Fórum debate estratégias de comunicação no agronegócio

Especialistas debatem estratégias de comunicação no agronegócio; encontro fez parte da programação do segundo Universo Pecuária em Lavras do Sul (RS)

O Universo Pecuária teve neste sábado, 2 de novembro, o Fórum de Comunicação e Marketing no Agronegócio. O encontro, mediado pela SIA – Sistema de Inteligência em Agronegócios, ocorreu na Arena de Inovação & Negócios, no Parque do Sindicato Rural de Lavras do Sul (RS).

Na abertura, a integrante da diretoria da Farsul Jovem, Júlia Antiqueira, falou sobre “O Papel da Pecuária no Combate à Fome”. A médica veterinária deu exemplos de como o agronegócio brasileiro tem influência na vida das pessoas. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 28,6 milhões de pessoas têm o setor como fonte de renda.

Júlia defendeu ainda a importância de mostrar como a pecuária funciona e tudo que envolve. “Se ainda existe desinformação, a respeito de boi, vaca e carne, os responsáveis somos nós, que produzimos e sabemos a realidade dos fatos, e ainda não estamos fazendo o nosso papel para informar mais pessoas“, ponderou Júlia. “A fome é uma realidade no Brasil, pouco se fala, mas existe, e é um fato. E aí, poderia citar o trabalho, o agronegócio, a pecuária, a comunicação, como algumas das respostas para a gente começar a caminhar para uma solução desse problema”, completou.

Já a consultora em Comunicação, Lívia Padilha, palestrou sobre “Comunicação que Gera Conexão: Desmistificando a Pecuária”. Lívia mostrou que a Comunicação tem a tarefa básica de estabelecer uma ponte entre os públicos do campo e da cidade. “A tecnologia hoje em dia faz com que esses dois públicos estejam mais próximos do que se imagina e ela tem servido para que a população da cidade tenha curiosidade em conhecer melhor o dia a dia do campo”, destacou.

Lívia discorreu também sobre publicações que detalham as propriedades nutricionais da carne e aspectos de manejo de solo com sustentabilidade, especialmente o livro “A carne Nossa de Cada Dia”, de Diana Rodgers e Robb Wolf. Ela também mostrou alguns cases de pessoas saudáveis que fazem dietas à base de carne e divulgou algumas iniciativas de negócios informados nas redes sociais com base em produtos e subprodutos agropecuários.

Na sequência, o diretor da Associação Brasileira de Marketing Rural e do Agronegócio (ABMRA), Alberto Meneghetti, falou sobre “Agro – Uma Paixão Nacional”. Ele enfatizou que uma marca, além do significado, tem que ter propósito e mostrar isso. “Há 50 anos, o agro perde a oportunidade de contar boas histórias”, salientou.

Meneghetti divulgou dados de uma pesquisa da entidade sobre como o setor é visto. Segundo o estudo, 51% das pessoas propensas a boicotarem o agro têm entre 15 e 29 anos e 54% dos produtores acreditam que a população tem uma percepção regular ou péssima do campo. “Temos que trabalhar bastante para que as coisas boas apareçam”, alertou. O executivo apresentou, ainda, o Projeto Marca Agro do Brasil, que tem como objetivo mostrar a realidade do setor, desmistificando fake news, envolvendo todas as camadas da sociedade.

O jornalista Nestor Tipa Júnior, da agência de Comunicação Agroeffective, e Ignacio Lemos, da Publique Agência, falaram sobre o tema “A Nova Era da Comunicação no Agro”. Tipa Júnior identificou a Linguagem como o maior gargalo nesse momento do Agronegócio e que tem trabalhado no sentido de aproximar mais o agro da sociedade por meio da Comunicação.

O jornalista fez uma analogia com uma discussão de casal, onde um é a sociedade e o outro o campo, sendo que o debate acaba estabelecendo mais um isolamento do que uma conexão. “Temos que trocar o “ou” pelo “e”. O que o agro faz é: “eu preciso me comunicar para dentro da porteira”. Mas isso não pode ser uma coisa excludente, ou dentro da porteira ou fora da porteira. Temos que nos comunicar para os dois públicos, mas de formas diferentes, tentar encaixar uma maneira que consigamos passar uma boa mensagem e defender o público alvo, mas também ser propositivo para a sociedade”, sugeriu.

Sobre o combate às fake news, Tipa Júnior mostrou como caminho mais adequado para a imprensa, trabalhar com dados fundamentados em estudos e em estatísticas.

Já Ignácio Lemos apresentou cases e mostrou como a agência trabalhou com as marcas e como começou com o agro. Segundo ele, a partir do primeiro cliente do setor, perceberam que necessitavam contar a história, a peculiaridade de cada um. “Antes, as famílias eram impactadas pela mídia tradicional. Hoje, com as redes sociais, tudo mudou. Precisamos inserir pessoas, histórias. No agro não é diferente,” afirmou.

Por fim, a diretora Técnica do Universo Pecuária, Marcela Santana, mediou uma mesa redonda com os palestrantes que responderam perguntas da plateia. Sobre o Fórum, Marcela afirmou ter sido essa uma oportunidade especial de estabelecer um paralelo entre as visões dos profissionais do campo e da Comunicação.

“Tivemos aqui produtores técnicos com sentimento, com essência, com propósito, que têm uma vivência, têm uma realidade. E tivemos também profissionais da Comunicação que trouxeram o conhecimento e a técnica da linguagem, e pessoas da cidade também, que acabaram entrando no mundo do agro, que é vasto e com amplas possibilidades de conexão entre todos”, concluiu.

O Universo Pecuária é uma realização do Sindicato Rural de Lavras do Sul, com a correalização da Cotrisul, Prefeitura de Lavras do Sul, Sebrae RS, Senar RS e Farsul, com projeto e execução da SIA – Serviço de Inteligência em Agronegócios.

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