Exportações de carne de frango de todo o Brasil são suspensas para a China e UE

Com autoembargo após foco da doença de Newcastle no RS, o país pode deixar de exportar cerca de 60 mil toneladas de carne de frango em um mês.

As exportações de carne de frango brasileiras para a China e União Europeia estão suspensas por tempo indeterminado. O autoembargo que abrange todo o país também serve para a Argentina, que tem acordo bilateral com o Brasil, mas não compra o produto. 

A medida é “cautelar e temporária”, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), após identificação de um foco da doença de Newcastle em uma granja no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. O Mapa afirma que a suspensão é retroativa a 17 de julho, data da confirmação.

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Para China, União Europeia e Argentina, não podem ser comercializadas carnes de aves, carnes frescas de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima de aves para fins opterápicos, preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue.

Nesta quinta-feira, 18, o governo federal já havia anunciado a suspensão das exportações de carnes de aves e derivados do estado gaúcho para mais de 30 países, inclusive a China. Em nota, o Mapa ressalta que as regras de suspensão são revisadas diariamente, ao informarem os países parceiros sobre as ações que estão sendo executadas para erradicar o foco da doença.

Em um mês, China deixaria de comprar 40 mil toneladas de carne de frango e derivados

Por mês, as exportações de carne de frango brasileira somam cerca de 430 mil toneladas, o equivalente a 40% de toda carne de frango comprada no mundo. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) calcula que desse volume, 60 mil toneladas, ou 15% do total, deixariam de ser vendidas se a suspensão durar 30 dias. Só para a China, não seriam exportadas aproximadamente 40 mil toneladas. 

O impacto é considerado importante, já que no primeiro semestre deste ano, a China foi o principal importador do produto brasileiro, ao comprar 276,1 mil toneladas.  Em relação ao Rio Grande do Sul, a ABPA estima que entre 15% e 20% da produção deixará de ser vendida.

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, disse que a projeção é para o “pior dos cenários”, porém ele acredita que as conversas com os países com embargo podem diminuir esse número.  Ele também ressaltou que os preços no mercado interno não devem sofrer alterações para baixo, já que cerca de 40% desse volume afetado são de pés e patas de frango, uma parte pouco consumida no Brasil. 

“Não significa que [esses produtos] vão estar dentro do mercado interno no próximo mês. São mercadorias que serão redirecionadas [para outros países]. Em alguns casos podem aumentar o preço”, afirmou Santin. Com isso, não é possível estimar qual seria o impacto financeiro.

“Não tem risco de desabastecimento”

A suspensão das exportações de carne de frango aconteceu devido ao foco de Newcastle em um plantel de 14 mil aves, sendo que apenas uma apresentou a doença até agora. O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) afirma que não há risco para o consumo. 

“Esse frango nem vai chegar no mercado, devido ao rigoroso serviço de inspeção das empresas”, garantiu José Eduardo dos Santos, em coletiva de imprensa na tarde desta sexta, junto com a ABPA.

O presidente da ABPA ressaltou que as restrições de comercialização internacional são devido ao risco de transmissão para as aves dos países que recebem a proteína, já que a doença de Newcastle tem uma mortandade alta em aves. “O risco é para as aves. É mais uma prevenção [para os países]. As pessoas que comerem da carne, não tem nenhum risco”, afirmou.

Autoembargo faz parte das etapas de controle e depende de acordos bilaterais

Ao Agro Estadão, o ex-secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, lembra que iniciativas de autossuspensão são comuns na política de controle de doenças fito-zoosanitárias.

“Essa providência que o Brasil adota já é cultural aqui. [A autossuspensão acontece] sempre que tem um problema até que se tenha as informações que se possa passar para todos os organismo internacionais, bilaterais, porque também depende muito do modelo de certificação que foi combinado entre os países”, afirmou Marques.

Ele ressalta que a medida é importante no cenário internacional, já que o Brasil é o principal exportador de carne de frango do mundo. “Tem que ter um cuidado muito grande com a imagem e disponibilizar o mais rápido possível todas as informações requeridas”. Segundo Marques, o “impacto deve ser razoável” nas exportações brasileiras dessa proteína. 

Fonte: Estadão Conteúdo

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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