Nas previsões do sindicato local, caso essa medida continuasse em vigor, deixariam de ser cultivados em torno de 8 mil hectares de feijão safrinha.
Basta entrar numa roda de conversas com produtores rurais do Sudoeste do Paraná para saber que os agricultores de Dois Vizinhos são tradicionais produtores de feijão safrinha.
É uma lavoura que vem depois da soja verão. Como o grão que faz dupla com arroz tem ciclo mais curto, dá tempo de colher a soja em março, plantar o feijão na mesma área e colher até junho, para escapar da geada. Mas uma mudança no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tinha colocado em xeque essa prática.
No dia 21 de setembro de 2022, o Mapa publicou o Zarc válido para a safra 2022/23. Nessa portaria constavam novas datas-limite para o plantio de feijão em Dois Vizinhos e outros municípios da região. Por esse documento, só estariam dentro do Zarc semeaduras de feijão feitas até 28 de fevereiro.
“Com esse prazo, a nossa safrinha desse ano estaria inviável. Fez muito frio em setembro e outubro, plantamos a soja mais tarde e eu calculo que a gente vá colher só em março”, prevê o presidente do Sindicato Rural de Dois Vizinhos, Darci Smaniotto.
Nas previsões do sindicato local, caso essa medida continuasse em vigor, deixariam de ser cultivados em torno de 8 mil hectares de feijão safrinha no município, prejudicando uma importante fonte de renda para diversos produtores.
Diante da situação, Smaniotto bateu à porta da FAEP, em setembro, para pedir ajuda. “Os técnicos da FAEP me orientaram sobre o que fazer, como levantar dados técnicos e o histórico do clima da região para enviar ao Mapa”, compartilha Smaniotto.
Segundo Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, o pedido foi para permitir o plantio até 20 de março, para cultivares do Grupo I. “Os dados históricos da região demonstram que o risco de geada no final do outono, início do inverno em pouco ou nada afeta a qualidade e rendimento de grãos, pois a cultura já se encontra no fim do ciclo.
A Embrapa, responsável por um amplo estudo nesse sentido, atualizou seus critérios e, com isso, chegou a uma redução do período sensível à geada, o que resultou em ampliação da janela de plantio em diversos municípios do Paraná e Santa Catarina”, explica.
O resultado do processo foi que o sindicato pediu uma revisão do Zarc e, em 7 de dezembro de 2022, o Mapa publicou uma nova portaria, permitindo o plantio de feijão até 20 de março. “Estamos animados. Andamos pelas empresas e todo mundo está feliz por termos vencido essa batalha. Eu mesmo vou dedicar uns 80 hectares de safrinha, a maior parte de feijão carioca”, diz Smaniotto. “Mas no prato, gosto mesmo é de um feijãozinho preto”, diverte-se.
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Alerta
Ana Paula orienta os sindicatos rurais, para quando observarem inconsistências no zoneamento de seu município e região, sigam o exemplo de Dois Vizinhos. “No município, houve uma articulação dos produtores associados, cooperativas, Secretaria Municipal de Agricultura, IDR-Paraná e profissionais de agronomia. Tão importante quanto esta articulação, foi a elaboração de um laudo técnico consistente embasando o pedido, que é indispensável para que ocorra a análise do Mapa, conforme regras estabelecidas em 2020”, orienta.
Fonte: Faep
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