Fazendas estão morrendo na Suíça e Brasil vira exemplo para europeus

Enquanto o número de fazendas na Suíça está diminuindo rapidamente e as novas gerações não querem assumir o controle. Já no Brasil, a agricultura atrai um número crescente de jovens

Durante a última Olimpíadas sediada em Paris, França, a imprensa suíça destacou o agronegócio brasileiro, comparando-o ao suíço. Sob o título “As fazendas estão morrendo na Suíça, no Brasil todos querem se tornar fazendeiros”, o jornal 20Minuten realizou uma grande reportagem – coisa que não é do feitio de um diário gratuito distribuído nas estações de trem – sobre como o modelo do agronegócio brasileiro, um sucesso mundial, destoa do modelo suíço.

A morte das fazendas é um fato da vida na Suíça. De acordo com o Departamento Federal de Estatística (FSO), o número de fazendas suíças caiu para uma baixa recorde de menos de 48.000 em 2023. Há 40 anos, havia o dobro desse número.

Não há melhora à vista. Os agricultores nunca foram tão velhos. Quase um terço deles atingirá a idade de aposentadoria nos próximos dez anos e, para muitos, é incerto se a próxima geração assumirá a fazenda.

A tendência no Brasil é exatamente a oposta. Os operadores agrícolas quase não têm problemas para recrutar novos talentos. Um exército de jovens brasileiros quer assumir o negócio agrícola de seus pais, como informa a “Bloomberg”. De acordo com a Associação Brasileira de Agricultura, a idade média dos agricultores caiu para 46 anos.

Eles são motivados pela rápida expansão do setor. Sua motivação é a rápida expansão da indústria. O Brasil acaba de assumir a posição de liderança mundial dos Estados Unidos como exportador de importantes produtos agrícolas, como soja e frango e, em breve, milho.

Entretanto nem tudo são flores, o jornal ainda afirma que a floresta tropical vem sendo desmatada para esse fim há décadas. De acordo com o WWF, há também outros aspectos negativos do boom agrícola, como a seca, a erosão e a escassez de água subterrânea.

No entanto, as gerações Z e Y do Brasil querem entrar nesse negócio. O fascínio também se deve ao apoio do governo e às possibilidades tecnológicas. Os jovens utilizam o monitoramento por GPS para analisar suas plantações. Apesar de usarem menos pesticidas químicos, eles alcançam uma produtividade por hectare maior do que a de seus pais.

Outro motivo são os fazendeiros ricos: enquanto as famílias com pequenas fazendas no Brasil geralmente são pobres e não veem outra opção além da agricultura, há fazendas enormes com centenas de funcionários. Alguns se tornaram bilionários e viajam em jatos particulares, como o magnata da soja Blairo Maggi e o magnata do açúcar Rubens Ometto.

O jornal menciona também que o crescimento do agronegócio influenciou um lobby que injeta dinheiro em telenovelas, filmes, livros e, atualmente, com sucesso especial na música pop com o Agronejo, uma mistura de música sertaneja tradicional com música eletrônica e temas agrícolas. Na matéria é citada a cantora Ana Castela e Léo e Rafael, com a música Os Menino da Pecuária.

Na Suíça há maneiras mais fáceis de ganhar dinheiro do que com uma fazenda, diz Sandra Helfenstein, porta-voz da Associação Suíça de Agricultores. Mas as novas possibilidades técnicas e o significado do trabalho ainda garantiram o interesse dos jovens pela profissão.

“Nos últimos anos, mais jovens estão a fazer formação em agricultura para assumirem o negócio dos seus pais ou um negócio arrendado, o que é encorajador”, diz Helfenstein.

O problema, porém, são os altos custos. “Temos um alto nível de endividamento. Se você comprar um robô de ordenha, não há muita coisa que possa dar errado”, diz Helfenstein.

Além disso, isso não pode impedir a morte da fazenda. “Especialmente para as pequenas empresas, muitas vezes não há perspectivas para jovens talentos. Vêem muito trabalho, poucas oportunidades de rendimento e sabem que, de qualquer forma, precisam de rendimento adicional para sobreviver”, diz Helfenstein.

Artigo traduzido pela equipe do CompreRural – via 20min

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