A persistência das chuvas provocará atraso na colheita; haverá redução de produtividade e de qualidade dos grãos em função das doenças causadas pelo aumento da umidade
A safra de grãos de verão da temporada 2020/21 está em andamento e pode ser afetada pelo excesso de chuvas que está ocorrendo neste mês de janeiro. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, por enquanto a expectativa de produção aponta para um volume de 24,2 milhões de toneladas de grãos, volume 3% abaixo do que foi colhido na safra passada.
O diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Salatiel Turra, comentou a situação dos principais grãos cultivados nessa época do ano no Paraná, como soja, milho e feijão, salientando que a cultura do feijão é uma das mais atingidas com o excesso de chuvas dos últimos dias porque dificulta a colheita.
Segundo Turra, a cultura geralmente é praticada por pequenos produtores que não dispõem de máquinas para fazer a colheita e o grão acaba se perdendo ainda no pé. Em relação aos grãos de soja e milho, Turra destacou que o aumento da umidade do solo está provocando danos com infestações de doenças.
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Neste vídeo abaixo é possível ver o Agricultor Laércio Dalla Vecchia, produtor rural de Mangueirinha, região Sudoeste do Paraná, que ganhou o prêmio Desafio CESB de Máxima Produtividade de Soja, promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB).
Ele salientou o otimismo do produtor rural, que está sempre exposto às adversidades climáticas e correndo o risco de não produzir. Não desiste da atividade e sempre está investindo para recuperar o que perdeu na safra anterior.
Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, diante do cenário de chuvas quase que diárias em todo o Paraná, a soja também poderá ser afetada diante do quadro atual. A cultura está em desenvolvimento, ocupando uma área de 5,58 milhões de hectares e com uma expectativa de produção de 20,4 milhões de toneladas, volume 2% inferior ao que foi colhido no ano passado.
A safra 20/21 começou com o plantio atrasado por causa da seca severa ocorrida no ano passado, que persistiu até o mês de dezembro. Em meados de dezembro, as chuvas retornaram, o que ajudou na recuperação da lavoura, situação que deixou produtores e técnicos otimistas. Mas agora, em janeiro, o excesso de chuvas já é prejudicial, salientou Garrido.
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A persistência das chuvas poderá provocar um atraso na colheita, advertiu o economista do Deral. Ele antecipou que poderá haver redução de produtividade e de qualidade dos grãos em função das doenças causadas pelo aumento da umidade. O produtor está com dificuldades para entrar a campo e fazer os tratos culturais necessários. Alguns produtores estão recorrendo à aviação agrícola para fazer as pulverizações, prática não muito comum no Paraná.
Segundo Garrido, as regiões do Estado mais preocupantes são as Oeste e Sudoeste, onde a chuva está sendo mais volumosa, embora elas estejam ocorrendo em todas as regiões do Estado, mas com impacto menor. Uma dimensão maior da situação poderá ser feita quando as chuvas amenizarem e o produtor conseguir entrar em campo, disse.
Se as chuvas são preocupantes de um lado, de outro os produtores comemoram a boa fase de comercialização da soja, que vem desde o ano passado. Segundo o Deral, o preço médio da soja no Paraná no mês de janeiro foi de R$ 151,00 a saca com 60 quilos, valor quase que o dobro do preço praticado há um ano, quando a saca era comercializada a R$ 78,00. Os preços estão sendo sustentados pela cotação elevada do dólar e maior demanda no mercado internacional
Com isso, os produtores estão acelerando a comercialização. Até agora, 43% da produção já está vendida, o que equivale a um volume de 8,9 milhões de toneladas. No ano passado, nessa mesma época, 26% da safra estava vendida, que correspondia a um volume de 5,2 milhões de toneladas.
De acordo com o Deral, já começou o plantio de soja da segunda safra com uma área pequena no Estado. Nesta safra 20/21 serão plantados quase 39 mil hectares e expectativa de produção é de 107 mil toneladas, volume 20% acima do que foi colhido no passado, que totalizou 89,5 milhões de toneladas.