Pecuarista perdeu 17 tourinhos e teve um prejuízo de aproximadamente R$ 210 mil; Após perder gado para o frio, pecuarista celebra bons resultados em 2021.
No ano passado, o pecuarista Amauri Nazário Pinheiro viveu um momento de muita tristeza ao ver que parte do seu rebanho havia sido morta pelo frio repentino que atingiu a cidade de Reserva do Cabaçal, em Mato Grosso. Na ocasião, Amauri relatou a morte de cerca de 100 animais nas fazendas vizinhas.
Pecuaristas precisam estar atentos para a época do ano e, juntamente com a nutrição adequada, evitar maiores problemas como as doenças ou a morte dos animais. Veja abaixo, uma das maiores tragédias que já aconteceu no Brasil.
Criador de gado nelore P.O (puro de origem), o produtor contou o que passou naquela data. “Nós encontramos 12 animais mortos por causa do frio. Os que ainda estavam vivos tomaram remédio para ver se levantavam”, nos disse na ocasião.
Segundo relatos de pecuaristas das cidades de Reserva do Cabaçal e Salto do Céu, no sudoeste do estado, o frio que fez na madrugada de sábado para domingo, 23, vitimou diversos bovinos da raça nelore.
No entanto, ao todo, o pecuarista perdeu 17 tourinhos naquele incidente, e teve um prejuízo de aproximadamente R$ 210 mil. Mas agora, quase um ano depois, Amauri nos conta que trabalhou bastante e conseguiu superar tudo o que passou em 2020.
“O prejuízo que tivemos, felizmente, o próprio gado recupera. Se fosse hoje, esse prejuízo estaria na casa dos R$ 350 mil por causa do preço da arroba. É uma criação muito abençoada por Deus, e costumo dizer que gado não dá prejuízo. Ainda tivemos a sorte de dar essa alavancada no arroba do boi, que melhorou muito”, falou.
Proteção para o gado
Questionado se tem medo de perder mais animais por causa do frio repentino, ele disse que acha improvável, mas, por via das dúvidas, fez mudanças na propriedade.
“Aquilo foi uma fatalidade aqui em Mato Grosso. Foi algo que acho difícil acontecer de novo, no entanto, eu comprei 7 alqueires do meu vizinho que tem mata fechada e, se a gente perceber que vai esfriar, a gente abre a porteira para o gado se abrigar na mata, pois o que prejudica os animais é o vento em pasto aberto”, disse.
Amauri lembra, por exemplo, que no incidente de 2020, em sua outra fazenda, o gado acabou se protegendo na mata e não houve nenhum caso de morte. “Deus esteve comigo desde aquele vez. Tinham 100 tourinhos na mesma situação. Eu digo que não perdi 17, eu ganhei 83. Poderiam ter morrido todos eles. Sou muito grato a Deus por isso, que sempre tem me guiando e ajudando para dar tudo certo”, concluiu.
Relembre o caso
No dia 23 de agosto de 2020, um domingo, uma massa de ar polar alcançou o Centro-Oeste e provocou estragos em fazendas de Mato Grosso. Nas cidades de Reserva do Cabaçal e Salto do Céu, no sudoeste do estado, a temperatura baixa surpreendeu os produtores.
O relato foi de sensação térmica na casa de 0 °C, algo muito incomum no estado, principalmente para gado da raça nelore. Na ocasião, Amauri relatou a morte de cerca de 100 animais nas fazendas vizinhas. As maiores vítimas foram os animais mais novos em campo aberto.
Além do gado, animais silvestres como porco espinho, garças, passarinhos e morcegos morreram de frio naquela madrugada.
“Nunca vimos isso antes”
O criador José Ginevaldo Vitório, da fazenda Recanto das Águas, também foi surpreendido pela morte de cinco animais da raça nelore. Em sua fazenda, o rebanho de 350 bovinos sofreu com a queda brusca de temperatura. “Nunca vimos isso antes. Perdemos cinco vacas da raça nelore, mas tivemos vizinhos que foram muito mais impactados. Tivemos relatos de produtor que tem de 50 a 60 animais em confinamento, e que perderam até 20 animais”, contou.
Frio repentino mata 2,9 mil bovinos em MS, em 2010
As baixas temperaturas registradas nos últimos dias no sul do Mato Grosso do Sul causaram a morte de quase três mil cabeças de gado em propriedades da região. Segundo levantamento da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), 2.927 animais morreram em 15 municípios entre os dias 16 e 19. Estima-se que os prejuízos dos produtores cheguem a R$ 3 milhões. O Estado possui 21 milhões de bovinos, segundo a Iagro.
O maior número de mortes foi registrado no município de Caarapó, com 700 animais, seguido de Ponta Porã, com 523; Antônio João, com 300; Amambaí, com 270 e Itaquiraí, com 267. Segundo a diretora-presidente da Iagro, Maria Cristina Carrijo, as mortes, por hipotermia, ocorreram por causa de uma mudança brusca na temperatura.
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“Na manhã de sexta-feira (16), o Estado registrava 30 graus Celsius e, num período de quatro a cinco horas, passou a 10 graus. À noite, a temperatura tinha baixado para cinco graus e começou a chover e a ventar. A sensação térmica era, então, de um a dois graus negativos”, explicou, acrescentando que nos dias seguintes os termômetros continuaram a registrar frio intenso.
Os mais prejudicados com a onda de frio foram os animais com baixa reserva de gordura, como bezerros recém desmamados e vacas magras. A diretora da agência disse que nesta quarta-feira a temperatura na região está em torno de 25 a 27 graus.