Apesar da queda de 1,15% nos preços em dólar, faturamento por tonelada de carne exportada em reais é quase 10% maior que a média de fevereiro até o momento.
A expectativa do mercado é que as exportações de carne bovina in natura deve superar o volume embarcado e preços negociados em fevereiro. Queda no preço do dólar não vai afetar o rendimento das exportações, já que o faturamento por tonelada em reais deve ser 10% maior que a média observada no mês anterior.
Segundo o Sócio da Radar Investimentos, Douglas Coelho, as medidas de contenção tomadas na Índia devem favorecer a exportação da carne brasileira. “A ìndia é um grande concorrente global de proteína em questão de preço e com essa quarentena no País abre um espaço para o Brasil que continua produzindo alimentos com valores competitivos”, diz.
O mercado chinês está voltando às compras com mais afinco e alguns frigoríficos brasileiros já estão se preparando para enviar o produto a potência Asiática. “Enquanto o mundo está entrando em quarentena, a China já está voltando a normalidade em que o número de casos de infectados pelo o coronavírus é baixo”, reforça.
Os volumes de negócios ainda é pouco e as indústrias podem pagar valores maiores para compor as programações. “Estamos observando ofertas de preços balcão ao redor de R$ 195,00/@ no estado de São Paulo. O número de negócios ainda é bem pequeno já que as escalas de abate não evoluíram e estão estagnadas”, comenta.
Com a chegada de condições climáticas menos favoráveis, os pecuaristas podem se sentir estimulados a comercializada a boiada. “A nossa visão é que a medida que a oferta de animais começar a ficar mais nítida possa ter uma correção nos preços da arroba, sendo que nos meses de maio e junho o produtor vende o animal gordo ou suplementa no pasto”, afirma.
Com relação a carne no atacado, Coelho ressalta que os preços tem registrado uma ligeira valorização com valores próximos de R$ 13,24/kg no estado de São Paulo.
“Os estoques estão enxutos e é possível que as indústrias venha repor o mais breve possível as gôndolas do atacado. Como a população fez um estoque é provável que não vai comprar alimentos tão cedo”, relata.
Boi gordo: ‘Falta de contêineres refrigerados agrava crise do coronavírus’
Após um primeiro bimestre positivo, principalmente para o frango e a carne suína, as exportações brasileiras do setor carnes já indicam um fechamento de março mais preocupante para o frango e para a carne bovina. “A carne suína ainda destoa em termos de embarques nesse mês”, ressalta o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
Segundo ele, em meio à pandemia do coronavírus e seus impacto sobre a economia global, o que efetivamente preocupa são alguns estrangulamentos logísticos em parceiros comerciais importantes, como a União Europeia. “Felizmente para o Brasil, a situação começa a entrar nos eixos na China”, lembra. “E essa é sem dúvida uma ótima notícia para o setor”.
Iglesias aponta ainda outros aspectos que tornam o assunto ainda mais complexo, como a escassez de contêineres frigoríficos. “Tem muito contêiner preso em áreas bloqueadas, cargas presas em portos. A logística ao redor do mundo é caótica no momento”.
No mercado interno, o fechamento de restaurantes altera a configuração da demanda. Cortes nobres são menos consumidos e a carne de frango se torna a grande opção. “Estamos a caminho de mais um período longo de recessão, e nesses cenários o consumo de carnes também é prejudicado. A conta é simples: maior desemprego e menor renda remetem a um consumo mais tímido, sem espaço para cortes nobres. O frango será o grande beneficiado no curto e no médio prazo”.
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Em meio a este cenário, o analista vê um ponto positivo: o câmbio. “Com o real desvalorizado, a tendência é que as commodities brasileiras sejam muito competitivas, principalmente no segundo semestre, quando a estrutura logística entrar nos eixos. Basicamente haverá potencial para exportar muito mais quando o pico da pandemia for superado no Ocidente“, prevê.
Para Iglesias, é importante que a situação da pandemia na China se mantenha estável, sem transmissão comunitária. “Se a doença voltar e exigir bloqueios e restrições logísticas, essa perspectiva cai por terra. No setor carnes, o Brasil é extremamente dependente da China”.
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