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O primeiro passo para isso é romper “velhas” amarras, buscar os fornecedores certos e refazer o desenho das dietas incorporando o Farelo de Trigo; Confira!

Guilherme Augusto Vieira [1]
Almancio Camargo [2]

A sugestão é trocar parcialmente o milho pelo farelo de trigo. Com cotação em queda e mercado menos incerto neste momento, farelo de trigo (FT) é substituto barato e de fácil aquisição para o manejo nutricional em relação ao milho.

Não é novidade que o Brasil é produtor e exportador global de alimentos, sujeito à “gangorra” internacional da oferta e demanda das commodities agropecuárias. Inclui-se aí os insumos usados no manejo nutricional das criações, em especial aqueles que os pecuaristas utilizam nas rações e proteinados necessários para “preparar as dietas” dos bovinos em suas fazendas. E como protagonista deste cardápio, cabe lembrar, temos na maioria das vezes o milho.

Mas isso tem sido abalado pelas incertezas geopolíticas entre um os principais produtores mundiais de milho (Ucrânia e Rússia), sem contar os desafios em relação ao excesso de chuvas em estados relevantes nos EUA. Situações que devem despertar a nossa atenção para o crescimento de possíveis estresses quanto a oferta de milho e, por tabela, para preços maiores de negociação desta commodity muito demandada pelos principais players do agro.

Corrobora fortemente notícia recente divulgada no Agrolink, que esmiúça esses e outros fatores a balizar o preço do milho a curto e médio prazos em patamares ao redor de R$ 90,00 a R$ 100,00 a saca.

Por outro lado, afetados pela queda do poder de compra das donas de casa e até dificuldade em repassar todo aumento do custo de produção para os panificadores, os moinhos de trigo não têm encontrado “brechas” para subir os preços da farinha como seria necessário.

E segundo relato que colhemos em visita recente a um conglomerado do setor localizado no Nordeste, se os reajustes na farinha já têm ocorrido aquém do necessário, no caso do farelo de trigo (FT) a margem para aumentos é inexistente neste momento. Assim, esta importante matéria-prima segue com a cotação deprimida.

Mais do que suprir a carência ou as incertezas sobre o milho, no atual cenário o FT pode proporcionar lucro extra para o pecuarista. Basta ajustar de modo inteligente o manejo nutricional nas fazendas para inclui-lo na formulação das dietas. Para se ter uma ideia, num desenho nutricional que formulamos aos nossos clientes, a troca do milho pelo FT resultou numa economia de R$2.900,00 para o criador em 100 dias de semiconfinamento. Ou seja, rendeu o valor de um bezerro (R$2.150) e mais 9 sacas de milho.

Foto: Agrônomo Alan Moreira

Para quem não está a par do potencial do FT na dieta das criações, vale destacar que este ingrediente é um subproduto oriundo do processamento do trigo, e apresenta ótimo teor de fibras, bom valor energético e de proteína bruta, podendo ser utilizado na composição das rações, proteinados e misturados aos volumosos (silagens, capins triturados, fenos e palma forrageira).

O FT é considerado, portanto, um alimento concentrado energético e, especificamente, tem se destacado na literatura científica* especializada por um detalhe:

– A proteína do farelo de trigo é altamente degradável no rúmen (equivalente PDR 80%), sendo utilizada com eficiência por ruminantes consumindo forragens de baixa qualidade, que via de regra são deficientes em proteína degradável no rúmen. Assim, o produto pode ser utilizado como componente na ração de bovinos, substituindo parcialmente ou integralmente o milho. E pode ser usado em bovinos em pastejo (tanto de corte como de leite) como suplemento, promovendo uma melhor nutrição dos animais.

Neste momento de grandes incertezas globais, o FT apresenta-se como um substituto altamente econômico para composição das rações e suplementos administrados aos bovinos. O primeiro passo para isso é romper “velhas” amarras, buscar os fornecedores certos e refazer o desenho das dietas incorporando o FT.

Agir desse modo é mandatório para a moderna produção (pecuária de corte e leite, e também de aves, suínos, caprinos & ovinos) no Brasil, ávida por inovações e processos mais eficientes para melhorar e tornar mais acessível a proteína animal. E o FT, neste momento, proporciona tudo isso ao manejo nutricional, e ainda é um substituto barato e de fácil aquisição em relação ao milho.

*Para saber mais, consulte-nos sobre as referências e planilhas comparativas de preço de 2 rações para semiconfinamento utilizando milho e outra substituindo o milho 40% por FT, que embasa nossas conclusões neste artigo. Clique aqui  e tenha maiores informações.


[1] Guilherme Augusto Vieira é Médico Veterinário pela EVZ/UFG, Doutor em História das Ciências, Professor Universitário, autor dos livros como montar uma farmácia na fazenda, O agronegócio e a produção agropecuária e os Manuais práticos semiconfinamento e confinamento. Conteudista do programa Giro do Boi no Canal Rural. Contatos: www.semiconfinamento.com.br  e https://guilhermeavieira.tumblr.com/

[2] Alessandro Mancio de Camargo (“Almancio”) é Doutor em Tecnologias Digitais aplicadas ao Agro (“agtechs”) pela PUC-SP, Professor e pesquisador em nível de Pós-graduação das boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG). Especialista em jornalismo científico, atua com ênfase em extensão rural (FAS, na sigla em inglês). Contatos: https://twitter.com/almancio

Artigo originalmente publicado no Agrolink

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