Compradores estão cautelosos com fraco desempenho do varejo; perspectiva é de recuperação gradual da demanda e dos preços.
O mercado de feijão se aproxima do fim de semana esvaziado, com negociações praticamente estagnadas. Nesta quinta-feira, o tipo carioca ficou travado no ambiente da bolsa, operando com poucos produtos remanescentes do início da semana.
Conforme a consultoria Safras & Mercado, aproximadamente 1,2 mil sacas de feijão foram ofertadas, mas não houve registro de lotes significativos comercializados durante o pregão. Segundo a consultoria, os preços continuam recuando, principalmente nos estados de Minas Gerais e Goiás, refletindo a baixa demanda do mercado. Atualmente é possível adquirir feijão carioca por valores em torno de R$ 250/saca.
No caso do feijão preto, devido a um excesso de oferta interna, o mercado seguiu inoperante. Apesar disso, os preços têm se sustentado por conta da desvalorização do real frente ao dólar, que influencia positivamente as exportações. A variedade é comercializada na bolsinha paulista a R$ 300/saca em média.
Carioca: sem interesse por parte do varejo, empacotadores reduzem as compras
A pressão sobre o mercado de feijão não se restringe aos últimos dias. Desde a segunda semana de julho, observa-se uma fraca comercialização com poucos compradores presentes. A redução das compras pelos empacotadores deve-se, em parte, à fraca demanda do setor varejista.
“Sem necessidade imediata de novas aquisições, os compradores não fazem sequer contrapropostas às ofertas existentes e a atual dinâmica do mercado mostra que a cautela tem persistido entre os compradores”, comenta Evandro Oliveira, analista de mercado.
Apesar do encerramento da safra principal do maior estado produtor do grão, o Paraná, os feijões recém-colhidos, especialmente das regiões de Minas Gerais e Goiás, apresentam uma desvalorização em torno de R$ 20 por saca no comparativo semanal. No entanto, em relação a igual período de 2023, há uma valorização de 9,43%, tendo como referência a saca do carioca extra a R$ 290 no fechamento da última semana.
O analista da Safras, Evandro Oliveira, explica que neste ano, por conta dos preços pouco atrativos do carioca em 2023 (ver gráfico), em comparação com outros tipos de feijão, houve manutenção ou redução de plantio da segunda safra do carioca, a principal do grão. Além disso, assim como na segunda, também houve impactos climáticos sobre a primeira safra nesta temporada, diminuindo a oferta da variedade, o que explica os melhores preços em 2024.
Sobre o atual momento do mercado, o analista comenta que a tendência é de recuperação dos preços, a depender da evolução da demanda.
“Sazonalmente os preços do feijão tendem a ser maiores nos primeiros meses do ano porque há um ‘hiato’ de oferta no final do ano anterior, tendo em vista que a terceira safra do grão tem características de ‘safra complementar’. Já a partir de abril e maio a tendência é de queda das cotações, com a entrada da segunda safra, a mais robusta”, explica Evandro.
Preto: ampla oferta e pouca demanda afastam novas comercializações
Também pressionado por uma demanda retraída e com um mercado bem abastecido após uma safra abundante, a comercialização do feijão preto segue com negócios pontuais, ocorrendo diretamente nas regiões produtoras. Em Ponta Grossa, no Paraná, as cotações variam entre R$ 240 e R$ 280 por saca.
“O baixo giro das gôndolas está dificultando a reposição de estoques por parte do varejo e a expectativa é que, sem uma mudança significativa na demanda, os preços permaneçam estáveis, com tendência de queda no curto prazo em algumas regiões”, comenta o analista da Safras.
Efeito arroz no feijão
Sobre a baixa demanda, Evandro traça uma relação de causa e efeito com o arroz. Em meados de maio, por conta da catástrofe que aconteceu no Rio Grande do Sul, houve uma corrida aos supermercados após o governo sinalizar – erroneamente, na opinião do analista – que faltaria arroz no país.
“A gente sabe que o consumidor que vai ao mercado comprar arroz também vai botar um saco de feijão no carrinho”, observa o especialista ao explicar que neste período houve uma boa saída dos produtos pelo varejo, com consumidores formando estoques, fato que posteriormente comprometeu as vendas.
Por fim, Evandro comenta que a expectativa dos agentes é de que, passado este mês de recessos e férias escolares, a demanda retorne gradualmente a partir de agosto. Quanto aos preços, ele acredita que a curva deve seguir ascendente e acima dos patamares do ano passado.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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