Future Cow vai produzir “Leite Cultivado Sem Vaca” no Brasil

Nesse processo, a Future Cow utiliza uma cópia do DNA da vaca para programar microrganismos a produzirem proteínas do leite de forma idêntica ao original, sem necessidade de criar, alimentar ou ordenhar animais, chamado de leite cultivado.

O mercado de proteínas alternativas no Brasil segue em franca expansão, movimentando mais de R$ 1 bilhão anualmente. Agora, um novo avanço promete transformar o setor de laticínios: a Future Cow, uma startup brasileira que combina foodtech e deeptech, está desenvolvendo um processo inovador para produzir leite sem a necessidade de vacas. Nesse processo, a empresa utiliza uma cópia do DNA da vaca para programar microrganismos a produzirem proteínas do leite de forma idêntica ao original, sem necessidade de criar, alimentar ou ordenhar animais, chamado de leite cultivado.

A empresa anunciou uma nova rodada de captação via crowdfunding na Captable, buscando R$ 1,5 milhão para aprimorar sua tecnologia e viabilizar a produção em larga escala. Com essa estratégia, a startup pretende oferecer uma solução escalável e sustentável para grandes indústrias do setor de laticínios, sem precisar lançar seu próprio produto no varejo.

Leite sem vaca: como funciona?

Diferente das bebidas à base de plantas, como leite de soja e amêndoas, o “leite cultivado” da Future Cow é produzido por meio da fermentação de precisão. O processo utiliza uma cópia do DNA da vaca para programar microrganismos a produzirem proteínas do leite idênticas às naturais, eliminando a necessidade da criação, alimentação ou ordenha de animais.

“Atuamos como uma startup de ingredientes. Nosso objetivo é fornecer a base para que grandes indústrias de laticínios possam produzir leite e derivados sem precisar do animal“, explica Leonardo Vieira, cofundador e CEO da Future Cow.

A tecnologia promete não apenas reduzir custos, mas também aumentar a eficiência na produção de proteínas lácteas. Atualmente, o processo já produz uma quantidade considerável de proteínas, mas a meta é aumentar esse rendimento e reduzir os custos unitários antes da fase comercial.

Escala industrial para produção do leite cultivado até 2026

O plano da Future Cow é atingir escala industrial até 2026. Para isso, a startup busca captar R$ 1,5 milhão, que será utilizado para aprimorar a produtividade do processo e viabilizar a produção em larga escala.

As projeções da empresa são ambiciosas:

  • 2027: Receita prevista de R$ 66 milhões
  • 2028: Receita estimada de R$ 115 milhões

Desde sua fundação, a Future Cow já recebeu investimentos de fundos internacionais, como Antler e Big Idea Ventures (Cingapura). Além disso, contou com recursos da FAPESP e do CNPEN, por meio de programas de aceleração de deep techs no Brasil.

leite criado em laboratório - Thiago Pereira
Foto: Thiago Pereira

Mercado e oportunidades

A indústria de laticínios no Brasil movimenta anualmente R$ 91,8 bilhões, sendo que as 13 principais empresas do setor respondem por R$ 23,3 bilhões desse montante. Se a Future Cow conquistar 10% desse mercado com o leite cultivado, o impacto financeiro poderá ultrapassar R$ 2,3 bilhões.

Nos Estados Unidos, empresas como Perfect Day e New Culture já captaram mais de US$ 4 bilhões para o desenvolvimento de proteínas alternativas, sinalizando um mercado aquecido e cheio de oportunidades.

“O mercado brasileiro está atento a essa revolução. A fermentação de precisão é o caminho mais eficiente e escalável para essa transformação“, afirma Leonardo Vieira.

Leite cultivado foi destaque em evento do setor

A tecnologia da Future Cow foi um dos destaques na Plant-Based Tech e New Meat Brazil, eventos pioneiros que ocorreram nos dias 14 e 15 de março de 2025, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

Organizados pela TRIOXP Feiras e Eventos, esses encontros reuniram os principais players e especialistas do setor para discutir as tendências em proteínas alternativas.

O New Meat Brazil focou nas inovações em carnes cultivadas e proteínas alternativas, enquanto o Plant-Based Tech trouxe novidades sobre produtos e ingredientes à base de plantas. A programação incluiu painéis, exposições e oportunidades de networking para impulsionar a revolução da alimentação sustentável.

Com sua proposta inovadora e um mercado em ascensão, a Future Cow pretende revolucionar a forma como o leite é produzido no Brasil, trazendo mais sustentabilidade e eficiência para a indústria de laticínios.

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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