Produção maior, custo menor e necessidade de mais recursos para financiar o agronegócio são os ingredientes para que os Fiagros cresçam
Por André Ito* – Há anos, a soja tem se apresentado como um dos mais importantes produtos na pauta de exportações do Brasil. E pelo andar da carruagem esse grão deverá manter seu grande peso no Produto Interno Bruto (PIB) por muitos anos ainda. Bom para os produtores rurais e bom para os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagros), que certamente vão crescer de mãos dadas com essa cultura que tende a necessitar de mais e mais meios de financiamento.
Segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de fevereiro, divulgado em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de soja deve crescer neste ano 21,3% em comparação com 2022, alcançando 145 milhões de toneladas. A boa notícia, no entanto, não se limita ao recorde de produção. Na contramão, os custos para o plantio estão menores. É que depois de atingirem um pico de elevação no primeiro semestre de 2022, as cotações dos fertilizados sofreram desvalorização nos últimos meses.
Produção maior, custo menor e necessidade de mais recursos para financiar o agronegócio são os ingredientes ideais para fazer com que esse tipo de fundo cresça não só em valor e em quantidade, mas em participação no mercado de financiamento privado.
Participação essa que toma corpo mês a mês. Para se ter ideia, em fevereiro de 2022 existiam 14 Fiagros que, juntos, geriam um patrimônio de R$ 2,9 bilhões. Ao final de fevereiro de 2023, o número de Fiagros já era de 50 e o patrimônio de R$ 11,90 bilhões. Deste montante, 80% são imobiliários, 19% direitos creditórios e 1% participações. O crescimento é de 257% na quantidade de fundos e de 310% no montante administrado. A informação é do Boletim Agro, emitido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária em março.
O valor ainda é pequeno se comparado a seus principais concorrentes como, por exemplo, a Cédula de Produto Rural (CPR), cujo patrimônio é de R$ 232,58 bilhões. Mas a evolução da CPR, de 81%, embora alta, não chega perto da registrada pelo Fiagro. O mesmo ocorre com outras modalidades como Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) que teve alta de 80% no mesmo período, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), com evolução de 46% e os Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) com variação de 40%.
A ótima expectativa para a soja somada a estimativas igualmente positivas para outras culturas como o milho, cuja produção estimada para 2023 é de 121,4 milhões de toneladas, 10,2% a mais que no ano anterior, vai “vitaminar” o mercado financeiro e gerar inúmeras oportunidades para o Fiagro. O investidor inteligente tem de prestar atenção nisso.
*André Ito é sócio e gestor da MAV Capital
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