Excesso de chuvas vai limitar tamanho da safra brasileira?

Problemas registrados com o excesso de chuvas em vários estados pode afetar o desempenho da safra 20/21 brasileira; consultoria não descarta corte na safra de soja

Durante as últimas semanas a Compre Rural vem registrando através de inúmeras matérias o problemas de excesso de chuvas pelo Brasil. Seja pelo abortamento de vagens nas lavouras de soja no Paraná, onde lavouras inteiras deixaram de produzir por conta do fenômeno que deixa pés da planta sem grãos. Ou ainda pelo desespero dos produtores no Tocantins vendo suas lavouras perdidas por conta da chuva. “O produtor rural do Tocantins está carente, sem palavras e atrás de um socorro pelo tamanho do prejuízo que nós estamos vendo aqui na lavoura. Eu acho que hoje, sem sombra de dúvida, nós já perdemos mais de 300 mil hectares de prejuízo.”, avalia agricultor.

O pior cenário se apresentou: seca no plantio e chuva na colheita, é assim que os produtores de soja estão se sentindo e correndo contra o tempo para salvar a safra de soja e tentar pegar a janela do milho safrinha. O excesso de chuvas está impedindo que os produtores de soja do Tocantins coloquem suas colheitadeiras em campo para iniciar os trabalhos de retirada do grão.

O que os especialistas dizem?

A estimativa de produção de soja do Brasil em 2020/21 poderá sofrer um ajuste pequeno caso chuvas que atingem áreas produtoras do país persistam, afetando a qualidade e o peso do grão, afirmou nesta segunda-feira a consultoria AgRural. A empresa de análises lembrou que elevou sua estimativa de safra de 131,7 milhões para 133 milhões de toneladas em fevereiro, mas salientou que esse número já considera produtividades médias inferiores às do ano passado na maioria dos Estados produtores.

“Mas, caso as chuvas persistam agora em março, não se descartam pequenas reduções em alguns Estados, especialmente em Mato Grosso, na nova revisão que será feita na segunda quinzena deste mês”, afirmou.

“Além disso, a grande quantidade de soja saindo do campo com umidade elevada tem causado filas de caminhões em alguns armazéns de recebimento, já que a padronização dos lotes vem demandando mais tempo devido à umidade em excesso”, observou.

A AgRural também afirmou em nota que, apesar do aumento no número de áreas de soja prontas para a colheita, o avanço dos trabalhos foi mais lento do que se esperava na semana passada devido à continuidade das chuvas intensas em boa parte do Brasil.

“Essas precipitações aprofundam o atraso carregado desde o plantio, que foi prejudicado pela falta de umidade em setembro e outubro”, disse.

Até última quinta-feira, 35% da área cultivada com soja estava colhida no país –ainda o índice mais baixo para esta época do ano desde a safra 2010/11–alta de dez pontos em uma semana.

Um ano atrás, a colheita estava feita em 49% da área.


Problemas com o milho safrinha começam a aparecer também no Tocantins, confira o vídeo de agricultor desesperado com o excesso de chuvas no milho e os problemas que podem diminuir a produção dessa safra como também influenciar na qualidade de solo dos próximos anos.

O grande atraso da colheita, além de trazer prejuízos à soja, também gera um enorme problema com a produção de milho safrinha no estado. Com esta situação, a janela de plantio indicada pelo ZARC ficou praticamente impossível de ser seguida, trazendo enormes incertezas sobre o futuro da segunda safra de milho.

Vídeo gravado em 8 de março

O plantio de segunda safra de milho também está mais lento

Até quinta-feira, 54% da área prevista para a “safrinha” de milho 2021 estava semeada no centro-sul do Brasil, contra 39% uma semana antes e 80% um ano atrás, segundo a AgRural.

A consultoria destacou que a janela ideal de plantio já está fechada em Goiás e na maior parte de Mato Grosso e do Paraná, enquanto nas áreas de calendário mais tardio desses dois últimos Estados e em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais, a janela se fecha no dia 10 ou 15 de março, dependendo da região.

Quanto mais atrasado o plantio, maior a chance de perdas de produtividade, já que o milho atravessará a fase reprodutiva em um período mais seco e frio que o ideal”, disse.

Mesmo assim, os bons preços do cereal e a comercialização antecipada estimulam o aumento da área plantada e a continuidade da semeadura mesmo depois de já fechada a janela, acrescentou a AgRural.

Com informações da Reuters

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