* Este artigo foi escrito pelo engenheiro agrônomo e analista de meio ambiente da FAEMG, Guilherme Oliveira.
Atualmente tem se usado muito o termo fertirrigação, e muitas vezes de forma errada. Fertirrigação nada mais é do que a aplicação de fertilizantes por meio de equipamentos de irrigação.
Na irrigação, o objetivo é suprir a necessidade de água da cultura em quantidade suficiente e no momento certo. Já o objetivo da fertirrigação é aplicar fertilizantes de maneira a suprir a necessidade nutricional da cultura.
A fertirrigação é um meio de fertilização muito eficiente por combinar alguns dos elementos mais importantes para o crescimento das culturas, que são determinantes para a definição da produtividade, ÁGUA e NUTRIENTES.
Basicamente, pode-se realizar a fertirrigação com qualquer sistema de irrigação, mas sistemas de irrigação por aspersão ou localizada (microaspersão e gotejamento) são mais adequados devido a facilidade e uniformidade da aplicação.
Confira algumas vantagens e desvantagens da fertirrigação em relação a adubação convencional.
VANTAGENS:
• Maior aproveitamento do sistema de irrigação e melhor uso do investimento;
• Diminuição das horas trabalhadas para este fim, já que a mão de obra utilizada será a mesma para irrigação;
• Uniformidade na aplicação de micronutrientes;
• Aplicação dos nutrientes de forma fracionada, obtendo maior aproveitamento pela cultura;
• Menor compactação do solo em função da redução do tráfego de máquinas para se fazer adubação por métodos tradicionais;
• Com equipamentos de irrigação bem regulados, consegue-se boa uniformidade de aplicação do fertilizante; • Possibilidade de aproveitamento de águas residuárias.
DESVANTAGENS:
• Elevação do custo inicial do sistema de irrigação;
• Aumento da perda de carga do sistema;
• Corrosão do equipamento de irrigação;
Um grande potencial da fertirrigação é a possibilidade de uso de águas residuárias, diminuindo o custo com fertilizantes.
As águas residuárias, ou seja, as águas provenientes de criatórios de animais e lavagem de produtos agrícolas (suinocultura, sala de ordenha, do curral de confinamento de bovinos, aquicultura, lavagem e despolpamento de café etc), geradas na agroindústria (laticínios, produção de açúcar e álcool, abatedouros) e até provenientes do esgoto doméstico, podem ser utilizadas em fertirrigação por serem ricas em nutrientes.
A sua utilização neste contexto, além de fertilizar o solo, evita que o efluente seja lançado sem o devido tratamento em um curso d’água.
As águas residuárias não têm os nutrientes presentes na proporção adequada conforme a necessidade da cultura, ou seja, há presença de diversos nutrientes mas em quantidades desequilibradas.
Então, torna-se necessária a realização de uma análise química dessa água residuária, de forma a estabelecer o elemento químico de referência, que determinará a dose a ser aplicada, de modo que se faça a fertirrigação adequadamente e a cultura absorva os nutrientes e não haja sobra.
O estabelecimento dessa dose pelo elemento químico de referência traz segurança para cultura, evitando a toxidez por algum nutriente, e para o meio ambiente, evitando a contaminação do solo e/ou água subterrânea por excesso de algum elemento químico, pois a fertirrigação não proporcionará o fornecimento de qualquer outro nutriente em quantidades acima das requeridas pela cultura. Neste caso será necessária a complementação dos outros nutrientes através de outras fontes.
A fertirrigação é uma técnica que pode contribuir com a sustentabilidade do empreendimento rural, diminuindo custos, economizando energia, diminuindo a compactação do solo, melhorando a produtividade e transformando águas residuárias em adubo.
Mas devemos lembrar que é necessário fazer o monitoramento do solo, por meio de análises periódicas para acompanhar a quantidade adequada de fertilizante. No caso de aplicação de água residuária, deve haver análise também para determinação do elemento químico de referência.
Fonte: Revista Produtor Itambé