Estudo mostra eficácia de vários tipos de carrapaticida

Estudo registra os danos causados pelo carrapato dos bovinos em uma fazenda no interior de São Paulo, tipos de carrapaticida são testados.

O parasitismo do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus e as doenças por ele transmitidas aos bovinos causam grandes injúrias aos animais, além de perdas econômicas. A situação é crítica e cada vez mais preocupante. Confira os resultados obtidos em testes usando vários carrapaticidas que estão no mercado, estudo é do Instituto Biológico de São Paulo.

Apesar da existência de métodos alternativos, como o uso de raças de gado resistentes, controle biológico, pesquisas de produtos naturais e vacinas, o controle do carrapato continua sendo realizado com carrapaticidas.

Os carrapaticidas usados atualmente pertencem aos seguintes grupos químicos e associações entre si: organofosforados, piretroides, lactonas macrocíclicas, fluazuron, fenilpirazóis e formamidina, e todos apresentam relatos de resistência.

Um número considerável de instituições de pesquisas e universidades localizadas nos diversos estados do Brasil oferece o diagnóstico de avaliação de eficácia de carrapaticidas comerciais (biocarrapaticidograma). Porém, essa ferramenta é pouco conhecida pelos produtores, e mesmo entre aqueles que a conhecem, a utilização é pequena. O Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico de São Paulo, que realiza o teste de biocarrapaticidograma desde a década de noventa, nos últimos quatro anos realizou apenas treze testes.

Neste ano de 2018, chegou para análise neste Laboratório uma amostra de carrapatos proveniente de uma fazenda de pequeno porte, localizada no município de São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. O dono da propriedade procurou os técnicos do Laboratório, relatando o estado gravíssimo de infestação de carrapatos, inclusive com a morte de alguns animais, havendo vários casos de Tristeza Parasitária em bezerros. Segundo a informação do técnico que visitou a propriedade, a infestação era tão alta que até mesmo no solo encontrava-se um grande número de carrapatos e muitas garças vaqueiras passam o dia se alimentando desses carrapatos.

No formulário de solicitação de exame, o produtor relatou que no ano de 2017 foi usado o produto à base de amitraz. Informou, também, que vem utilizando Neguvon, ivermectina, fiprinil e, no último tratamento, realizado em julho, por quatro semanas, pulverizou os animais com associação de cipermetrina + citronela e clorpirifós.

O resultado teste do biocarrapaticidograma apresentou os seguintes resultados

ProdutoEficácia
Deltametrina 25g por 1L18%
Amitraz 12,5g por 100 ml64%
Cipermetrina 15g + Clorpirifós 25g + Citronela 1g por 100 ml83%
Cipermetrina 15g +  Clorpirifós 30g +  Fenthion 15g por 100 ml100%
Cipermetrina 7,50g + Clorpirifós + 12,50g + Butóxido de piperonila 30g por 100 ml93%
Diclorvós 60g + Clorpirifós 20g por 100 ml)92%
Dimetil 2,2 Diclorovinil Fosfato 60g + Clorfenvinfos 15mL + Alquilaril Sulfonato de Cálcio 20g80%
Cipermetrina 15g por 100 ml33%
Cipermetrina 5g + Diclorvós 60g por 100 ml64%

Tabela 1. Porcentagem de eficácia de carrapaticidas em amostras de carrapatos provenientes de uma fazenda localizada no município de São João da Boa Vista, SP.

Os produtos com eficácia acima de 90% dentre os testados, foram as seguintes associações: diclorvos + clorpirifós; cipermetrina + clorpirifós + DDVP e cipermetrina + clorpirifós + citronela.

O quadro desta propriedade revela a gravidade dos danos que o carrapato R. microplus pode vir a causar diante de uma inadequada atuação no seu controle, que pode estar relacionada à incorreta escolha do produto carrapaticida, preparação da calda e aplicação. Soma-se a isso o estado nutricional dos bovinos e o tipo de manejo de pastagem adotado.

Visto que já existem muitos materiais didáticos produzidos por especialistas, direcionados aos produtores, há necessidade de se mapear os entraves que impedem a difusão dessas informações, de forma ampla, com a finalidade de saná-los, possibilitando que haja a assimilação por parte dos produtores e que estes tenham reais condições de implementar todas as medidas necessárias para o controle.

Via IB, autores: Fernanda Calvo Duart, Bruna Pedroza Furlan, Leonardo Costa Fiorini, Paulo Henrique Selbmann Sampaio

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