Como reforço, autoridades estaduais colocaram em quarentena as instalações afetadas e aves foram despovoadas para impedir a propagação da doença.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou nesta quinta-feira, 9, a presença de gripe aviária H7N3 altamente patogênica (HPAI) em uma granja comercial de perus na Carolina do Sul.
Segundo o órgão do governo norte-americano, este é o primeiro caso confirmado em aves comerciais nos Estados Unidos desde 2017. A entidade acredita que houve mutação de um outro tipo de vírus de baixa patogenicidade encontrado recentemente em aves.
O USDA reforçou ainda que o vírus não foi detectado em humanos e não há preocupação imediata com a saúde pública. Como reforço, autoridades estaduais colocaram em quarentena as instalações afetadas e aves foram despovoadas para impedir a propagação da doença. A expectativa é que o país notifique a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), bem como a parceiros comerciais internacionais.
Análise
Para a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), diante de casos de influenza como o dos Estados Unidos e também na Europa e Ásia, o recomendado é que o Brasil aumente os cuidados nos plantéis.
“Apesar de vivermos uma pandemia do Covid-19, as doenças animais estão no mundo, como a PSA [peste suína africana] na Ásia e a influenza nos EUA, nosso maior concorrente”, diz o diretor-executivo da associação, Ricardo Santin.
Para ele, o fato demonstra que há oportunidades de mercado se os produtores brasileiros não descuidarem da sanidade. “Quando você tem um concorrente que começa a passar dificuldades, isso pode gerar mais busca pelo produto do Brasil desde que tenhamos fortes e rígidos cuidados com a sanidade animal”, explica.
O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e diretor do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, também analisa que há possibilidade de novas oportunidades no mercado internacional, tanto conquistando clientes que atualmente são dos EUA como atendendo países da Europa que também sofrem com a gripe aviária.
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Já o coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, Ariel Mendes, avalia que o aparecimento da doença nos Estados Unidos impactar as importações do Brasil, que compra material genético e matrizes. A expectativa dele é que o Ministério da Agricultura passe a exigir cuidados extras na importação dos produtos, sem fechar o mercado neste momento.
Ele projeta ainda que caso a doença aumente, a produção norte-americana sofrerá consideravelmente. “Se essa doença de alastrar, será um desastre para a avicultura americana, à exemplo do que ocorreu em 2015/2016”, pondera.
Até o fechamento da reportagem, o Ministério da Agricultura brasileiro não havia se posicionado.
Fonte: Canal Rural