Investir em pivôs de irrigação é uma estratégia normalmente adotada em propriedades que querem driblar os efeitos da seca em lavouras de grãos.
Mas, no interior de Goiás, um produtor investiu na instalação destes equipamentos com outra finalidade: melhorar o desempenho do rebanho leiteiro.
A Fazenda São Caetano fica no município de Morrinhos e ainda hoje tem a agricultura como o carro-chefe dos negócios. Só que de uns anos prá cá, a propriedade se tornou referência na produção de leite “à pasto”.
O projeto começou em 2009 com a instalação do primeiro pivô com uso exclusivo de irrigar a pastagem. Inicialmente, 17 hectares de pasto recebiam a água que vinha do equipamento e, nesta área, 150 animais encontravam farta oferta de volumoso durante praticamente o ano todo (a suplementação durante o inverno não deixou de ser mantida).
Hoje, os pivôs cobrem cerca de 78 hectares, onde é mantido um rebanho entre 480 e 500 animais.
De acordo com o proprietário da fazenda, o médico-veterinário José Renato Chiari, atualmente quase 90% do leite produzido na propriedade vêm das vacas “criadas” no pasto irrigado. Juntas, elas produzem cerca de 13 mil litros de leite por dia.
Outros 2 mil litros diários saem da vacada confinada.
Para analisar se o investimento está no caminho certo, Chiari gosta de fazer um cálculo baseado na produção anual de leite por hectare. Assim, consegue ter base para comparar o desempenho da atividade com as demais frentes da fazenda, como a produção de grãos, por exemplo. Pelas contas dele, no ano passado cada hectare de pasto irrigado produziu algo em torno de 40 mil litros de leite.
Ainda segundo o produtor, o investimento na instalação do sistema de irrigação varia conforme fatores como tamanho do pivô, declividade do terreno e disponibilidade de água. Mas ele estima um custo de implantação entre R$ 20 e R$ 25 mil por hectare, destacando que os valores são semelhantes aos da instalação de uma estrutura para confinamento, considerando a necessidade de manter a alimentação do rebanho. O retorno, segundo Chiari, começa a ser visto após o quarto ou quinto ano do investimento.
Vale lembrar que além de investir na irrigação do pasto, o produtor também apostou no melhoramento genético da vacada e adotou algumas medidas que proporcionam maior conforto aos animais. Entre elas a disponibilidade de sombras móveis, a troca de água dos bebedouros de duas a três vezes por dia. Os pivôs com aspersores, também fazem a diferença para o bem estar do rebanho.
Estes diferenciais, fizeram da Fazenda São Caetano o primeiro ponto de parada da Missão Técnica do Leite, realizada pelo Sistema Famato. Formada por um grupo de pecuaristas e técnicos de Mato Grosso, a missão desembarcou esta semana em Goiás para conhecer propriedades consideradas modelos na atividade.
A ideia é identificar iniciativas que possam ajudar no desenvolvimento da cadeia leiteira em Mato Grosso. A escolha por Goiás como destino foi estratégica: além de ter tradição na produção de leite, o estado reúne características semelhantes às de Mato Grosso, especialmente com relação ao clima. Ou seja, é bem provável que as ideias que hoje dão certo lá, também possam ter bons resultados por aqui.
Projeto leiteiro tem médias comparável à Nova Zelândia
Fonte: Blog Canal Rural