O presidente da entidade, Miguel Faus, disse à Reuters que o produto que está sendo exportado é proveniente de uma safra de 2,36 milhões de toneladas
As exportações de algodão do Brasil devem alcançar 1,742 milhão de toneladas da pluma no ano comercial de 2021/22 (julho-junho), cerca de 28% abaixo do recorde visto no ciclo anterior, disse nesta quinta-feira a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), em um cenário de menor oferta para embarque.
O presidente da entidade, Miguel Faus, disse à Reuters que o produto que está sendo exportado é proveniente de uma safra de 2,36 milhões de toneladas.
“A queda de 2021/22 se deve a uma safra menor. Na anterior, a produção foi de 3 milhões de toneladas, por isso foi possível exportar 2,414 milhões”, afirmou.
Para a temporada 2022/23 que terá início em julho, a expectativa é de recuperação dos embarques, já que a demanda segue aquecida e a produção em desenvolvimento nos campos pode alcançar 2,85 milhões de toneladas, estimou o executivo.
No entanto, o setor está apreensivo com os desdobramentos da pandemia na China, principal importador de algodão do mundo, por possível risco sobre a logística do país.
“Já havia um problema logístico decorrente do excesso de demanda no mundo e depois pela pandemia, mas que vinha nos afetando menos nesta temporada… Para complicar, a China está em um novo lockdown e, dependendo da extensão, pode haver impacto ainda sobre os embarques do ciclo atual.”
A China é o principal destino das exportações brasileiras da fibra (30,2%), seguida por Vietnã (16,7%), Turquia (13,2%), Paquistão (11,2%) e Bangladesh (10,6%), segundo a Anea.
Um ponto positivo para os exportadores do Brasil, segundo Faus, é a pulverização de compradores. Apesar da importância do mercado chinês, a fatia de 30% é vista como “saudável”, pois não indica um elevado patamar de dependência.
Insumos
Em relação ao planejamento da safra que começará a ser plantada em dezembro, o presidente da Anea destaca a preocupação com a oferta e preços dos insumos, com destaque para os elevados custos com fertilizantes motivados pela guerra na Ucrânia.
“Os grandes produtores já compraram, fechando os preços e prazos para suas necessidades… Mas mesmo quem fechou, precisamos ver se vai receber”, afirmou.
A Rússia é o maior fornecedor de fertilizantes aos brasileiros, que importam cerca de 85% de seu consumo.
Ele disse que o objetivo é não diminuir área de plantio, pois os preços internacionais estão muito atrativos, mas ainda é cedo para cravar que a área será mantida. “A gente espera que não haja diminuição de área, mas pode acontecer.”
Fonte: Reuters