Fertilizantes deveriam ficar fora de sanções por guerra, diz ministra

A ministra disse terá uma reunião com a direção da FAO, para dizer que, assim como os alimentos, os fertilizantes não poderiam sofrer sanções comerciais.

SÃO PAULO (Reuters) – O comércio global de fertilizantes não deveria ser alvo de sanções econômicas por guerras e questões geopolíticas, como as atuais envolvendo o conflito envolvendo a Rússia na Ucrânia, disse nesta quinta-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela disse terá uma reunião com a direção da FAO, o órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação, para dizer que, assim como os alimentos, os fertilizantes não poderiam sofrer sanções comerciais.

“Não pode ter sanções em cima de fertilizantes porque senão não se consegue produzir alimentos”, disse a ministra em entrevista à Jovem Pan. “A inflação mundial sobre os alimentos é uma coisa que deve preocupar a todos os países no mundo com a economia globalizada…”, adicionou ela.

Apesar das preocupações com a alta dos preços, ela garantiu que não há risco desabastecimento de alimentos por conta de uma eventual dificuldade na importação de fertilizantes da Rússia, maior exportador ao Brasil. A ministra frisou que a maior preocupação interna é com a produtividade agrícola e com a alta de preços de alimentos, devido ao repasse de maiores custos com adubos. Ela disse também que o Brasil busca fornecedores alternativos à Rússia.

Antes do início da invasão à Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro esteve na Rússia em visita oficial e se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, tendo os fertilizantes como um dos itens da pauta. “O que nos preocupa é inflação, e por isso o presidente esteve lá conversando na Rússia esse assunto tão importante dos fertilizantes”, afirmou.

“A nossa preocupação hoje é com inflação, com preço de alimentos e a garantia dessa diplomacia de fertilizantes é muito importante com todos os países que exportam para o Brasil”, destacou. A ministra reafirmou que acionou a Embrapa para estudos sobre como otimizar o uso de fertilizantes em momento de escassez, o que poderia aliviar custos dos agricultores.

“Queremos saber se podemos usar menos fertilizante e ter um potencial razoável de produção, ou seja, em vez de produzir 76 sacos, se chover bem, produzir 65 sacos. Seria produzir bem em um ano que vai ser mais complicado para safra de verão com algumas interrogações”, disse ela.

“Que a gente possa fazer com maior eficiência, com menos, fazer mais. Essa caravana da Embrapa deve partir na semana que vem para vários Estados.” Na véspera, a ministra disse que o país conta com estoques para iniciar a próxima safra de verão, com início do plantio entre setembro e outubro. Nesta quinta-feira, a associação que representa o setor, a Anda, afirmou que o Brasil tem estoques de fertilizantes para três meses.

Fonte: Reuters

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