Pecuaristas já contabilizam os prejuízos, pois cada boi que permanece no confinamento gasta uma diária de R$ 20,00 a mais; Confira o alerta abaixo!
O mercado do boi gordo apresentou um cenário de estabilidade nesta quinta-feira (2/9), já que os negócios envolvendo o setor produtivo da pecuária de corte praticamente pararam. Os rumores e a desinformação causaram grande prejuízo ao setor, aguardando um posição técnica, as indústrias suspenderam as compras e os pecuarista contabilizam os prejuízos.
Todos os envolvidos aguardam ansiosos uma declaração mais esclarecedora por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre a veracidade ou não de um novo caso, em Minas Gerais, de “vaca louca” atípica (Encefalopatia Espongiforme Bovina – BSE, na sigla em inglês).
O mercado do boi gordo tem trabalhado em compasso de espera, aguardando uma definição sobre a suspeita de um caso atípico de vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) em Minas Gerais.
Mesmo antes de uma eventual confirmação de BSE atípica (BSE, na sigla em inglês) é importante ter em mente que a BSE atípica já ocorreu algumas vezes no Brasil, sendo a última vez em meados de 2019.
A BSE atípica é uma doença que acomete aleatoriamente animais de idade avançada e não tem nada a ver com questões relacionadas à alimentação do gado ou sanidade da cadeia. Tanto é que o risco de BSE no Brasil era e continuou como insignificante após 2019, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
O Indicador do Cepea apresentou desvalorização e os valores saltaram de R$ 305,50/@ para o patamar de R$ 305,10/@, uma queda 0,40% no comparativo diário. O mercado deverá seguir travado, onde as indústrias suspenderam os abates até a próxima semana.
Pelo acordo que temos com a China, o Brasil se compromete a suspender os embarques de carne bovina, caso haja confirmação de casos de BSE. Em 2019, houve essa suspensão e em cerca de duas semanas os embarques foram novamente liberados. O mercado do boi gordo cedeu 3,6% com o evento, mas os preços futuros abriram oportunidades interessantes para travar a compra de arrobas (travar reposição).
Obviamente, esta situação de incerteza afeta os ânimos, ainda mais quando o vendedor tem gado em confinamento, com data de abate muito menos maleável. Talvez essa seja a grande diferença do momento atual (caso isso se confirme), em relação ao observado em 2019, quando o cenário era de transição entre o final da safra e início da chegada de gado confinado.
Em resumo, o cenário é de espera, com muitos frigoríficos fora das compras.
Fiscais também estão atrapalhando as exportações
A suspeita de um caso do mal da “vaca louca” em Minas Gerais está longe de ser a única dor de cabeça dos frigoríficos brasileiros. As ameaças de greve dos fiscais agropecuários federais estão tirando o sono de executivos da indústria e já paralisam os abates em algumas unidades.
De acordo com uma fonte graduada do setor privado, pelo menos três frigoríficos já pararam de abater por causa da demora deliberada dos fiscais em assinar o certificado internacional que autoriza as exportações. “Isso é grave. Os fiscais estão levando cinco dias para liberar o certificado”, disse a fonte.
Os problemas na liberação dos certificados somam-se à escassez de contêineres já enfrentada pelos frigoríficos, o que atrapalha a gestão de estoques.
Vale lembrar que, no segundo trimestre, JBS e Marfrig já reportaram impactos expressivos com o aumento dos estoques, um reflexo da falta de contêineres. A JBS registrou um impacto de R$ 3 bilhões e a Marfrig, de R$ 700 milhões.
Cerca de 38% da carne bovina importada pela China vem do Brasil, de forma que a ausência do Brasil aumentaria essa lacuna nesse cenário de PSA. Além disso, a curva sazonal de importações histórica, principalmente da China, mas não só lá, é de aceleração e alcance do potencial importador do mercado externo em torno de outubro e novembro. Possivelmente, o Brasil não exportará em setembro e será necessário fazer estoque por conta do Ano Novo Chinês.
Nessa linha, já estavam vindo os resultados das exportações de agosto, que foram recordes. As perspectivas eram de exportações recordes no segundo semestre de 2021, mas com esse cenário da EEB, há uma mudança completa. Há também no momento os problemas de logística, com indisponibilidade de contêineres, fretes elevados, indisponibilidade de navios.
No entanto, no mercado futuro do boi gordo, negociado na B3, todos os contratos com vencimentos em 2021 registram quedas acentuadas na última quarta-feira (1º de setembro), refletindo a preocupação com uma possível paralisação das exportações de carne bovina, caso seja confirmado a existência de um animal contaminado pela doença de “vaca louca” atípica em Minas Gerais.
Os contratos futuros com vencimento em outubro/21 e novembro/21 recuaram, respectivamente, R$ 13,60 e R$ 11,55, para patamar R$ 296,95/@ e R$ 306,70/@, respectivamente.
O contrato de vencimento mais curto, apresenta significativa variação negativa de R$ 13,60, atingindo R$ 296,40/@.
- Valor Bruto da Produção atingirá R$1,31 trilhão na safra 24/25
- Competitividade do frango frente à carne suína é a maior desde novembro de 2020
- Conheça os números do setor madeireiro de Mato Grosso
- “Produtor rural brasileiro merece respeito”, afirmam entidades após boicote do CEO do Carrefour
- Fávaro: “que empresas brasileiras deixem de fornecer carne até para o Carrefour Brasil”
Atacado
No mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos, assim como do couro e sebo industrial, também permaneceram estáveis nesta quinta-feira. A procura por reposição não apresentou reação, em função da dificuldade de escoamento da carne no varejo.
“Os varejistas e distribuidores esperam reação do consumo durante o final de semana, devido ao recebimento dos salários”, observa a IHS. O feriado de terça-feira (07/09) deve acelerar o recebimento dos salários, concentrando as aquisições de proteína bovina já nos próximos dias, acrescenta a IHS. Porém, até o momento, as ofertas no atacado seguem superiores ao volume demandado, trazendo instabilidade aos preços.