A construção do ferrovia deve consumir cerca de R$ 12 bilhões e ser 100% da iniciativa privada
A construção da Ferrogrão, ferrovia de 933 quilômetros que deve ligar Sinop (MT) à estação de transbordo de cargas para barcaças em Miritituba, no Pará, dispensa investimentos por parte do governo, na avaliação do presidente do Comitê de Logística e Competitividade da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Claudio Graeff.
“Claro que quando o Estado começa a oferecer riscos a uma obra, como os ambientais, se torna mais difícil (levantar investimentos), mas o discurso não deve ser o de pedir ao governo mais dinheiro, e sim que se mantenham as premissas e as leis para a iniciativa privada fazer o que precisa ser feito”, disse Graeff.
“O governo não precisa entrar com contrapartida”, enfatiza.
A manifestação do especialista da Abag ocorreu após o Broadcast ter veiculado, na segunda-feira (23) reportagem na qual investidores russos e chineses avaliavam que o governo brasileiro deveria estar mais “engajado” no projeto da Ferrogrão, que deve consumir cerca de R$ 12 bilhões e ser 100% da iniciativa privada.
Graeff rebate dizendo que para tradings que conceberam o projeto a iniciativa se mostra interessante e viável porque, além de assumir a operação da ferrovia, elas serão usuárias dos serviços. “Elas produzem e transportam. É um modelo semelhante ao que já foi adotado por mineradoras, para as quais vale a pena ter a concessão de uma ferrovia”, disse o presidente do Comitê da Abag.
“Agora, para uma companhia chinesa ou russa que queira apenas atuar como operador logístico, talvez não seja atrativo”, acrescentou.
Nesta terça-feira (24) o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou reportagem em que o secretário de Coordenação de Projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Tarcísio Gomes de Freitas, diz que o governo trabalha para reduzir o custo de itens técnicos previstos na construção da malha, o que faria o valor do projeto cair de R$ 12,6 bilhões para aproximadamente R$ 10 bilhões.
Quanto ao temor do segmento de transporte rodoviário quanto à possível redução do volume de cargas que serão levadas do Centro-Oeste para os portos do Norte do País por caminhões, Graeff aponta que a demanda por este tipo de frete tende a aumentar.
A produção das fazendas precisará ser carregada da fazenda para a ferrovia por caminhões, lembra ele. Como a produção da região deve crescer, a procura por frete rodoviário também aumentará. “Há outro ponto a ponderar: só os caminhões não terão como transportar todo o volume previsto para os portos do Norte. A ferrovia é a única opção economicamente viável para o futuro.”
O governo pretende enviar a minuta de edital do empreendimento ao Tribunal de Contas da União (TCU) em maio, conforme Freitas disse ao jornal.
Autoria: Estadão Conteúdo