Estudo revela papel benéfico dos morcegos na agricultura

Os morcegos poupam o bolso de produtores ao devorarem lagartas e outros insetos que atacam os cultivos. Animais ainda são vistos com temor, agredidos e mortos na cidade e no campo.

Estudo de pesquisadores brasileiros da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Tecnológico Vale, dizem que mesmo vivendo em áreas urbanas, os morcegos que se alimentam de insetos podem beneficiar a agricultura. Segundo estimativa dos pesquisadores, por reduzirem a população de pragas agrícolas, eles podem poupar US$ 3,19 milhões, ou quase R$ 18 milhões por safra de milho no Brasil

O grupo coletou o DNA das fezes de morcegos de cinco colônias de Brasília e outras duas cidades e identificou 83 grupos de insetos que lhes serviam de alimento, parte deles é de pragas agrícolas, o que indica que os morcegos saem das cidades para se alimentar. Usando dados sobre a alimentação desses mamíferos e da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), que ataca o milho, os pesquisadores calcularam o valor do serviço ecossistêmico prestado pelos morcegos.

Os morcegos fazem o turno da noite polinizando as plantações. Eles espalham sementes que cultivam nossos alimentos e fibras. Como bônus, os morcegos são os únicos polinizadores do agave, que é um ingrediente-chave da tequila.

Das mais de 180 tipos desses mamíferos no Brasil, apenas três dessas espécies são as únicas no mundo que se alimentam de sangue, sobretudo de aves, cavalos, porcos e bois. Espécies de morcegos insetívoros indicam saúde ecológica. Eles são sensíveis às práticas de uso da terra, incluindo o uso de pesticidas e outros produtos químicos que podem afetar as espécies de presas. Os excrementos de morcegos também são um bom fertilizante para plantas, uma vez compostados, e apoiam outros animais selvagens.

Quase 70% das espécies de morcegos se alimentam de insetos noturnos. Há também morcegos carnívoros que comem roedores nocivos. Ao comer pragas, os morcegos economizam aos produtores mais de US$ 1 bilhão por ano em danos às plantações e custos com pesticidas.

Apesar dos benefícios econômicos e sociais, populações de morcegos encolhem por ações humanas. Um total de 210 (15%) das cerca de 1.400 espécies globais podem ser extintas pelo crescimento das cidades, ataques e caça, destruição de cavernas e outros locais onde vivem, desmatamento e envenenamento por agrotóxicos.

Aversão e fobias ainda levam muitas pessoas a agredir e matar morcegos, ainda mais associados a cenários insalubres ou de terror e à transmissão de doenças, como a raiva e a histoplasmose (uma infecção), do que aos serviços que prestam. 

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