O gado crioulo demonstra uma incrível resistência às adversas condições tropicais, o que se traduz em uma redução significativa da necessidade de utilização de antibióticos.
Em uma análise comparativa dos valores nutricionais do leite produzido pelas raças de gado crioulo colombiano, como orelhudo branco (BON), Velásquez e Lucerna, em relação a outras raças comumente utilizadas para esse fim, como o Holandês, os gados crioulos colombianos apresentam uma vantagem distintiva. Isso ocorre devido à menor necessidade de incorporação de concentrados em sua dieta, já que sua principal fonte de alimento é a pastagem.
Como resultado, o leite dessas raças crioulas é enriquecido com ácidos graxos benéficos, como o ômega-3 e o ácido alfa-linoléico conjugado, que são conhecidos por promover a saúde cardiovascular e possuir propriedades anti-inflamatórias benéficas para os consumidores.
Segundo Felipe Vélez, zootecnista, mestre em Produção Animal e professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade CES, as raças crioulas também se destacam por conterem uma porcentagem mais elevada de sólidos no leite em comparação com raças de origem europeia, especializadas na produção de leite.
Embora produzam volumes menores, as raças crioulas apresentam uma concentração de nutrientes mais elevada. Além disso, o leite dessas raças possui menos gordura saturada.
Vélez também observa que o gado crioulo colombiano é mais resistente às condições tropicais do país, o que reduz a necessidade de uso de antibióticos para tratar doenças da glândula mamária, como a mastite. Isso não apenas beneficia os animais, mas também reduz os riscos à saúde humana associados ao consumo do leite.
Embora as raças crioulas colombianas possam não atingir os mesmos níveis de produção de leite que raças especializadas, como o Holandês, elas demonstram adaptabilidade a climas mais quentes e altitudes abaixo de 1.000 metros acima do nível do mar, uma característica que não é compartilhada pelas raças especializadas.
Por outro lado, Hernando Barahona, médico veterinário zootécnico do Departamento de Programação Técnica da Fedegan, expressa a necessidade de pesquisas mais aprofundadas, incluindo testes de progênie para o gado leiteiro crioulo colombiano, a fim de avaliar com precisão sua capacidade de produção de leite. Ele argumenta que as informações disponíveis atualmente são insuficientes.
Sua conclusão ressalta a importância de utilizar touros com desempenho comprovado, a fim de evitar incertezas genéticas na produção de gado. Ele aponta que raças como o Holandês já foram amplamente testadas e documentadas em relação à sua produção de leite, enquanto as raças crioulas colombianas ainda carecem desse nível de comprovação.
Em resumo, as raças crioulas colombianas oferecem várias vantagens em termos de adaptabilidade, resistência e qualidade nutricional do leite, mas sua massificação na produção de leite requer pesquisas mais aprofundadas e testes de progênie para fornecer informações mais precisas sobre seu potencial de produção.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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