As perdas na produção devem ter um efeito cascata sobre a economia local, com reflexos também sobre os setores industrial e de serviços
A estiagem registrada a partir do fim do ano passado em parte do Centro-Sul já causou prejuízos de mais de R$ 70 bilhões no país, segundo estimativas divulgadas nos últimos dias por entidades e órgãos governamentais dos Estados mais afetados.
O quadro é particularmente preocupante porque o governo federal ainda não apresentou soluções para socorrer as unidades da federação que sofreram com o clima adverso nesta safra – a lista inclui Minas Gerais, Bahia e Tocantins, onde o problema foi o excesso de chuvas.
No Rio Grande do Sul, os prejuízos do campo com a estiagem devem alcançar R$ 31,7 bilhões, de acordo com os cálculos da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). As perdas na produção devem ter um efeito cascata sobre a economia local, com reflexos também sobre os setores industrial e de serviços e sobre a arrecadação tributária. Ao todo, segundo a Farsul, a seca deve tirar R$ 115,7 bilhões da economia do Estado, o que, caso se confirme, representará um encolhimento de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) local.
Na última semana, o Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná cortou mais uma vez sua previsão para a safra de soja no Estado, que deverá ser a menor em dez anos em virtude da seca. Com a nova revisão, o órgão passou a prever colheita de 11,6 milhões de toneladas, e não mais de 12,8 milhões. A preços atuais, a estiagem pode causar prejuízos que ficarão entre R$ 30 bilhões e R$ 33 bilhões.
O cálculo das perdas financeiras considera apenas a quebra nas lavouras de soja, mas o Estado também registra perdas consideráveis nas lavouras de milho primeira safra e feijão. Somadas outras culturas, a produção de grãos na safra de verão paranaense deverá ser de 14,7 milhões de toneladas, volume 42% menor do que o esperado no início do ciclo.
Nas lavouras de Santa Catarina, a estiagem causou perdas de R$ 3,7 bilhões até o momento, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri/Cepa). Milho (grão e silagem), soja e feijão foram as culturas mais afetadas até o mês passado. Já em Mato Grosso do Sul, que ainda não revisou suas projeções, a estimativa mais recente era de prejuízos de até R$ 3 bilhões.
Somadas, as previsões feitas individualmente pelos Estados são similares às divulgadas na última semana pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que calcula que a perda de renda dos agricultores será superior a R$ 70 bilhões. Segundo a entidade, em comparação com as projeções de dezembro, o país deixará de colher 24 milhões de toneladas de produtos como soja, milho, arroz e feijão.
Fonte: MilkPoint