Trabalho na propriedade em Ituiutaba começou no início do século 20 passado; Conheça algumas raças bovinas que são criadas na fazenda
O caminho percorrido pelo pecuarista tradicional do interior mineiro, Arlindo Drummond, começa em 1876, ano em que Joaquim Maximiano, seu bisavô, comprou terras em Capinópolis. Naquela época, as terras agrícolas brasileiras eram entregues pelo Império aos alferes e donatários, a propriedade do Maximiano foi adquirida pelo alfere José Teixeira e o sistema antigo determinava que a oficialização da aquisição teve que ser feita na cidade de Prata.
Já no começo o objetivo foi a criação de animais provenientes da Ásia, em especial da Índia, animais puro sangue.
A família tradicional, hoje na quarta geração, trabalha em uma das fazendas constituídas ao longo do ano, a Fazenda Haras Barreiro, no município mineiro de Ituiutaba, na região do Triângulo Mineiro, sob a gestão dos filhos de Vera e Rui – Arlindo e Marcos Drummond. É importante salientar que o grande destaque desta família é o banco genético raro, que preserva toda pureza das raças.
A propriedade que se dedica à criação das raças: Sindi, Gir, Guzerá, Nelore, Kangayam, Lageado e Puganôr, também conta com um efetivo razoável de cavalos árabes, caprinos e ovinos das raças Karakul, Bhuj e Jamnapari, búfalos Jafarabadis, aves exóticas (Aseel Rajah Murgh, Corredor Indiano e Pavão), além das miniaturas Quatro Chifres e Mini Porcos Casco de Burro.
O lageano e o curraleiro, que são consideradas raças ibéricas, foram pioneiros no Brasil. Os animais chegaram ao país em 1523, trazidos por espanhóis e portugueses. Outra raça de alta resistência no plantel do criador Arlindo Drummond é o Guzerá, que na Índia produz leite mesmo com pouca alimentação.
Na propriedade podem ser encontrados animais da raça Kangayan. Importado da Índia, animais foram trazidos para o Brasil em 1962. Próprio do sul da Índia, o gado da raça kangayan (ou Cangaian e Kangaian) é de porte mediano e com aptidão para a carne. A rusticidade é a principal característica do animal, que foi trazido para o Brasil em 1962. Alguns considera a raça como prima do Nelore.
Ao contrário dos outros bovinos, os guampos nascem no topo da cabeça, bem próximos um do outro, e seguem para o alto. Quando o animal atinge a idade mais adulta, por volta dos 9, 10 anos, as duas pontas se encontram lá em cima, formando um X. O Kangayan não apresenta bainha e o umbigo é quase imperceptível.
Segundo o criador Arlindo Drummond, é o animal que mais se parece com o antílope, provável ancestral dos bovinos. Nenê Costa trouxe para Barretos, no interior de São Paulo, um macho e duas fêmeas. Um tempo depois, parte desse gado foi levado por Joãosito Andrade para a Bahia. Um casal ficou em Barretos com Rubico de Carvalho. E há quase 20 anos, Arlindo Drummond reuniu esses dois grupos aqui no triangulo mineiro.
Lentamente o rebanho vai crescendo e cada vez ficando mais puro. Por enquanto, Arlindo não tem interesse comercial nesses animais. A raça está sendo muito bem guardada para o futuro. Afinal é um banco genético de primeira qualidade. Arlindo conta que quando acontece uma seca muito forte na região o gado responde muito bem. É a rusticidade do zebu no mais puro dos significados.
Seu Arlindo também possuí animais da raça puganôr – ou punganur –, que veio da região de Andrapradesch, na Índia; e os jafarabad, que originários da península Catiavar, outra região indiana. Recentemente houve o registro dos primeiros animais da raça Punganur no Brasil. O núcleo inicial da raça chegou no Brasil no ano de 1962 trazidos pela Seleção VR. Nadudana, uma palavra da língua Hindi, que significa “pequeno gado”. São quatro raças indianas dentro dessa nomeclatura: Vechur, Malnad Gidda, Kasaragod e Punganur.
Punganur, um Ongole (Nelore) em miniatura – A raça está ameaçadas à extinção. Para se ter uma ideia, o Governo da Índia, através dos seus órgãos ligados à agropecuária, aponta uma população somente de 771 animais puros da raça Punganur. Devido à raridade, muitas vezes, os animais das quatro raças são procurados como animais de zoológico, ou simplesmente curiosidades para crianças e adultos também.
Durante o ano, estudantes, empresários, convidados e especialistas vão à fazenda para buscar informações e conhecer o trabalho do criador. Na propriedade também há um acervo com milhares de objetos que despertam a atenção de visitantes nacionais e estrangeiros.
Um dos grandes objetivos do pecuarista é construir um museu com as peças antigas das fazendas da região, com o objetivo de prestar homenagem a esses homens que começaram tudo com tanta dificuldade e com tantos sonhos.
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