Apontado como autor do crime em área rural de Arembepe está preso. Investigação foi aberta pela polícia para saber a motivação do crime.
O edredom encharcado de sangue ainda estava no corredor da casa na manhã desta terça-feira (2). O cobertor foi usado para amarrar o policial militar da reserva Rinaldo César Bezerra, 62 anos, e a mulher dele, Raimunda da Conceição Souza, 45, encontrados mortos na tarde desta segunda-feira (1º), em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS).
O casal apresentava marcas de facão por todo o corpo, resultado dos golpes aplicados, segundo a Polícia Civil, pelo próprio filho, Marcos Vitor Souza Bezerra, 22, que de acordo com as investigações, é usuário de drogas.
Marcos foi preso em flagrante pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Agentes da unidade foram acionados ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde ele deu entrada na noite de segunda.
Em circunstâncias ainda não esclarecidas pela polícia, moradores da Chapada do Rio Vermelho espancaram Marcos, que fugiu para o local logo após o crime. Ele foi atacado por uma multidão e salvo por uma guarnição da Polícia Militar.
O caso é investigado pela 26ª Delegacia (Vila de Abrantes). “Ainda estamos apurando. Não temos muitas respostas, a exemplo sobre a motivação do crime e como os moradores dela Chapada souberam do crime”, declarou a delegada.
Crime
O crime aconteceu pouco depois do meio-dia desta segunda, na Rua da Viola, na localidade de Coqueiro de Arembepe. O local é uma região de chácaras e sítios e difícil acesso por conta de alguns trechos de mata fechada e estrada de barro.
“A gente estranhou a fumaça que saia do telhado da casa e acionamos o Corpo de Bombeiros. Quando um dos bombeiros tentou pular o muro, avisamos que na casa tem um pitbull, mas o animal estava preso e inquieto”, contou um vizinho entrevistado pelo CORREIO na manhã desta terça-feira (2).
Ele disse que os bombeiros demoraram cerca de 45 minutos para conter as chamas que estavam no andar superior da casa. Somente com o controle do fogo que os corpos foram encontrados. “Estavam amarrados num edredom com vários cortes de facão. Algo terrível de se ver e acreditar que foi o próprio filho que fez uma barbaridade daquela com os próprios pais”, declarou o vizinho.
O vizinho comentou ainda que no imóvel só costumava ficar os três. “Não vimos ninguém além deles. A casa era sempre frequentada pelo casal e o filho”, contou. Quando perguntado se sabia que o rapaz era usuário de drogas, o morador se mostrou surpreso. “Estou sem entender. Nunca soube de envolvimento dele, nem que ele andasse com os meninos daqui, que são dessas coisas. Pelo contrário. Sempre o vi com os pais numa picape ou passeando com o carro”, declarou.
Um outro vizinho disse ao CORREIO que o casal e o filho passaram a com mais frequência à casa há cerca de um ano. Eles moravam em Salvador e tinham o imóvel como local de veraneio. “Foi quando começaram a serem vistos com mais vezes por aqui. Aproveitaram para fazer uma reforma. Ele e a mulher (casal) eram de falar muito pouco. Davam ‘bom dia’, ‘boa tarde’, mas não eram de conversas, de parar num bar, de socializar. Eram muito fechados, assim como o filho”, disse.
Investigação
Na manhã desta terça-feira (02), a casa de dois andares estava trancada. Os vidros de algumas janelas se partiram por conta do calor das chamas. No corredor do lado direito do imóvel, sangue no chão, supostamente deixados pelos corpos arrastados para não serem consumidos pelas chamas. Na garagem do imóvel estava a picape Renault Oroch da família – o que intriga a polícia em relação à fuga.
“Precisamos ouvir testemunhas para termos detalhes de como ele conseguiu deixar o local”, disse a delegada Daniele Monteiro, responsável pela investigação. Do local do crime até a entrada da localidade são 4 quilômetros de distância e raramente um imóvel conta com a instalação de uma câmera.
Monteiro disse que, apesar de a população local falar da boa convivência entre os pais e o filho, parentes das vítimas disseram o contrário. “Os pais não aceitavam que o filho fosse usuário de drogas e por isso brigavam”, disse a delegada ao CORREIO.
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Peritos do Departamento de Polícia técnica (DPT) encontraram uma vasilha de álcool e um galão de gasolina. “Provavelmente usados para pôr fogo na casa, mas só a perícia dizer. Temos ainda que ouvir o rapaz ainda que está internado”, declarou a delegada.
Monteiro disse que Marcos não tem passagem na polícia e que ele já foi interrogado por causa do crime. “Mas ainda não temos conhecimentos do conteúdo”, pontuou a delegada. A arma do crime ainda não localizada.
Fonte: Correio 24 Horas