EUA dão aval para carne de bovinos com edição gênica

A FDA também já avaliou como de baixo risco a edição genômica de outros animais, mas até agora a avaliação não implicava produção para alimentação.

A agência americana Food and Drug Administration (FDA) avaliou nesta semana que a carne produzida a partir do abate de dois bovinos que passaram por uma técnica de edição genética não levanta preocupações de segurança para a saúde humana nem para o meio ambiente. Diferentemente da transgenia, a edição genética não introduz em um ser vivo um gene de outras espécies, mas manipula genes da própria espécie. 

A alteração genômica intencional (IGA, na sigla em inglês) avaliada pela FDA, realizada com o uso da técnica do CRISPR, faz os animais desenvolverem uma pelagem extremamente curta – característica que alguns bovinos já têm por alterações genéticas naturais. Essa característica reduz o sofrimento animal sob temperaturas elevadas e pode melhorar sua produtividade. Essa é a primeira avaliação de baixo risco que o órgão determina para edições genômicas em animais com fins alimentares. 

A FDA também já avaliou como de baixo risco a edição genômica de outros animais, mas até agora a avaliação não implicava produção para alimentação. Já foram aprovadas aplicações de IGAs em cabras, galinhas, salmões, ratos e, mais recentemente, em uma linhagem de porcos. 

Perfil genético 

A agência americana entendeu que o perfil genético dos bovinos que foram modificados é igual aos de animais que já têm essa alteração desde o nascimento – e que, portanto, a carne dos animais testados também é a mesma carne dos animais que já têm tal alteração. Com a aplicação do CRISPR, a alteração genética intencional é transmitida aos descendentes dos animais editados geneticamente. 

O teste foi realizado pela Acceligen, startup fundada em 2014 pela companhia de engenharia genética Recombinetics. A Acceligen recebeu, em 2020, US$ 3,68 milhões da Fundação Bill & Melinda Gates para desenvolver bovinos editados geneticamente com características mais favoráveis voltados a pequenos produtores de leite na região da África subsaariana. 

Segundo a FDA, o desenvolvedor da técnica pretende utilizar os produtos dos animais testados em breve com alguns clientes selecionados no mundo, e lançará a carne dos bovinos editados geneticamente em até dois anos.

Fonte: Valor Econômico

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