Estratégias para proteger as lavouras de ataques de animais selvagens

Além dos mais comuns que podem causar danos às lavouras e aos rebanhos, os produtores enfrentam uma nova ameaça: os javaporcos.

Os ataques de animais selvagens sempre foram uma grande fonte de preocupação nas propriedades rurais. Além das aves, onças, tatus e capivaras, que podem causar danos significativos às lavouras e aos rebanhos, os produtores agora enfrentam uma nova ameaça: os javaporcos, uma espécie exótica que se proliferou descontroladamente nas principais regiões agrícolas.

Os javaporcos são resultado do cruzamento entre porcos domésticos e javalis selvagens de origem europeia e asiática, que escaparam de cativeiros no Uruguai durante os anos 1990. Sem predadores naturais na América do Sul, esses animais se reproduziram rapidamente e adquiriram características de ambas as espécies.

Com uma dieta onívora, os javaporcos podem atingir até 300 kg e têm como principais alvos as lavouras de milho, mandioca, amendoim e soja. Além de causarem danos ambientais, esses animais podem transmitir doenças para os rebanhos de gado, ovinos, caprinos e outros suínos, além de representarem um risco para a segurança das pessoas na fazenda.

Por que os javaporcos invadem as lavouras?

Os javalis chegaram ao Brasil provavelmente após a seca no Rio Jaguarão, que separa o País do Uruguai. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os javaporcos são altamente adaptáveis e têm capacidade de deslocamento em busca de novos territórios. Eles tendem a invadir lavouras quando a oferta de alimentos em seu habitat natural é limitada, o que geralmente ocorre durante períodos de seca, quando os recursos naturais escasseiam.

A presença de áreas de mata próxima aumenta a probabilidade de invasão em lavouras vizinhas, especialmente durante a época de reprodução, quando procuram locais adequados para criar suas crias. As fêmeas dão à luz várias vezes ao longo do ano, intensificando a pressão sobre as plantações.

Os javaporcos se interessam principalmente por raízes, tubérculos e frutos em fase de crescimento ou maduros. Quando as lavouras atingem o ponto de maturação e estão prontas para a colheita, tornam-se alvos atrativos para esses animais devido à abundância de alimentos disponíveis.

Como evitar os ataques?

Após a captura em armadilhas, os javaporcos são abatidos para controlar a população do animal. (Fonte: IAT/Paraná/Reprodução)

Devido ao fato de serem espécies exóticas no Brasil, o manejo para controlar javalis e javaporcos é regulado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, é crucial seguir as diretrizes do órgão e obter autorização prévia para certas atividades de prevenção.

Para proteger as lavouras, é fundamental implementar medidas preventivas que estabeleçam barreiras físicas e comportamentais para afastar esses animais. Abaixo estão algumas estratégias recomendadas:

  • Cercamento adequado: Uma das estratégias mais eficazes para evitar que os javaporcos invadam as lavouras é instalar cercas sólidas e robustas ao redor das áreas cultivadas. Essas cercas devem ser altas o suficiente para impedir que os animais as pulem ou cavem por baixo.
  • Cercas elétricas: As cercas elétricas podem ser uma opção adicional ou complementar ao cercamento convencional. Elas emitem um choque elétrico leve ao serem tocadas, o que pode dissuadir os javaporcos e outros animais selvagens de se aproximarem das lavouras.
  • Cães: O uso de cães pastores, especialmente raças conhecidas por proteger rebanhos e áreas agrícolas, pode ser útil para afastar os javaporcos e prevenir ataques às plantações.
  • Armadilhas específicas: Em algumas situações, o uso de armadilhas projetadas para capturar javaporcos pode ser considerado. Essas armadilhas devem ser posicionadas estrategicamente em áreas de passagem frequente dos animais, garantindo que não causem ferimentos ou morte.
  • Controle populacional autorizado: O abate dos javaporcos é permitido pelo Ibama, inclusive com o uso de armas de fogo. No entanto, é necessário obter autorização prévia do órgão ambiental, além de registrar e portar as armas de acordo com as regulamentações do Exército.
  • Monitoramento e detecção: A utilização de câmeras de monitoramento para identificar a presença de javaporcos nas proximidades das lavouras pode ser uma medida preventiva eficaz, permitindo tomar ações proativas com antecedência.
  • Medidas sonoras e visuais: Dispositivos sonoros ou visuais, como fogos de artifício, espantalhos e até mesmo aeronaves, podem ser empregados para assustar os javaporcos e evitar que se aproximem das plantações.

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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