Você tem o costume de analisar as fezes dos seus animais em pastejo? Caso não, deveria considerar fazê-lo, já que o esterco pode dizer muito sobre a saúde e desempenho dos animais.
A tradicional Fazenda Santa Nice, que trabalha com o melhoramento genético da raça Nelore desde 1944, tem usado suas redes sociais para transmitir conhecimento, além de divulgar seus belos e avaliados animais da raça Nelore. Recentemente eles publicaram algumas imagens de fezes bovinas de animais que são manejados no sistema de pastejo na fazenda. Na publicação o autor questiona se o pecuarista costuma avaliar as fezes dos animais no pasto, e ressalta que essa análise pode dizer muito sobre a saúde e desempenho dos animais dentro da fazenda, confira:
A textura, formato e cor das fezes, variam de acordo com a qualidade e quantidade da forragem ingerida. Nos EUA, existem até aplicativos, como o “Cow Poop Analyzer” (Apple/iPhone ou Google/Android), que auxiliam o produtor nessa análise. O aplicativo traz diferentes imagens de fezes, e as correlaciona com a qualidade da forragem ingerida, estimando os seus níveis de proteína, digestibilidade e ganho de peso proporcionado.
Seguem algumas fotos, para exemplificar:
Foto 1: trata-se do tipo ideal de fezes
A mesma deve ter coloração de abacate, ser volumosa, ter consistência firme e sem anelamentos, e apresentar uma ligeira depressão da parte superior; isso indica que a passagem da forragem pelo rúmen esta adequada, a dieta equilibrada, e que o animal está bem hidratado.
Foto 2: fezes com consistência mais liquida
Indica uma alta taxa de passagem da forragem pelo rúmen, possivelmente explicado pela baixa presença de fibras e/ou excesso de proteína. No caso de uma diarréia, está pode ser causada por alguma doença/patógeno. A presença de fibra, na medida certa, é importante para diminuir a velocidade de passagem do capim pelo rúmen, permitindo que ocorra a fermentação e extração de nutrientes. Essa consistência mais liquida das fezes costuma ser observada nos períodos de transição seca-chuva, quando os animais consomem uma forragem mais tenra.
Foto 3: fezes duras e aneladas
Indica problemas de digestibilidade e falta de proteína. A forragem muito fibrosa demanda que o organismo do animal tenha que fazer força para a passagem do capim pelo rúmen. Uma hidratação inadequada também pode ser uma das causas. No período da seca, quando as fezes começam a ficar aneladas, é a hora certa para o fornecimento do sal proteinado. A função dessa proteína, na realidade, é nutrir a biologia presente no rúmen, para que os microorganismos possam digerir de forma mais eficiente esse material mais fibroso.
Além da observação das fezes, ao vistoriarmos os lotes também costumamos checar outros indicadores de uma boa saúde e desempenho: animais calmos, pelos e cascos lisos, focinhos umedecidos e com secreções (sinal de boa hidratação), e um bom preenchimento ruminal (o “triângulo” que se observa na lateral esquerda do animal deve estar bem preenchido, especialmente ao final do dia, sinal de que houve consumo adequado de forragem).
Importância da sanidade animal
Com o passar dos anos, os criadores perceberam que as boas práticas de manejo que visam a sanidade e bem-estar animal podem representar, ao contrário do que se pensava, um menor custo de produção em longo prazo. A saúde dos animais é fundamental para uma boa produção pecuária, tanto na qualidade quanto na quantidade. A sanidade animal envolve um trabalho de prevenção, planejamento e cuidados com a qualidade de vida dos rebanhos, para que produção seja maior e melhor.
Os animais só atingem o máximo de seu potencial genético quando têm à disposição nutrição de qualidade e adequada a cada fase do seu desenvolvimento, bem como cuidados apropriados, conforto ambiental e respeito ao comportamento natural e à saúde mental.
Animais saudáveis garantem a qualidade da cadeia do setor pecuário no contexto nacional e internacional e ainda protegem a saúde pública e o meio ambiente.
