Futuros prefeitos do Rio Grande do Sul vão ‘herdar’ prejuízos bilionários

As enchentes de maio, que atingiram 478 dos 497 municípios gaúchos, terão impactos financeiros duradouros, criando um passivo que será uma herança desafiadora para os futuros prefeitos no Rio Grande do Sul.

O Rio Grande do Sul, com seus 497 municípios, é o terceiro maior estado do Brasil em número de cidades. Recentemente, as enchentes de maio atingiram duramente o estado, afetando 478 municípios e gerando um prejuízo estimado em mais de R$ 13 bilhões, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O maior impacto foi sentido no setor habitacional, com perdas de cerca de 114 mil casas, enquanto a agropecuária sofreu um prejuízo de quase R$ 6 bilhões. Esses números ressaltam os desafios monumentais que aguardam os futuros prefeitos eleitos no pleito de 2024.

As eleições municipais de 2024, marcadas para iniciar no dia 6 de outubro, terão grande importância, especialmente no Rio Grande do Sul, onde os novos prefeitos herdarão um cenário de reconstrução e recuperação financeira. O peso das enchentes trará uma responsabilidade significativa para os próximos gestores, que precisarão articular soluções imediatas para mitigar os danos econômicos e sociais.

As eleições de 2024 serão um marco importante não apenas para os gaúchos, mas para todo o Brasil, pois definirão os novos prefeitos e vereadores que atuarão até 2028. O pleito será essencial para a escolha de líderes capazes de lidar com as complexidades da administração pública em meio a crises climáticas e seus efeitos devastadores na infraestrutura e na economia local. Além disso, o passivo financeiro gerado pelas enchentes será um tema central nas campanhas, exigindo candidatos preparados para enfrentar o grande desafio de equilibrar os orçamentos municipais e promover uma recuperação sustentável.

A data de 6 de outubro de 2024 marcará o primeiro turno da votação, e, se necessário, o segundo turno ocorrerá em 27 de outubro. Essas eleições são um momento decisivo para a população escolher gestores que possam guiar suas cidades em um momento crítico de reconstrução, buscando soluções eficazes e duradouras para os problemas gerados pelas enchentes.

Estragos e passivo eleitoral para os prefeitos do Rio Grande do Sul

Além da agropecuária, o turismo foi um dos setores da economia mais atingidos pelas tragédias que marcaram o Rio Grande do Sul entre os meses de maio e junho deste ano. As enchentes em mais de 90% dos municípios gaúchos destruíram também pontos turísticos históricos e destinos tradicionalmente procurados por milhões de visitantes todos os anos. Só nas cidades de Gramado e Canelas, o prejuízo para quem vive do turismo chegou a R$ 500 milhões nos dois meses. Esses e outros dados foram apresentados por empresários e prefeitos gaúchos em audiência pública realizada pela Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados.

O deputado Daniel Trzeciak (PSDB-RS), destacou a cobrança dos prefeitos gaúchos para a liberação desses recursos. Ele disse que os municípios pequenos precisam do dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios para se reerguerem. “[Precisam] também da recomposição do ICMS, porque senão a gente não tá falando de dinheiro novo. O que os prefeitos e os municípios precisam é de recursos para que obviamente a vida possa voltar ao normal o mais rápido possível.”

Grandes desafios estão por vir

Os próximos gestores municipais do Vale do Taquari enfrentarão grandes desafios. A região, composta por 36 municípios, foi duramente impactada pelas enchentes, e sua economia depende fortemente da agropecuária. Em cidades como Estrela e Roca Sales, a agropecuária representa até 45% da arrecadação, enquanto em Arroio do Meio, somada à indústria, chega a 79%.

Com um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de mais de R$ 98 bilhões em 2023, o estado enfrenta uma grave crise econômica após as enchentes. Segundo o Sindicato Rural de Roca Sales, as perdas no setor agropecuário podem levar a uma queda drástica na arrecadação dos municípios.

Além disso, as próximas gestões terão que lidar com a reconstrução de estradas, pontes e infraestruturas de produção, essenciais para manter a atividade agrícola.

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