Frigorífico “abandona” o mercado e preços caem

Aproveitando as escalas de abate, os frigoríficos abandonaram as compras e aproveitaram para aumentar a pressão de baixa nos preços da arroba, veja!

O mercado físico do boi gordo registrou preços predominantemente mais baixos nesta segunda-feira, onde as praças paulistas são as mais afetadas negativamente pela pressão da indústria. Do outro lado, os pecuaristas continuam a amargar prejuízos com os altos custos dos insumos e reposição.

A baixa liquidez no mercado do boi gordo deve-se sobretudo ao enfraquecimento da demanda interna de carne bovina, um reflexo do baixo poder de compra da população brasileira, que sente o bolso mais vazio neste período final de agosto, devido ao maior distanciamento do recebimento dos salários, no início do mês.

Atenção para os próximos dias.

Segundo a Scot Consultoria, o mercado paulista inicia a semana com preços estáveis para o boi e vaca gordos, mas com queda de R$2,00/@ para a novilha gorda. As indústrias frigoríficas abriram o dia pressionando o mercado, mas poucos negócios foram concretizados.

O boi, vaca e novilha gordos estão sendo negociados, respectivamente, em R$315,00/@, R$292,00/@ e R$308,00/@, preços brutos e a prazo, apontou a consultoria.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 314,07/@, na segunda-feira (23/08), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 303,98/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 314,99/@.

O Indicador do Cepea apresentou valorização no fechamento de ontem e os valores saltaram de R$ 313,40/@ para o patamar de R$ 313,75/@, uma alta de 0,35% na comparação diária. O valor do Indicador teve um recuo de R$ 6,00/@ quando comparado com o valor médio de 30 dias atrás.

Para o ”boi China”, aqueles animais de até 30 meses de idade, os negócios ocorrem até R$320,00/@, preço bruto e à vista. A demanda por essa categoria é maior, tendo em vista a valorização do dólar que tem aumentado a competitividade da carne brasileira e as exportações que seguem em ritmo aquecido, mirando um novo recorde!

Frigorífico confortável, pecuarista nem tanto!

Segundo o médico veterinário Leandro Bovo, sócio-diretor da Radar Investimentos, a máxima de R$ 320/@ pago ao boi-China em São Paulo tem ficado mais difícil de ser vista e, aos poucos, as negociações caminham para o patamar dos R$ 315/@  – algumas indústrias paulistas já testando o patamar dos R$ 310/@.

“São Paulo não está sozinho nessa situação; no estado de Goiás a pressão (de baixa de preços) tem sido até maior”, observa o analista.

Segundo Bovo, o alto custo da engorda no confinamento – que subiu ainda mais depois da quebra da safrinha do milho ocasionada pelos registros recentes de geadas – inviabiliza a estratégia de segurar os animais prontos nas fazendas, à espera de preços melhores.

Situação Crítica para o Pecuarista

“A oferta de animais de confinamento em um ambiente pautado pelos custos de nutrição animal em um patamar bastante acentuado reduz a capacidade de retenção. Somado a isso, precisa ser considerada a incidência de animais a termo, além da utilização de confinamentos próprios, que torna a situação dos frigoríficos de maior porte ainda mais confortável”, disse Iglesias da Agência Safras.

Por outro lado, as exportações caminham em ótimo nível no decorrer do
mês de agosto, com possibilidade de um novo recorde histórico em termos de volume. “O Brasil ganha mercado ante a Argentina e a Austrália, que sofrem com problemas distintos para atender a demanda internacional”, assinalou Iglesias.

Mercado Futuro

No mercado futuro, os contratos futuros do boi gordo registraram variações mistas na B3, sinalizando um possível suporte em relação aos movimentos de queda observados nas últimas semanas.

Os papeis com vencimento em outubro/21 e novembro/21 apresentaram, respectivamente, variação negativa de R$ 0,45 e positiva de R$ 1,60, para R$ 313,65/@ e R$320,10/@, respectivamente.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 314 na modalidade a prazo, ante R$ 315 na sexta-feira.
  • Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 304, estável.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 316, ante R$ 316 a R$ 317.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 307 a R$ 308, contra R$ 307.
  • Em Uberaba (MG), preços a R$ 316 a arroba, estáveis.

Atacado

Já no mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem acomodados. Segundo Iglesias, a expectativa é de avanços da reposição entre atacado e varejo no período de virada de mês, considerando a entrada dos salários na economia como motivador da reposição entre atacado e varejo. As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 738,5 milhões em agosto (15 dias úteis), com média diária de US$ 49,238 milhões.

O quarto dianteiro foi precificado a R$ 16,90 por quilo. O quarto traseiro
teve preço de R$ 21,25 por quilo, estável. Já a ponta de agulha foi precificada a R$ 16,90 por quilo.

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