Nos últimos três meses, 53 frigoríficos de todo o mundo tiveram as suas vendas suspensas para o país asiático, incluindo australianos, canadenses, dinamarqueses e um brasileiro.
Os testes cada vez mais onerosos da China de produtos alimentícios refrigerados e congelados, importados nestes tempos de Covid-19, estão proporcionando um grande desincentivo aos exportadores de carne vermelha da Austrália e de outros lugares do mundo, disse o analista independente Simon Quilty, em conversa virtual (webinar) com um grupo de pecuaristas, segundo reportagem do portal australiano Beef Central.
“Está se tornando difícil embarcar carne para a China”, disse Quilty. “Exportadores da Austrália e de todo o mundo estão agora começando a procurar outro lugar para enviar sua carne”, acrescentou.
Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OIE) afirmou que as chances do coronavírus se espalhar por meio de carne resfriada ou congelada – seja na embalagem ou na própria carne – é “incrivelmente baixa.”
Quilty disse que não há outro país no mundo fazendo esse tipo de teste em carnes importadas. “É apenas a China. Basicamente, está se tornando desagradável fazer negócios de carne bovina com a China no momento”, ressaltou.
Os volumes de exportação de carne bovina da Austrália para a China no mês passado caíram 64% com relação resultado obtido no ano anterior e 55% frente agosto.
Na semana passada, duas fábricas de suínos canadenses, uma de suínos dinamarquesa e uma de carne bovina brasileira tiveram suas exportações suspensas pela China por um período de uma semana.
“Efetivamente, temos uma situação em que 53 fábricas em todo o mundo foram suspensas do fornecimento à China nos últimos três meses (26 suínos, 12 bovinos, 13 aves e um cordeiro), das quais 23 foram reclassificadas”, contabilizou o analista.
Destaque para o Brasil, que teve nove unidades frigoríficas retiradas da lista chinesa de importação, seguido pela Austrália, com um total de sete (incluindo cinco por questões de rotulagem /resíduos), pela Argentina, com dez suspensões, o Canadá, com quatro, e os EUA, com duas interrupções.
“O efeito líquido, depois que as novas listagens são adicionadas, é que existem 30 fábricas de carne em todo o mundo que não podem enviar para a China, e o período médio que as fábricas estão sendo retiradas da lista é de 45 dias”, afirmou Quilty.
Segundo ele, “os procedimentos de teste na China estão piorando e esta é uma preocupação real para os processadores de carne, não apenas na Austrália, mas no exterior”.
A China adicionou novos procedimentos de teste de produtos Covid-19 nos últimos dois meses. Havia agora três camadas de teste na China: A primeira é a verificação aleatória no porto de descarga (menos de 10% de todo o produto que entra no país). Normalmente, este é um teste por contêiner, realizado pela alfândega chinesa, com menos de 10% dos contêineres testados. O segundo é o processamento adicional (100% do produto testado) e o teste aleatório no atacado ou mercados úmidos. E terceiro envolvem áreas comerciais, como câmaras frigoríficas.
“Cidades chinesas como Guangzhou e Shenzhen estão adotando uma abordagem preventiva em relação ao Covid-19. Existem agora 738 laboratórios em toda a China, indicados pelo governo, para realizar esses testes em carnes importadas. Se for encontrado um resultado positivo, ele precisa ser reexportado de volta ao país de origem”, disse Quilty.
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Na última quinzena, Pequim introduziu um sistema de rastreabilidade e gerenciamento de circuito fechado de alimentos frios importados. Isso requer que a embalagem externa dos produtos tenha etiquetas afixadas para que as autoridades possam rastrear onde o produto esteve.
A Comissão Nacional de Saúde da China acaba de lançar sua versão mais recente das diretrizes de prevenção e controle Covid-19, que destaca o papel da cadeia de frio no gerenciamento de risco da doença. “A questão é que podemos esperar ver muito mais testes COVID em toda a China, tanto por cidades quanto por várias agências governamentais”, relatou Quilty.
Fonte: Beef Central