Mesmo no Brasil, onde os frigoríficos sofrem com o boi caro, os sinais de melhora de margem também existem, argumentaram os analistas. Veja!
A China ainda não retomou as compras de carne brasileira, mas o apetite voraz do país asiático fez a ação de diversas empresas exportadoras de carne ter uma forte alta na última sexta-feira. “Não há carne bovina suficiente no planeta”, escreveram os analistas Ricardo Alves e Victor Tanaka, num relatório distribuído a clientes, o Morgan Stanley recomendou a compra dos papéis. Frigoríficos estão “blefando” ou “fechando” por necessidade?
No mercado, há grande ansiedade com a retomada das exportações à China, mas uma fonte confia que um desfecho positivo pode ocorrer na próxima semana, normalizando as vendas em outubro. A China responde por quase 60% das exportações de carne bovina brasileira, uma dependência que também gera riscos.
O cadeia produtiva da carne bovina passou por grandes mudanças e viu um cenário positivo, mas também desafiador, desde que a China habilitou as indústrias brasileiras para exportação da carne para a gigante asiática. O país, maior centro consumidor do mundo viu seu rebanho de suínos ser dizimado pela Peste Suína Africana, causando um desabastecimento e uma verdadeira “corrida pela proteína”.
Foi nesse cenário que o Brasil se colocou como o principal fornecedor de uma carne de qualidade e “barata”, frente aos seus concorrentes. Entretanto, a grande atratividade deste mercado que é um grande aliado comercial do país, causou também uma dependência.
Enquanto a China se mostrava voraz pela carne bovina brasileira, o mercado interno viu seus consumidores se afastarem das gôndolas dos supermercados, já que os preços internos também tiveram uma disparada para o consumidor brasileiro.
O somatório desse cenário foi uma balança desregulada e com grande desgaste no mercado interno, que atualmente responde por cerca de 70% do consumo da carne bovina que é produzida pelo país. Mas, depois de um breve histórico, vamos ao que realmente interessa: “os frigoríficos estão utilizando toda a situação como uma manipulação do mercado”. A frase foi dita de diversas formas e em diversos canais nos últimos dias.
Sendo assim, viemos relatar alguns fatos que podem ser olhados com uma visão mais conservadora e sem tomar partido de lado A ou B. A pecuária de corte viu os preços da arroba ultrapassar a marca de R$ 325,00/@, principalmente para aqueles animais que atendem o mercado da exportação, ou seja, animais até 30 meses de idade.
A indústria, nesta situação, possuía margem e contratos onde a tonelada da carne era negociada por mais de U$ 5.500,00, o que deixava as indústrias com uma boa margem para negociar a matéria-prima. Mas a situação mudou, e os asiáticos começaram a barganhar. O que mudou o jogo!
Indústrias de grande porte, como as voltadas ao mercado de exportação, possuem um custo fixo elevado para suas operações, o recente embargo da China, com a suspensão provisória das importações, fez com que essas empresas tivessem que remanejar suas escalas e, com isso, efetuar o emprego das férias coletivas.
Isso não é uma jogada de mercado para baixar o preço da arroba ou para desestabilizar o mercado do boi, é uma contenção dos custos que é normal em qualquer empresa, de qualquer ramo. O silêncio da China, trouxe um alerta ao mercado, que agora precisa avaliar com cautela os próximos passos.
Falando das indústrias de pequeno e médio porte, aquelas que tem o mercado interno como foco, possuem um custo fixo mais baixo e estão ainda encontrando um mercado apertado, mas com lucro. Diante da retirada das grandes indústrias do campo, elas estão conseguindo formar escalas comprando matéria prima de pecuaristas que estão mais apertados com os custos de produção destes bovinos.
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Uma coisa é certa, a indústria não joga para perder, isso é fato. Mas o pecuarista atual também sabe que uma empresa vive de números e busca negociar seus animais da melhor maneira possível, evitando qualquer prejuízo. Sendo assim, recomendamos que exista cautela na hora de negociar e, claro, que se tenha um planejamento estratégico.
Amigos, tudo que sobrevive a um crise sai dela mais forte! Assim é o setor da carne bovina brasileira. Turbulências foram vividas no passado e essas foram vencidas por aqueles que sabem realizar uma gestão de riscos, levando em conta os fatores internos e externos a sua produção.