Fazenda adota agricultura regenerativa para elevar produtividade do algodão

Produtividade de algodão na Fazenda Pamplona deve atingir recorde este ano, impulsionada por clima favorável e agricultura regenerativa.

Com uma área de plantio superior a 25 mil hectares, distribuída entre as safras de verão e de inverno, a Fazenda Pamplona, localizada na zona rural de Cristalina (GO), a cerca de 70 quilômetros de Brasília (DF), tem registrado um crescimento contínuo em sua produtividade ao longo dos últimos anos. Parte do grupo SLC Agrícola, que possui 22 fazendas, a Pamplona se destaca pelo cultivo de algodão e soja como suas principais culturas.

O algodão, por si só, contribuiu com 40% dos R$ 7,23 bilhões de receita da empresa em 2023. A SLC Agrícola planta mais de 650 mil hectares em suas fazendas, dos quais 29% são dedicados ao algodão. A produtividade também tem mostrado avanços significativos, com uma projeção de aumento de 1.489 quilos por hectare na safra 2021/2022 para 1.977 quilos por hectare na safra 2023/2024, o que representa um crescimento de 32,7%.

Uma das razões para o aumento contínuo na produtividade da Fazenda Pamplona ao longo dos anos é a implementação de práticas de agricultura regenerativa. Conforme explicado por Beatriz Ramos, coordenadora de Produção da fazenda, o clima também desempenha um papel crucial nesse crescimento.

“Há cinco anos, não utilizávamos essas práticas regenerativas de forma tão intensa, mas agora observamos um progresso constante. No entanto, esse avanço está diretamente ligado às condições climáticas”, comenta Ramos. Historicamente, a Pamplona produzia entre 128 e 130 arrobas de algodão por hectare, mas a expectativa para este ano é alcançar 170 arrobas por hectare.

A coordenadora da fazenda aponta que a agricultura regenerativa é sustentada por diversos fatores, mas ressalta quatro principais.

Conservação do solo

“Consideramos o solo como o elemento central que precisa ser regenerado, que precisa estar vivo”, explica Ramos. Entre as práticas adotadas estão a rotação de culturas. Por exemplo, uma área onde se plantou algodão em um ano, receberá soja no ano seguinte, e assim sucessivamente, alternando também com outras culturas entre as safras principais. A segunda safra pode incluir milho ou uma cultura de cobertura (detalhada abaixo). Além disso, a prática de evitar o revolvimento do solo é fundamental.

Biológicos

A utilização de defensivos biológicos tem aumentado em todo o grupo SLC Agrícola. Durante a safra 2020/2021, 11,4% das aplicações nas áreas cultivadas da empresa foram feitas com produtos naturais. Esse percentual subiu para 15,5% na safra 2023/2024. Na Fazenda Pamplona, especificamente, esse número é ainda mais significativo, chegando a 20%. Além disso, essa fazenda foi pioneira dentro da SLC Agrícola ao instalar uma biofábrica dedicada à produção de fungos e bactérias para uso nesses processos.

Aplicação direcionada

“Isso contribui muito para a agricultura regenerativa, pois em vez de pulverizar toda a área para controlar um problema localizado, como uma planta daninha, aplico o produto diretamente onde é necessário, utilizando a tecnologia de máquinas inteligentes”, explica Ramos.

Gestão eficiente da água

Embora o algodão cultivado na Fazenda Pamplona não seja irrigado, o controle rigoroso do uso de água é considerado um pilar fundamental da agricultura regenerativa na empresa. “Irrigar apenas quando for realmente necessário e evitar qualquer tipo de desperdício”, destaca a coordenadora.

Quais são os benefícios das culturas de cobertura para o algodão?

Antes de destacar as vantagens dessa prática, Ramos explica que o solo recebe um tratamento especial durante o planejamento da safra. Cada área da propriedade é cuidadosamente analisada para identificar suas necessidades específicas, permitindo a seleção das melhores estratégias de manejo.

Atualmente, são utilizados quatro tipos principais de culturas de cobertura, que podem ser plantadas individualmente ou em combinação: trigo mourisco, nabo, milheto e braquiária. Ramos acrescenta que “a escolha da cultura varia conforme as condições do solo. Por exemplo, o milheto é uma excelente opção para ciclagem de potássio”.

Segundo Ramos, os benefícios do uso de culturas de cobertura para o algodão são:

Proteção dos microrganismos contra o calor:

  • A palhada gerada após o cultivo dessas culturas forma uma camada que protege o solo da radiação solar direta, ajudando a conservar os microrganismos.

Recuperação de nutrientes:

  • Algumas culturas de cobertura atuam como recicladoras de nutrientes, utilizando suas raízes profundas para captar nutrientes das camadas inferiores do solo e trazê-los de volta à superfície. Após a decomposição da cobertura, esses nutrientes se tornam acessíveis nas camadas superiores do solo.

Controle de microrganismos nocivos:

  • A alternância entre diferentes culturas ajuda a quebrar o ciclo de nematoides e fungos que podem ser prejudiciais ao algodão ou à soja, reduzindo a proliferação desses organismos indesejados.

Criação de poros no solo:

  • Essas plantas têm um sistema radicular extenso que ajuda a escarificar o solo. Após o corte da parte aérea, as raízes se decompõem, mas os espaços que elas criaram permanecem, formando poros no solo. Isso melhora a infiltração de água e a aeração do terreno

Ciclo de rotação com culturas de cobertura:

  • O ciclo dessas culturas ocorre após o plantio da soja. Ramos explica: “Planta-se a soja em outubro, colhe-se em fevereiro, planta-se a cobertura em março ou abril e, em seguida, o algodão em novembro”.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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