Europa: Produtores pressionam e governos mudam proposta climática

Sob intensa pressão dos produtores rurais nas últimas semanas, a Comissão Europeia abandonou proposta de redução da poluição por gases com efeito de estufa

Os protestos dos produtores rurais explodiram em muitos países da Europa nas últimas semanas, com o setor agropecuário expressando seu total descontentamento com as políticas ambientais da UE. Algumas das maiores manifestações ocorreram na Alemanha, motivadas por um corte nos subsídios ao diesel. Bruxelas tem enfrentado apelos de grupos do setor e de alguns partidos políticos para traçar um caminho climático para 2040 que não provoque mais raiva.

Mais recentemente agricultores espanhóis bloquearam o tráfego em algumas das principais rodovias do país nesta terça-feira (6), juntando-se a manifestantes de outros países europeus que protestam contra os altos custos, a burocracia e a concorrência de nações não pertencentes à União Europeia (UE). Nos últimos dias, os bloqueios na França e Bélgica, por vezes, se transformaram em confrontos violentos com a polícia.

Assim como os manifestantes da França, Bélgica, Itália e de Portugal, os agricultores espanhóis estão reclamando do peso crescente da burocracia europeia, dos baixos preços dos produtos e do aumento dos custos. Eles afirmam que a exigência de regras impostas aos agricultores da UE para proteger o meio ambiente os torna menos competitivos do que seus pares em outras regiões, como a América Latina ou a Europa não pertencente à UE.

Protestos surtem efeito

Sob intensa pressão dos produtores rurais, a Comissão Europeia abandonou alguns itens importantes da proposta, e adiou para 2040 os objetivos de redução da poluição por gases com efeito de estufa. “Todos os setores precisariam de contribuir para o esforço”, diz o plano do executivo da UE. Mas a menção a um possível corte de 30% na poluição agrícola entre 2015 e 2040, que constava de rascunhos anteriores vistos pelo Jornal POLITICO, foi removida.

Também foram retiradas recomendações para que os cidadãos fizessem mudanças no seu comportamento, como comer menos carne, e um esforço para acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis.

O plano da UE deverá ser apresentado nesta semana e recomendará um corte de 90% nas emissões totais da UE até 2040 em relação aos níveis de 1990 – uma sugestão alinhada com os pareceres científicos.

A versão atualizada do plano, que ainda está sujeita a alterações, enquadrou a agricultura de uma forma mais positiva em comparação com projetos anteriores. O papel que o setor desempenha na “soberania alimentar” da UE também foi enfatizado.

Mas, por mais positivo que seja o enquadramento, é difícil escapar à realidade, disse um responsável da UE. A indústria agrícola, argumentou o responsável, poderia e deveria contribuir para atingir os objetivos climáticos da UE, que incluem um objetivo para ser neutro em emissões de gases de efeito estufa até 2050.

Opinião dos especialistas

Segundo o professor da FGV, Marcos Fava Neves, há 3 possíveis consequências deste movimento de revolta dos produtores rurais na Europa.

  • 1) O movimento ambiental, que tem grande importância, focou na produção de alimentos como um dos principais algozes do clima. Colocaram mais dificuldades para uma atividade extremamente arriscada e difícil. Terão que voltar atrás
  • 2) O protecionismo da ineficiente produção europeia não vai ceder
  • 3) Acordo Mercosul União Europeia fica mais distante. Vamos abrindo novos mercados na Ásia e África e ficar atentos nas janelas de oportunidades na UE.

Outra personalidade do agro que comentou os protestos que acontecem na Europa, foi Camila Telles. Segundo a comunicadora há dois pontos principais que podem ser gerados à partir dos protestos. “Primeiro, o agro mundial vai ter que parar para entenderem que não somos o problema e fazemos parte da solução?! Segundo, nossos produtos são competitivos e de qualidade ao ponto de tirar o sono de europeus. Quando vamos parar com a síndrome do vira-lata?!” – desabafou ela em suas redes sociais.

Traduzido pelo equipe do CompreRural – informações do Jornal Politico

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM