Estudo no Rio Grande do Sul vai pesquisar onde estão os carrapatos multirresistentes que são resistentes aos produtos carrapaticidas disponíveis no mercado
Levantamento da Embrapa Gado de Corte mostra que a pecuária perde até US$ 3 bilhões por ano (cerca de R$ 12 bilhões) devido ao carrapato, considerado um dos piores inimigos dos rebanhos. Trata-se de um ectoparasita que interfere negativamente na produtividade, nos ganhos do pecuarista e também pode transmitir doenças aos animais. Além disso, está sempre evoluindo seu grau de resistência, desafiando a atividade. Por isso, é preciso que os pecuaristas não se limitem a manejos esporádicos somente nos momentos de alta infestação.
Começa na próxima semana um estudo sobre a resistência de carrapatos aos produtos carrapaticidas disponíveis no mercado. O objetivo é avaliar a distribuição regional das populações de carrapatos multirresistentes e o nível de resistência a cada tipo de carrapaticida. A Secretaria da Agricultura e o Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) vão realizar o inquérito.
No total, mais de 700 propriedades rurais serão contatadas, sendo ao menos 302 visitadas em 120 municípios. As atividades de campo e laboratoriais devem ocorrer até setembro deste ano e até março de 2024 será concluída a análise dos resultados. O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS (Fundesa-RS) colabora com o custeio do projeto, através da aquisição de insumos e equipamentos.
Os carrapatos causam diversos danos aos bovinos. O parasita ingere sangue, causa lesões na pele e proporciona o surgimento de outras doenças, sendo a Tristeza Parasitária Bovina (TPB) a mais comum. A TPB é um complexo de duas enfermidades causadas por babesiose e anaplasmose. Embora os causadores sejam distintos, os sinais clínicos são os mesmos. Quando o gado não resiste, sequer sua carcaça pode ser utilizada, razão pela qual os prejuízos econômicos são elevados.
Os carrapatos e as doenças que eles carregam provocam impacto de mais de R$ 450 milhões por ano à pecuária gaúcha, conforme dados da FAO (Organização Mundial para Agricultura e Alimentação). Os dados referem-se aos prejuízos causados pelos danos na produtividade dos animais e custos com controle e tratamento.
Segundo dados anteriores levantados pelo IPVDF, 95% das amostras de propriedades do RS são resistentes a pelo menos um carrapaticida e que, 45% destas são resistentes a quatro ou mais produtos, caracterizando casos de resistência de amplo espectro. Ou seja, o uso indiscriminado e intensivo de carrapaticidas determinou a seleção de parasitos resistentes a seis das sete classes químicas disponíveis no mercado. Entretanto, como as amostras, em geral, vêm de propriedades que já têm problemas em controlar as infestações, a ideia com o estudo é coletar amostras representativas de todas as populações de carrapatos do RS e determinar a distribuição da multirresistência.
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