Entre novembro e dezembro de 2024, o Brasil registrou 24 focos da doença, com destaque para os estados do Paraná (17 casos), São Paulo (4), Minas Gerais (1) e Rio Grande do Sul (1), segundo dados do Consórcio Antiferrugem
A ferrugem-asiática se destaca como uma das principais ameaças à produção de soja, sendo responsável por perdas significativas quando não controlada adequadamente. Entre novembro e dezembro de 2024, o Brasil registrou 24 focos da doença, com destaque para os estados do Paraná (17 casos), São Paulo (4), Minas Gerais (1) e Rio Grande do Sul (1), segundo dados do Consórcio Antiferrugem. A evolução da resistência do fungo aos fungicidas tem sido um desafio crescente, forçando os produtores a ajustar suas estratégias de controle no campo.
Alternativas para o controle da ferrugem-asiática
A pesquisa conduzida por Claudia Godoy, da Embrapa Soja, aponta que a adoção de sistemas de cultivo com rotação de safras, como a soja-milho ou soja-algodão, tem se mostrado uma estratégia eficaz para mitigar os impactos da ferrugem. A prática do vazio sanitário, que interrompe a semeadura por um período, reduz o inóculo do fungo, criando uma janela para que as lavouras de soja se tornem menos suscetíveis à doença. Outro avanço são as cultivares precoces, que, quando semeadas ao final do vazio sanitário, conseguem escapar da ferrugem nas primeiras semeaduras, evitando o pior da doença. “A ferrugem tende a ser mais severa em semeaduras tardias, como aquelas realizadas entre novembro e dezembro, especialmente em regiões como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, onde o clima favorece a proliferação do fungo“, afirma Claudia Godoy.
O desafio da resistência aos fungicidas
A resistência da ferrugem-asiática aos fungicidas, especialmente aos triazois (como prothioconazol e tebuconazol), tem sido uma preocupação constante. Embora esses produtos ainda apresentem eficácia, sua ação tem diminuído com o avanço da doença. A solução encontrada por muitos produtores é a combinação de fungicidas multissítios com os triazois, o que tem mostrado maior sucesso no controle. Além disso, a rotação e mistura de diferentes tipos de fungicidas são práticas recomendadas para evitar a resistência cada vez mais forte do fungo.
O papel do clima e das práticas agronômicas
O clima desempenha um papel crucial na disseminação da ferrugem-asiática. O fungo necessita de plantas vivas para sobreviver, tornando a eliminação da soja voluntária (que brota após a colheita) uma prática essencial para reduzir o inóculo durante a entressafra. Regiões com inverno mais seco, como o Cerrado, apresentam menor risco de propagação da doença, já que possuem menos plantas voluntárias. Por outro lado, o Sul do Brasil, com maior incidência de chuvas no inverno, corre mais riscos devido ao aumento do inóculo. O vazio sanitário, com a remoção de plantas voluntárias e semeaduras no inverno, é fundamental para o controle.
Em termos financeiros, os custos associados ao controle da ferrugem-asiática variam conforme a eficácia das aplicações de fungicidas e as condições climáticas da safra. Contudo, o maior gasto recai sobre o uso de fungicidas, que, além de combater a ferrugem, também são empregados no controle de outras doenças que afetam a soja.
Variedades de soja resistentes à ferrugem-asiática
O uso de cultivares geneticamente resistentes à ferrugem tem ganhado espaço, embora a resistência do fungo possa eventualmente ser superada, como ocorre com os fungicidas. Essas variedades são especialmente úteis em semeaduras tardias, quando a pressão da doença é maior. No entanto, mesmo as cultivares resistentes exigem o uso contínuo de fungicidas para um controle eficaz, resultando em uma abordagem complementar para o manejo da doença.
Manejo integrado para controle eficaz
O controle da ferrugem-asiática exige uma abordagem integrada, que combine práticas culturais, genéticas e químicas. Embora os fungicidas permaneçam como uma ferramenta importante, sua aplicação deve ser estratégica, utilizando fungicidas multissítios em situações de alta pressão da doença. Ao integrar esses fatores com um manejo adequado, os produtores podem reduzir os danos causados pela ferrugem e outras doenças foliares, protegendo a produtividade da soja. Tecnologias de controle, aliadas a estratégias de manejo bem planejadas, garantem safras mais saudáveis e com menores perdas, equilibrando custos e resultados produtivos.
Escrito por Compre Rural
VEJA MAIS:
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.