Gado com feridas? Veja o que causa a requeima em bovinos e como tratar

Compreender a requeima em bovinos é fundamental para proteger a saúde e o bem-estar do rebanho, bem como para garantir a sustentabilidade e produtividade das operações pecuárias. Vamos explorar em detalhes os aspectos essenciais desta condição e as melhores práticas para enfrentá-la com eficácia; confira

Após as chuvas de verão, os pecuaristas enfrentam um desafio que demanda atenção redobrada: a requeima em bovinos. Essa condição, também conhecida como “sapeca“, é uma dermatite que pode afetar bovinos, ovinos e caprinos, resultando em prejuízos significativos para a produção e bem-estar animal. A requeima é uma doença dermatológica causada por uma resposta exagerada da pele dos animais à radiação solar.

No Brasil, é mais comum em bovinos com idade entre a desmama e dois anos. Existem dois tipos principais de fotossensibilização: primária e secundária. Na forma primária, o animal ingere um pigmento presente em certas plantas, que é absorvido pela mucosa intestinal e alcança a pele através da corrente sanguínea. Já a forma secundária, mais comum, ocorre devido à ingestão de substâncias tóxicas que lesionam o fígado, comprometendo sua capacidade de filtrar toxinas. Com a acumulação dessas substâncias na pele e a exposição à luz solar, ocorre a fotossensibilização.

Veja como identificar

A requeima em bovinos causa dor e desconforto nos animais. Foto: reprodução/internet

A identificação precoce da requeima em bezerros é fundamental para iniciar o tratamento e minimizar os prejuízos. Aqui estão algumas orientações sobre como reconhecer os sinais dessa doença:

Observação clínica

  • Apatia: Bezerros afetados pela requeima tendem a ficar mais quietos e menos ativos do que o normal.
  • Inapetência: Eles podem perder o interesse na alimentação e mostrar relutância em se alimentar.
  • Lacrimejamento bilateral: O excesso de lágrimas nos olhos é um sintoma comum da fotossensibilização.
  • Conjuntivite: Inflamação nos olhos, evidenciada por vermelhidão e secreção ocular.
  • Coceira: Os bezerros podem demonstrar sinais de desconforto e coçar excessivamente a pele afetada.
  • Alterações na coloração da pele e dos olhos: A pele e os olhos podem adquirir uma coloração amarelada devido ao acúmulo de pigmentos.

Sinais externos

  • Edema de barbela e flancos: Inchaço nessas regiões do corpo pode ser observado.
  • Enrugamento e formação de crostas na pele: Feridas, crostas e lesões cutâneas são comuns em áreas expostas à luz solar.

Comportamento e sintomas gerais

  • Desidratação: Bezerros afetados podem apresentar sinais de desidratação, como mucosas secas e perda de elasticidade da pele.
  • Micções frequentes e longas: Aumento da frequência e volume de urina pode ser observado.

Histórico de pastagem e alimentação

  • Conhecer o histórico da pastagem e da alimentação dos bezerros é crucial. Se eles foram recentemente introduzidos em pastos de Brachiaria ou consumiram alimentos contaminados, há um risco maior de desenvolver requeima.

Tratamento e manejo adequados

Foto de animal com feridas mandada por telespectador. Foto: José Carlos ao Giro do Boi

Para lidar eficazmente com a doença, é essencial adotar um tratamento abrangente e medidas de manejo adequadas. Após identificar os sinais, o primeiro passo é remover os bezerros do pasto infestado para um local sombreado, evitando assim mais danos pela exposição solar. Em seguida, é fundamental buscar orientação veterinária para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado. Isso pode envolver o uso de pomadas cicatrizantes para tratar feridas externas, hepatoprotetores para proteger o fígado, além de anti-inflamatórios e antibióticos conforme necessário.

Além do tratamento direcionado, a manutenção e prevenção são aspectos-chave no manejo da requeima. A lavagem regular das áreas afetadas com soluções adequadas ajuda a manter a limpeza e prevenir infecções secundárias. Além disso, a roçagem do pasto é recomendada para reduzir a altura da vegetação, diminuindo assim a proliferação do fungo causador da requeima. O acompanhamento veterinário regular é fundamental para avaliar a evolução do tratamento e fazer ajustes conforme necessário, garantindo a recuperação rápida e eficaz dos bezerros afetados.

Melhores formas de evitar a doença

requeima em bovinos
Foto: Divulgação

Para evitar a ocorrência da requeima em bezerros, é fundamental adotar medidas preventivas adequadas:

Seleção de pastagens seguras: Opte por pastagens que não sejam propensas à infestação pelo fungo causador da requeima, como evitar o uso de Brachiaria decumbens, conhecida por abrigar o Pithomyces chartarum.

Diversificação da alimentação: Introduza uma variedade de plantas na dieta dos bezerros, evitando a dependência de uma única espécie de pastagem. Isso reduzirá a exposição dos animais a possíveis fontes de contaminação.

Monitoramento regular: Realize inspeções frequentes nas pastagens e nos animais para detectar precocemente qualquer sinal de infestação ou sintoma de requeima. A detecção precoce permite a implementação rápida de medidas corretivas.

Manejo adequado do pasto: Mantenha o pasto bem cuidado, realizando roçagens regulares para controlar o crescimento da vegetação. Isso não só ajuda a reduzir a proliferação do fungo, mas também melhora a qualidade da pastagem.

Consulta veterinária: Estabeleça um programa de acompanhamento veterinário regular para os bezerros. O veterinário poderá fornecer orientações específicas de manejo e identificar potenciais riscos à saúde dos animais.

Vacinação e suplementação: Considere a possibilidade de vacinação contra doenças que possam comprometer a saúde dos bezerros e a suplementação nutricional para fortalecer o sistema imunológico dos animais.

Fique ligado no capim para evitar a requeima em bovinos

 requeima em bovinos
Foto: Giro do Boi

A relação entre certos tipos de capins e a requeima em bovinos é um fenômeno complexo e intrigante na biologia. Pesquisas experimentais com búfalos intoxicados por excesso de cobre, que afeta o fígado, revelaram que a transição para pastagens de braquiária, como a B. decumbens, pode desencadear casos de fotossensibilização. Esta espécie, juntamente com outras como a B. brizantha Marandu, B. humidicola e B. ruziziensis, são reconhecidas como principais causadoras da condição. O fungo Phitomyces chartarum, encontrado nestes capins, produz a toxina esporodesmina, associada aos surtos de fotossensibilização que ocorrem em áreas de pastagem, especialmente em anos chuvosos e quentes.

A esporodesmina é uma micotoxina gerada em condições específicas, como a decomposição de folhas mortas de capins durante períodos de alta umidade e temperatura. A incidência da requeima é mais comum em pastagens de braquiária, principalmente quando deixadas para uso durante os períodos de seca. A presença do fungo e a produção de esporodesmina estão diretamente relacionadas à infestação por Phitomyces chartarum, embora cerca de 20% das cepas deste fungo não produzam a toxina, acrescentando uma camada adicional de complexidade ao fenômeno.

Grande importância do acompanhamento veterinário nas fazendas

veterinario - requeima em bovinos
Foto Divulgação.

O acompanhamento veterinário desempenha um papel crucial na fazenda, contribuindo para a saúde, bem-estar e produtividade do rebanho. Os veterinários são essenciais na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, além de oferecerem orientações sobre manejo, nutrição e reprodução. Além disso, sua expertise garante a conformidade com normas sanitárias e de bem-estar animal, promovendo a segurança e qualidade dos produtos pecuários.

Investir em uma parceria sólida com profissionais veterinários é fundamental para garantir a eficiência operacional da propriedade, reduzir perdas econômicas e assegurar a sustentabilidade a longo prazo das operações pecuárias. Com o acompanhamento regular e orientações especializadas, os pecuaristas podem maximizar o potencial produtivo de seu rebanho, garantindo alimentos seguros e de alta qualidade para o consumo humano.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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