Gestão campeã em gado de corte: Como ter uma fazenda rentável

Com certeza a GESTÃO assume hoje um dos principais pilares dentro da pecuária, mas o que realmente precisamos saber para se obter LUCRO?

O que é preciso para ter rentabilidade na fazenda? Fazer com que os animais engordem mais? As vacas deem mais bezerros? Que os animais tenham boa genética? Nutrição de qualidade e com fartura? Com certeza você, caro leitor, disse sim para todas essas perguntas.

E sabe? Você não está errado, pois tudo isso é importante! Contudo, não é só buscando alto desempenho em indicadores zootécnicos que você garantirá o lucro da fazenda. Muitas vezes, altos desempenhos são acompanhados de altos investimentos, resultando também em altos riscos.

Neste contexto se encontra a palavra da moda, a GESTÃO. Gerir é atingir os objetivos da fazenda de maneira eficaz, valorizando o conhecimento e as habilidades das pessoas. O gestor deve ter a capacidade de manter a sinergia entre o grupo, a estrutura e os recursos já existentes, fazendo com que todas as engrenagens – pessoas, animais, clima, solo, manejo, genética, nutrição e muitos outros – estejam bem encaixadas e funcionando. O objetivo final de tudo isso é o LUCRO.

Mas na prática, como isso funciona?

O princípio básico da gestão é ter dados para serem analisados. Considerado o pai da administração moderna, Peter Drucker disse:

“Tudo que pode ser medido pode ser melhorado”

E para que as coisas possam ser medidas, elas devem ser registradas e anotadas de forma sistemática. A coleta de dados, sem dúvida, deve ser o primeiro passo. Esses dados vão gerar indicadores, que poderão ser comparados com a própria fazenda em anos anteriores, ou mesmo, com outras fazendas que coletam e analisam os dados da mesma maneira, o que chamamos de benchmarking.

As comparações viram referência na busca de melhorias, trazendo à tona, a evolução, ou mesmo queda nos indicadores, e mostrando que é possível atingir determinadas metas. Afinal, se tem outras fazendas alcançando, é possível chegar lá também.

A boa gestão é firmada em quatro principais alicerces:

  1. Onde estou? Considerada a fase de diagnóstico; o ponto de partida; o ponto A;
  2. Para onde vou? São as metas; o resultado final; onde queremos chegar;
  3. Como eu vou? Esse é o planejamento; o caminho; como chegaremos na meta;
  4. Estou fazendo certo? Esse é o controle; o check periódico do que está sendo executado.

De forma bem simples é preciso que o produtor entenda que sem meta não há gestão. E como ter metas sem saber onde está? Para saber o Ponto A numa fazenda de gado de corte, o produtor deve começar a anotar os seguintes dados:

1. Rebanho por categoria e por peso

Esses dados devem ser levantados no mínimo duas vezes, com intervalo de 12 meses, no começo da safra (que pode ser 01 de janeiro ou 01 de julho) e no final da safra (que pode ser 31 de dezembro ou 30 de junho).

A decisão do período adotado, para a safra a ser analisada, deve ser tomada com base na atividade da fazenda, e facilidade dos fechamentos. Por exemplo, fazendas de Cria (pecuarista cria vacas para vendas de bezerros) e de Ciclo Completo (pecuarista tem vacas, e leva os animais até o abate), é preferível que o período seja de 01 de julho a 30 de junho, pois facilita as anotações de nascimentos e desmames por safra.

2. Todas as movimentações de rebanho

Entradas e saídas de animais da fazenda, com seus respectivos pesos e valores. Nas movimentações também devem ser anotadas as mortes e nascimentos durante aquela safra que está sendo analisada.

Todo evento que interfira no número de animais da fazenda, peso dos animais, mudanças de categoria (desmames) devem ser anotados nas movimentações de rebanho.

3. Todas as movimentações financeiras

Receitas e despesas totais dentro do período da safra.

Ideal que as receitas e despesas sejam anotadas por centro de custo, separando principalmente as despesas de investimentos – Construções de currais, cercas, casas, etc. – daquelas de custeios – pagamento de mão de obra, energia, combustíveis.

4. Estoques

Os estoques devem ser levantados duas vezes, no começo e final da safra, para que sejam considerados com suas respectivas variações naquela safra. Os estoques contemplam arames, madeiras, medicamentos, suplementos, grãos, volumosos armazenados, óleo diesel, etc.

Com esses dados é possível levantar de 50 até 90 indicadores numa fazenda. Depois de elucidado o Ponto A, o diagnóstico, o produtor deverá partir para a fase de metas.

As metas devem responder a uma principal pergunta: Quais são os objetivos que queremos alcançar? Para ser ainda mais preciso, devem responder: Quanto nós queremos ganhar nesse negócio? O principal indicador a ser buscado é:

R$/ha/anoQuanto quero ganhar (lucro líquido) / Área produtiva que tenho (hectares) / por um determinado período (a cada 365 dias)

Hoje temos referência para esse indicador, baseado na análise de mais de 300 fazendas, que podem nortear os produtores nessa meta. Um dado que chama bastante atenção é que existem fazendas que ganham 10 vezes mais que a média, mostrando que é possível ganhar muito dinheiro com pecuária de corte.

Depois de decidida a meta financeira principal, deve-se então elaborar as metas produtivas. As metas produtivas farão o caminho para o atingimento da meta financeira. São as metas que falamos lá no começo do post, como ganho de peso dos animais, taxa de desmame de bezerros, e por aí vai. O potencial é enorme!

Importante desta fase é que não sejam decididas muitas metas, pois acabam mais atrapalhando do que ajudando. Algo em torno de 3 a 5 metas produtivas, por safra, são mais do que suficientes.

Por enquanto, fica a lição de casa do levantamento de dados e definição de objetivos da sua fazenda.

Fonte: Blog DSM Tortuga

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