Vídeo compartilhado nas redes sociais mostram pelo menos sete animais que vieram a óbito em decorrência a uma descarga elétrica durante chuva
A primavera começou oficialmente nesta quinta-feira (22) às 22h04 (horário de Brasília) para a maior parte do território brasileiro – com exceção de partes do Amazonas, Pará e quase a totalidade de Roraima e Amapá, que ficam no Hemisfério Norte. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta laranja para trechos do Sul e do Sudeste do país válido para as horas que antecedem a chegada da estação.
Uma massa de ar polar considerada intensa para esta época do ano e a passagem de um ciclone extratropical pela costa afetam o clima no país. Há previsão de chuvas e ventos de até 100 km/h na faixa laranja. A frente fria trouxe além da chuvas persistentes e volumosas tão esperadas, mas também trouxe os raios e ventos.
As imagens são fortes – O vídeo vem diretamente do Instagram @mangalargamarchador1, nas imagens o criador mostra o tamanho da tragédia, é possível contar pelo menos sete animais que vieram a óbito pela possível descarga de um raio. Os cavalos de trabalho da fazenda estavam em um piquete recebendo silagem. É possível ver que paralelo aos cochos tem uma cerca de arame liso, onde possivelmente a eletricidade do choque foi conduzida e permitindo que a descarga elétrica fatal atingissem os animais.
Estamos tentando obter mais informações do acontecido, assim que conseguirmos atualizaremos a matéria. Confira o vídeo:
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o meio rural é o ambiente onde mais ocorrem esses acidentes. Isso acontece porque as pessoas estão naturalmente expostas, trabalhando mais tempo a céu aberto. De acordo com o órgão, 26% das fatalidades com raios acontecem em áreas rurais. Os acidentes dentro de casa vêm em segundo lugar, com 21% dos casos fatais.
Entre 2000 e 2019, 2.194 pessoas foram vítimas de raios no Brasil, deste total, 114 no Paraná. Segundo dados da Defesa Civil, em 2019 foram nove vítimas de raios no Estado. Este ano, o único caso fatal até o momento foi o do pecuarista de Loanda.
De acordo com o Inpe, o Brasil é campeão mundial em incidência de raios, com cerca de 77,8 milhões de descargas no solo por ano. Para o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto, Osmar Pinto Junior, isso ocorre porque o Brasil é o maior país em região tropical do mundo.
“Regiões mais quentes e mais úmidas são mais favoráveis”, afirma Junior. Desta forma, as estações do ano que mais concentram ocorrências são o verão e a primavera. “Varia de local para local. Na região Sul, principalmente no Paraná, o verão predomina, seguido da primavera. Na região da Amazônia, a primavera predomina”, complementa.
De acordo com o especialista, via de regra os acidentes acontecem durante tempestades, inclusive, quando se aproximam rapidamente, podem pegar as vítimas de surpresa.
“Tem que estar muito atento ao céu. Se enxergar uma tempestade, mesmo que esteja afastada, é bom interromper o trabalho. Se a pessoa já está ouvindo o barulho do trovão, a tempestade já está a pelo menos 20 quilômetros de distância. Então, a sugestão é interromper o que estiver fazendo imediatamente, pois um raio pode andar na horizontal e atingir a pessoa”, orienta Junior.
Cuidado rural
Segundo o instrutor do SENAR-PR Ricardo Biscaro, a pecuária leiteira é uma das atividades onde mais costumam acontecer acidentes com raios. “Normalmente ficam muitos animais agrupados em pequenos piquetes. Em dias de chuva, as vacas acabam se juntando mais e, no caso de uma descarga, se não houver um aterramento correto na cerca, aquela energia vai se dissipar quando o animal encostar no arame”, observa.
A segurança, nesse caso, está ligada à boa instalação de cercas elétricas e/ou mesmo cercas de arame (farpado ou liso) por onde a energia elétrica pode correr no caso de uma descarga. “O produtor precisa fazer os aterramentos corretos, seguir os protocolos, principalmente no que se refere à instalação de para-raios. Hoje, posso afirmar que 90% das cercas estão mal instaladas”, afirma o instrutor, que ministra cursos na área de construção de cercas pelo SENAR-PR. “É fácil encontrar cercas com reaproveitamento de metal, fios oxidados, pedaços de enxada e foices. Pela forma como o pessoal lida com as cercas, até que acontece pouco acidente”, complementa Biscaro.
De acordo com o instrutor do SENAR-PR, o recomendado é que sejam feitos aterramentos a cada 200 metros de cerca. “Caso a região tenha alta incidência de raios, é preciso vários pontos na cerca com descarga [faiscadores no caso de cercas elétricas e aterramentos em cercas normais]. Dessa forma, quando ocorre uma descarga elétrica, essa energia não percorre toda cerca, vai ser dissipada”, diz.
Além do perigo para a saúde dos moradores, instalações malfeitas também podem queimar equipamentos caros, como ordenhadeiras e resfriadores.
Para auxiliar os produtores e trabalhadores rurais paranaenses a construir cercas de forma correta, o SENAR-PR oferece dois cursos: “Cercas de arame farpado e de arame liso” e “Cercas elétricas”.
Cuidado com os raios!
Durante uma tempestade é importante tomar algumas precauções de segurança:
- Evitar contato com cercas de arame, grades, tubos metálicos, linhas telefônicas, redes de energia elétrica e qualquer objeto ou estrutura metálica;
- Afastar-se das máquinas agrícolas, motocicletas, bicicletas e carroças;
- Não permanecer em locais descampados e abertos, como pastos, campos de futebol, piscinas, lagos e praias;
- Ficar longe de árvores isoladas, postes, mastros e locais elevados;
- Procurar edificações para se proteger;
- Se o automóvel possui teto de metal, permanecer dentro com os vidros fechados até a tempestade passar; – Se estiver em campo aberto e não houver outra opção, abaixar-se e abraçar o joelho diminuindo ao máximo a altura.