O Brasil tem como desafio manter o foco das negociações na questão tarifária envolvendo a entrada da carne bovina no mercado norte-americano.
Segundo maior comprador mundial de carne bovina – atrás apenas da China – os Estados Unidos podem fechar, em 2023, um novo acordo comercial com os exportadores brasileiros, uma vez que, pelas estimativas atuais, a produção da proteína no gigante da América do Norte pode sofrer redução de 3,5% no próximo ano, em comparação com o resultado estimado para este ano de 2022.
Especialistas do Rabobank mencionaram essa expectativa, em estudo divulgado na quarta-feira (9/11), intitulado: “Perspectivas para o Agronegócio (brasileiro) em 2023”. Conforme o estudo, o Brasil tem como desafio manter o foco das negociações na questão tarifária envolvendo a entrada da carne bovina no mercado norte-americano.
Ao contrário de possuir uma cota específica de exportação, o maior país da América do Sul entrou em uma categoria na qual disputa o mercado com outros concorrentes. A cota total desse grupo é de 64,8 mil toneladas por ano. Em 2022, o Brasil preencheu rapidamente o volume permitido pela cota – foi totalmente atingida ainda no final do primeiro trimestre. Desta forma, os volumes embarcados pelos frigoríficos brasileiros ao mercado dos EUA caíram de 18 mil toneladas/mês para apenas 7,5 mil toneladas nos meses seguintes do ano.
As exportações brasileiras de carne bovina, ao baterem o máximo permitido pela cota estabelecida pelas autoridades norte-americanas, recebem uma tarifa de 24,6%, o que reduz a competividade do produto brasileiro.
Ventos contrários
Em 2022, as exportações de carne bovina dos EUA cresceram em relação aos níveis recordes de 2021. Entre janeiro e setembro deste ano, os embarques totais da proteína aumentaram 4,6% em relação ao resultado do mesmo período do ano passado, conforme informa um estudo divulgado pela Universidade Estadual de Oklahoma.
Entretanto, em setembro em relação ao mesmo mês do anterior, os dados mais recentes das vendas externas de carne bovina norte-americana mostram redução de 5,7% – segunda queda mensal nas exportações de carne bovina em 30 meses.
O informativo acrescenta que: “a combinação de fraqueza macroeconômica em todo o mundo e esforços dos EUA para combater a inflação com taxas de juros mais altas resultaram no fortalecimento do dólar americano em relação a muitas moedas”.
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É válido ressaltar que – pelos dados de setembro/22 – os embarques norte-americanos diminuíram para Japão (queda de 7,5%), Coréia do Sul (menos 10%), China/Hong Kong (baixa de 3,6%), Canadá (-10,7%) e Taiwan (-26,2%). “Dos seis principais mercados de exportação de carne bovina, apenas o México teve alta (de 5,2%) em setembro/22”, relata a universidade.
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