gigante chilena fará maior investimento da história no Brasil

Novo maior projeto de celulose do mundo começa a ser construído em Mato Grosso do Sul; Novo planta de celulose da Arauco deve produzir 3,5 milhões de toneladas por ano e deve empregar mais de 6 mil trabalhadores

É oficial: o Brasil se tornou o maior produtor e exportador de celulose do mundo. Os dados são referentes a 2022, ano em que a atividade florestal consolidou a liderança do país no mercado global. Foi um longo caminho até que o setor conseguisse chegar até aqui, o que incluiu desafios econômicos globais e nacionais ao longo das décadas. Mesmo assim, a indústria continuou apostando no seu potencial. Uma prova disso são os investimentos que vão atingir R$ 61,9 bilhões até 2028.

Estamos falando de uma receita anual que alcançou impressionantes R$ 250 bilhões.

Quem está de olho nesse crescimento absurdo é a gigante da celulose chilena Arauco, a empresa desembarcou em Mato Grosso do Sul com cerca de R$ 25 bilhões, seu maior investimento da história. A empresa de celulose e madeira, com atuação em cinco continentes, anunciou o maior investimento da história da multinacional na semana passada.

  • Fundada em 1979, a Arauco possui operações em mais de 75 países e 55 fábricas nos países Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, México, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Portugal e África do Sul.

A companhia comunicou a construção da sua primeira fábrica de celulose branqueada no Brasil, o Projeto Sucuriú, de US$ 4,6 bilhões, construído em Inocência (MS), no Vale da Celulose. O projeto se encontra atualmente na etapa de terraplanagem, que consiste no preparo da área onde será construída a fábrica, a partir de 2025. A previsão para o início de operação da fábrica é para o segundo semestre de 2027.

Segundo as informações preliminares a nova planta da empresa irá produzir 3,5 milhões de toneladas por ano e deve empregar mais de 6 mil trabalhadores. A operação terá a parceria estratégica, tecnológica e de equipamentos da finlandesa Valmet.

De acordo com Theófilo Militão, diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Arauco do Brasil, a escolha por Mato Grosso do Sul se dá pela política bem estruturada para o setor no estado e sua estratégia de ser o maior produtor e exportador de celulose do país, está sendo bem implementada e deve ser bem sucedida no longo prazo.

Outro fator importante são as condições favoráveis para cultivo do eucalipto existentes no Brasil e o desenvolvimento do setor florestal brasileiro. Nessa região, onde o eucalipto leva aproximadamente sete anos para crescer e atingir o ponto ideal de corte para ser processado na fábrica, temos um importante patrimônio florestal que operamos desde 2009”, diz.

plantações de eucalipto - suzano
Foto: Divulgação

A logística também é um ponto favorável na região, com potencial para trazer insumos e escoar a produção, seja por meio da malha rodoviária, ferroviária ou hidrovia.

Segundo Militão, o Brasil permite que a empresa seja mais competitiva no cenário global, sobretudo no processo de produção de celulose de fibra curta (eucalipto).

“A Arauco está presente no Brasil desde 2002, nos negócios Florestal e Painéis de madeira. Atualmente contamos com cinco plantas industriais destinadas à produção de painéis. No Mato Grosso do Sul, iniciamos nossa atuação em 2009, por meio de nossa operação florestal. Temos uma longa e importante história com o país. Estamos muito motivados para dar este primeiro passo no negócio de celulose” – disse o executivo.

Afinal, o cultivo de eucalipto é mesmo prejudicial ao meio ambiente?
Foto: Divulgação

Área plantada de florestas em Mato Grosso do Sul é a que mais cresce no país e chega a 1,5 milhão de hectares

Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 15% em sua área de florestas plantadas em relação ao ano de 2023, maior crescimento do Brasil. Com seis plantas de celulose confirmadas em investimentos de R$ 75 bilhões, o Estado tem atualmente a segunda maior área de florestas plantadas do País, com 1,5 milhão de hectares, sendo 98% dessa área destinada ao cultivo de eucalipto, utilizado principalmente pela indústria de papel e celulose, que tem forte presença no estado.

As informações são provenientes do Projeto SIGA/MS, que monitora e acompanha o crescimento do setor em Mato Grosso do Sul. “Tivemos um aumento de praticamente 275 mil hectares de florestas plantadas no último ano. Quem está na ponta entende o que isso representa para o setor. A movimentação econômica muda, toda a estrutura para comportar uma área deste tamanho se altera”, informou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

Cinco dos 10 maiores

Cinco dos dez maiores municípios brasileiros em termos de área de florestas plantadas estão localizados em Mato Grosso do Sul, conforme o ranking nacional, Ribas do Rio Pardo ocupa a primeira posição no Brasil, com 420,5 hectares de florestas plantadas; Três Lagoas está na segunda posição, com 311,9 hectares; Água Clara na terceira posição, com 163,1 hectares; Brasilândia: ocupa a quarta posição, com 150 mil hectares e Selvíria na sexta posição do ranking, com 106,5 hectares.

“Esses municípios são os principais polos de produção de eucalipto no estado, atraindo investimentos nacionais e internacionais para a instalação de grandes indústrias de celulose e papel, como a Suzano, Eldorado Brasil, Bracell e Arauco”, ressaltou o titular da Semadesc.

Grandes players do mundo

Entre os investimentos mais recentes captados, o secretário Jaime Verruck cita a vinda da Bracell. A empresa que já possui viveiros em Água Clara, gerando 2 mil empregos, vai instalar uma planta de 2,8 milhões de toneladas e investimentos de R$ 25 bilhões. Marcando a sexta planta de celulose no Estado, o município a perspectiva é de gerar 10 mil empregos nas obras e 3 mil na operação.

A empresa recebeu durante o congresso da ABTCP o termo de referência para realizar o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório Impacto do Meio Ambiente) para se instalar em uma área localizada a 15 quilômetros do perímetro urbano de Água Clara. A expectativa é de que o estudo seja entregue em janeiro de 2025.

Diante da expansão do setor o Governo de Mato Grosso do Sul investe pesado na gestão e planejamento da cadeia. “Para o futuro, o Governo vai precisar melhorar a logística. Então a gente tem um trabalho muito forte neste quesito. Em parceria com as empresas, nós concessionamos rodovias. A chamada Rota Celulose. E temos o desafio que é a questão ferroviária. Todos os nossos clientes e empresas eles estão indo pra Santos, onde eles têm seus terminais privados. Por isso temos que criar um canal adequado para levar esse produto a Santos”, pontuou.

“Temos projetos gigantescos e vivemos uma escala de crescimento que depois ela acaba estabilizando. Temos a segunda maior área do eucalipto do País, o que foi confirmado isso pelo relatório do próprio Ibá. Esse setor tem uma participação do PIB de 17,8 %. Ou seja, ele é relevante para o Estado. Então, a gente apoia integralmente, porque até agora ele só proporcionou desenvolvimento, qualidade de vida e inclusão para o Mato Grosso do Sul”, concluiu.

Com informações do jornalista Pasquale Augusto da MoneyTimes

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